quarta-feira, outubro 13, 2010

Dois poemas de Lorena Barreto

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Realidade

Tive um sonho acordada
sonhei que passeava pela vida sentada no cotidiano.
Passeando em uma sauna ambulante
Vi um vento esbranquiçado
a sair pela ignorância e insensatez
de um velho homem
Percebi que junto daquele vento
ia se esvaindo a vida
Não disseram que não se pode ver o vento?
Pois errados estão...
Ele tem cor de gasolina.

Nossa! Como as árvores são bonitas!
São feitas de vidro de todo jeito
Estão carregadas de frutos de papel, plástico, cimento...
feitos das melhores lajotas
e as árvores mais novas tem o tronco de granito.
Aproximei-me de uma, provei de seu fruto
tinha gosto de rotina.

As pessoas eram muito esquisitas
eram de concreto, mármore ou vidro
Algumas de vidro, estilhaçadas.

Reparei, então parei de olhar
ao redor
comecei a ver como eu era
descobri que era de concreto
Ah,que tristeza queria ter sentido, mas concreto que é concreto não chora.

Uma cena me chamou a atenção
era um concreto gente caído no chão
rachado e arranhado pelo desespero
De repente apareceu uma pessoa de carne e osso
ela fazia parte de um Reino
estendeu as mãos e o levantou
o esforço foi grande...
As duas começaram a conversar
do concreto escorriam as primeiras lágrimas de uma vida toda
então, o que era concreto tornou-se de carne e osso.
Agora gargalhava, sorria, cantava melodias para alguém que eles chamam de
Deus

Também queria sentir
Então perguntei ao que se tornara de carne e osso
O que tinha acontecido
Ele me disse: "Porque não existe pedra que não possa ser quebrada pelo martelo de Deus, a Palavra".
Então pela primeira vez na vida conheci o que era amor.



O silenciar de um inocente

Era para ter sido como uma noite qualquer.
Um descanso ao trabalhador, depois de um dia de árduo labor.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis tiros quebraram
a rotina do guerreiro juvenil.
Quem foi? Quais foram os motivos? Por quê?
Alguns sabiam, mas calados foram pelo medo.
Na vida, o pobre leiteiro, lutava por um digno viver.
Agora, o seu lar será a sepultura.
Foram-se os poemas interminados, os projetos não acabados,
os dons, suas virtudes vão para a cova.
Não perguntaram a ele, por seus sonhos, seus planos?
Não! Cercaram-no como lobos que cercam a presa.
Retiraram-lhe o que mais ele tinha de precioso: o fôlego de vida.
Sangrou a rosa do Alto Boqueirão.

Visite o blog da autora: http://porummundodeletras.blogspot.com/

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