Páginas

domingo, dezembro 30, 2012

Retrospectiva 2012


Retrospectiva 2012

Chegamos ao fim de mais um ano, e pela primeira vez, resolvi fazer uma breve retrospectiva das atividades e conquistas do ano que finda.

Bem, já em janeiro inaugurei o blog Mar Ocidental, destinado à divulgação de poesia (com ênfase na grande poesia secular, mas também com amplo espaço para a poesia cristã/evangélica). E ainda prosa, ensaio, crônica e filosofia. Nestes quase um ano de atividades, foram muitos os grandes nomes da Literatura mundial ali publicados, além de textos próprios e dos colaboradores Rui Miguel Duarte e J.T. Parreira.

No mesmo mês de janeiro, publiquei meu livro CONTÉM: ARMAS PESADAS, um livro experimental, onde, tendo por pano de fundo uma história épica/noir/rocambolesca envolvendo um cientista evangélico e uma assassina internacional, e um plano para eliminar as plantações de coca, através de uma cultivar transgênica da planta (espécie de cavalo de Tróia), pude realizar amplas experiências de hipertexto e hiperliteratura, e ainda experiências com a ampliação do conceito de Livro, ao inserir dois capítulos do livro de forma exterior ao mesmo, só sendo acessíveis através da localização de links no corpo do livro, que remetiam a questões a serem respondidas e eventual acesso aos capítulos 'secretos', num blog criado especialmente para isso.

Em fevereiro concedi uma entrevista para o Selmo Vasconcellos, grande escritor e ativista cultural de Rondônia, e que tem feito um magnífico trabalho de promoção da literatura e das artes através de seu ativismo online, e de sua coluna no Jornal Alto Madeira, de Porto Velho - RO.

No mesmo fevereiro, editei e publiquei o pequenino e-book LIBERDADE PARA OS PÁSSAROS: 10 poemas contra o comércio e o encarceramento de pássaros, com textos do querido poeta Antônio Costta, e algumas ilustrações que fiz para a obra. O trabalho ficou muito bonito, e no site Scribd já conta com mais de 7.000 leituras.

Em maio, editei e publiquei o excelente livro Falando Entre Vós Com Salmos, do nosso poeta maior, J.T.Parreira. São 25 poemas, que cobrem os cânticos davídicos, dentro de um projeto maior do poeta, que visa transcriar poeticamente todos os 150 salmos bíblicos.

No mesmo mês, publicamos outro excelente livro com a poesia de J.T.Parreira, Quando eu era menino lia o Salmo oitavo, onde, em 29 poemas, o vate português dá provas de seu dom de ampliar, ou melhor dito, alar as palavras, trabalhando os temas bíblicos, reafirmando poeticamente sua transcendência divina, ao re-capturar e re-vestir o que eu chamaria de seu élan (ímpeto, vigor) devocional.

Em julho, publiquei aquele que acredito ser meu melhor livro autoral até aqui, Poemas da Guerra de Inverno. Metade do livro é dedicada a poemas inspirados na Segunda Guerra Mundial. A outra metade é inspirada em diversas guerras e situações de conflito ao redor da história.

Ainda em julho, tive o prazer de editar o livro do poeta lusitano Rui Miguel Duarte, Extensão dos Lábios. A riqueza imagética e reflexiva da poesia de Rui, sua habilidade de transitar com leveza das temáticas cristãs às clássicas, passando pela poesia do cotidiano, somadas ao seu perfeito domínio das linguagens vernacular e poiética, estão regiamente representadas nas 67 páginas deste excelente livro.

Em agosto, publiquei a Breve Antologia da Poesia Cristã Universal, meu principal trabalho como antologista até aqui, e creio que minha maior contribuição à nossa bibliografia. As 235 páginas deste livro congregam textos de 110 autores, nomes capitais de suas literaturas nacionais. Pode-se dizer, grosso modo, que este livro inicia-se em Aurélio Prudêncio, primeiro grande poeta da cristandade, indo até Ernesto Cardenal, talvez o mais importante poeta vivo da Latinoamérica. Os textos avançam desde os primórdios da poesia cristã latina, passando por versos de pais da igreja, das três maiores epopeias cristãs (A Divina Comédia, a Jerusalém Libertada e o Paraíso Perdido), e indo a períodos em que a poesia do cristianismo atingiu alguns de seus ápices, como por exemplo durante o Siglo de Oro espanhol, com os metafísicos ingleses, e na poesia cristã francesa do século XX.

Em dezembro, publiquei o livro A Poesia do Natal - Antologia de poemas natalinos. Nas 213 páginas desta antologia, busquei reunir o melhor do que nossos poetas escreveram sobre o Natal de Cristo, dando amplo destaque ao resgate de muitos de nossos antigos vates. E claro, muita poesia de nomes consagrados como Mário Barreto França, Myrtes Mathias, Gióia Júnior, Stela Câmara Dubois, Joanyr de Oliveira e muitos outros.

Por fim, agora em fins de dezembro, tive a honra de receber a distinção de Blogueiro do Ano de 2012, conferida pela Academia de Blogueiros Evangélicos e a Associação de Blogueiros Cristãos, que têm à frente o nosso querido João Cruzué.

Tenho ainda (ou já) 34 anos, mas creio que, literariamente, não haverá em minha vida ano como 2012, pois foi um ano excepcional, pela quantidade e qualidade dos livros dados ao mundo, seja como autor, antologista ou editor. 

Outra iniciativa a que me dedico, as bibliotecas virtuais de recursos gratuitos, continua a todo vapor: a Biblioteca Virtual Letras Santas, no site 4Shared, recebeu muitos aportes durante este ano, e já conta com exatos 834 itens, no momento em que escrevo este texto. No site Scribd, criei também este ano duas bibliotecas virtuais: A Biblioteca Missionária Veredas, totalmente especializada em missões/evangezação, atualmente com 64 itens para leitura online ou download, entre livros, estudos, apostilas e diversos modelos de folhetos evangelísticos, prontos para serem impressos e distribuídos!
No mesmo site, criamos a Biblioteca Tráfico Humano, onde reunimos documentos e materiais sobre o tema do tráfico de pessoas, em três línguas: português, inglês e espanhol. Embora recente,  já é a maior pasta no Scribd sobre o tema, contando também com 64 itens até aqui.

Claro, mantive firme o trabalho nos demais blogs, notadamente nos blogs missionários Veredas Missionárias e Equattoria. Além dos blogs, a página do Veredas no Facebook tem sido uma rica fonte de informação missionária, onde repercuto diariamente bastante informação. 

Missões e Literatura/Poesia são os dois principais focos de minha atuação enquanto blogueiro, ou melhor, enquanto curador do conhecimento, pois é isso que faço, uma curadoria, encontrando, selecionando, moldando, filtrando e redistribuindo informação, através de mais de 12 blogs, redes sociais, bibliotecas virtuais e e-mail. 

Poderia ser um autor de um único blog, compartilhando apenas meus textos e opiniões, mas prefiro fazer o que faço, eu amo isso, meu amor de infância por enciclopédias e pelo Conhecimento, era já Deus me moldando para fazer o que faço, e encaro tudo isso como um verdadeiro e pleno ministério. 

Ao Senhor seja dada toda a glória, pois Ele tem sempre me direcionado, animado, suprido e capacitado para o trabalho.

Para 2013 tenho alguns projetos em mente, mas confesso que há um certo cansaço mental instalado. Mas já passei por isso, e no tempo certo Deus dá o start e eu vou avante.

Se você tem sido auxiliado, se tem apreciado de alguma maneira meu humilde trabalho, rogo por suas orações, por direção, capacitação e ânimo para continuar militando. E conte sempre comigo no que eu puder lhe ajudar.

Que o Senhor lhes abençoe e guarde em Cristo Jesus!

Seu conservo,

Sammis Reachers

quinta-feira, dezembro 27, 2012

Ano Novo, poema do Pr. Assis Cabral



Ano Novo

Mais um ano se foi... Já pertence ao passado.
Tudo ficou pra trás: tristezas e alegrias
Meses, semanas, tempo, as horas fugidias
Correram tão veloz... Mais um ano acabado.

Viu-se um fato. Outro fato, um plano realizado.
Gente nasceu, morreu... Verão e noites frias.
Negócios, construções, música, melodias,
Assaltos, marginais... E o mundo conturbado.

O ano novo vem surgindo em nossa história.
Que trará para nós? Felicidade? Glória?
Trabalho, paz, amor? Reveses, sofrimento?

Que venha o que estiver oculto nos mistérios
Mais profundos dos céus. Nos transes duros, sérios,
Estejamos com Deus de momento a momento.

in O Jornal Batista

quarta-feira, dezembro 26, 2012

Canção atômica do Natal tardio



Canção atômica do Natal tardio

Sammis Reachers

Há um Natal suspenso
nos gatilhos e bolsas de valores do planeta,
na dependência de o assassino
disparar ou não

Espírito Santo
esparja a canção
pela paz
deflagre a epidemia
de armistícios

Há um Natal envenenado
na química porca & barata
de uma pedra de crack

Mas Senhor, Espírito Santo
espalhe a paz pela canção
dissolva os contratos de escravidão
esculpidos em pedra

Há um Natal latente
na mente de um embriagado
que Hoje cisma: Hoje deixarei
esta bebida e aquela prostituta
e voltarei para casa
e se a porta não se abrir,
sequer neste vasto dia
que é Hoje, deitarei
na serventia como um cão,
como um Bartimeu que brada
até cegar-me mudo de gritar

Espírito Santo,
cante a canção que rompa
que abra que despedace grilhões
e grileiros de corações
com a sua (ir)radiação

cante a canção que cumpra
as canções de Isaías e Davi
e de cada qual dos quais
o mundo não era digno

Espírito artefato Santo nuclear
expluda a estrela
no lugar exato,
o miolo da treva,
para rasgar de nós
o silêncio-nossos-mantos

contempla-nos, cá no pó
beduínos dispersos no deserto
entoe a canção atonal & auroral
da estrela-que-anda
e faz todos os descaminhos da Terra,
com nossas torrentes de pranto
convergirem até o oceano-Ele

segunda-feira, dezembro 24, 2012

Dois poemas de Natal do Pastor José Britto Barros



SE EU PUDESSE FAZER O NATAL...


O VERBO SE FEZ CARNE, E HABITOU ENTRE NÓS,

E VIMOS A SUA GLÓRIA, COMO A GLÓRIA DO

UNIGÊNITO DO PAI, CHEIO DE GRAÇA  

E DE VERDADE. (João 1.14) 



Ah! Se eu pudesse hoje fazer o Natal!

Iria então mudar o que dele os homens fizeram...

Sim, porque o Natal  que hoje é festejado

Nada tem do que por Deus ao mundo foi mostrado.



Natal é dom de Deus que mandou Jesus Cristo

A ser o Salvador como estava previsto!

E veio o prometido, o divino Senhor

Para ser dos mortais o eterno Salvador!



Não havia comércio a ninguém explorando,

Nem gritos infernais o ouvido perturbando.

Houve os anjos nos céus cantando melodias,

E outro anjo trazendo novas de alegrias...



Houve estrela de brilho, o esplendente fulgor

Os Magos conduzindo aos domínios do Amor!

Pastores foram ver o Cristo ora nascido

E os Magos foram dar-lhe o que haviam trazido...



Mas hoje o que nós temos é grito, é propaganda,

É barulho demais vibrando em toda banda...



Se eu pudesse fazer o Natal novamente

Seria algo melhor: a expressão d’alma crente.



Eu sei que isso seria algo muito, muito pobre,

Mas sei também seria algo sério e mui nobre!

Iria  recolher das belezas do astral

Mil rastilhos de prata e fazer meu Natal.



Iria  transcrever  mil  sons  das  cataratas

E  assim  executar  as  minhas  serenatas,

Serenatas a fim de  amostrar meu afeto

Ao Cristo que desceu do céu para o meu teto.



Iria copiar dos três Magos as suas atitudes

E ao Cristo oferecer riquezas das virtudes!



Iria acompanhar pastores de Belém

E ver na manjedoura Cristo, o Sumo Bem!



Nada de ter presépios, vaquinhas de brinquedo

Paradas sem dar leite e até causando medo...

Teria  eu  de  usar  jumentos  no  serviço

De levar mantimentos a quem precisa disso...



Iria  qual  Simeão  tomar  Jesus  nos  braços

E apertá-lo com amor e num milhão de abraços

Declarar que estou pronto a partir para o além

Onde irei conviver com o Cristo de Belém!



Ah! Quem dera eu pudesse fazer outro Natal

Em que os homens cristãos se afastassem do mal!



Ah! Quem dera eu pudesse outra festa fazer

Onde o Filho de Deus honrado fosse ser!



Mas se tal não consigo apenas eu me prostro

E  contrito  ofereço  a  Deus  a  minha  prece,

Pois só Ele tal coisa de mim é que o merece.

Darei ao meu  Senhor os dias que me restam

E meus símplices versos que louvores atestam.



Recebe, ó meu Jesus, o meu canto final:

A Ti os ofereço, ó Cristo magistral !



És luz, és esplendor, és beleza infinita,

És a Graça  de Deus, essa Graça bendita!



És tudo que precisa este mundo global,

És o Deus feito homem, és Tu nosso Natal !


   João Pessoa, dezembro de 2012







FELIZ NATAL, IRMÃOS E AMIGOS


           


Feliz natal com Jesus nascido n’alma

E em teu coração sempre inspirando,

Que Ele te dê sua ternura e calma

E esteja junto a ti, te abençoando.



E que o Natal, do Amor, te oferte a palma

Para que sigas em tua vida amando,
Pois é o Amor que nesta vida incalma

Nos faz tamanha dor ir superando.



Feliz Natal desejo, irmão e amigo!

Quisera estar bem perto aí contigo

Na presença de Deus em comunhão!



Quisera te abraçar, estar mais perto,

Fazer belo jardim deste deserto

Dando-te as flores do meu coração!



    José Britto Barros – Pastor

domingo, dezembro 23, 2012

Três poemas de Elio Roldan Anderson


Não havia lugar!

Não havia lugar para ele naquela noite, em Belém
E não há lugar inda hoje em muitas vidas, também
Alguma vaga em pousada, ou talvez hospedaria?
Em Belém José procurava um bom lugar para Maria

“Estamos lotados, sentimos! Procure em outro lugar,
Talvez alguma família que os possa alojar”
José, penalizado, olhava a sua bela Maria
O único lugar que encontrara era uma estrebaria...

Recolheu-a ali, com amor, pois ele mesmo sabia
Que nasceria o filho, ainda naquele dia.
O lugar ele arrumou, limpou o melhor que podia!
Um leito de palha formou para sua amada Maria

Logo o bebê nasceu... E era um lindo menino,
Que logo adormeceu embalado por um hino
Que os anjos cantavam, nos céus, e na terra, com muita euforia
“Hoje nasceu o Salvador que consta das profecias”

Era o Senhor de tudo, mas luxo nenhum queria
E nasceu de uma virgem em uma mera estrebaria
Cresceu, e em todo o tempo um ótimo filho seria
Aprendeu a profissão em uma carpintaria

Um dia, aos doze anos, estando em Jerusalém
Conversava com os doutores, pois era um Doutor, também
Todos ali estranhavam a sua sabedoria
Quem era aquele menino? De onde será que viria?

Onde aprendera as leis e aquela aplicação?
(Ele era Mestre nas leis e o autor da Salvação!)
Adulto, homem formado, com trinta anos, então,
O Mestre foi batizado, recebendo a confirmação

João Batista, o profeta, batizava no Jordão
E, ao ver Jesus chegar inclinou-se até o chão
“Tu és maior do que eu, ou que qualquer predicado.
Tu és o Cordeiro de Deus que nos livra dos pecados!”

“Tu vens a mim... Quem sou eu para tirar os teus sapatos?
Tu és o Cordeiro de Deus Que nos livra dos pecados!”
Obedecendo, batizou-o, então ouvi-se Deus a dizer
Este é o Meu Filho amado E nele eu tenho prazer!


Ao deserto ele foi levado, em jejum, por quarenta dias
O diabo veio tentá-lo pensando que o venceria.
Jesus logo o derrotou, fê-lo sair envergonhado
Pois o prometido Messias estava bem preparado

Começou a fazer milagres, a curar, a ressuscitar
Multiplicar pães e peixes... e muita gente salvar
Durante três anos e meio entre nós ele viveu
E ao final de tudo isso, sua vida ele deu

Morreu numa cruz infame para trazer-nos perdão
E com o seu próprio sangue proporcionou salvação
Ele era a luz do mundo, que veio para salvar
Porém será como Juiz que um dia irá voltar

O Natal foi só um dia, dentro da eternidade
Porém foi a morte na cruz que nos trouxe a liberdade.
Hoje, não resista, não! quando à porta ele bater
Para te dar salvação e muito feliz te fazer.



Em Papai Noel eu não acredito!
Velhinho mentiroso está ali...
Fica pelas portas, das lojas, no comércio,
incentivando as crianças a pedir

O que pedir, Papai Noel?
Um sapato, uma bola, um carrinho?
Tantas crianças vivendo ao léu
Tanta gente vivendo sem carinho

Ela queria uma boneca, a menina,
que tivesse roupinhas para trocar
O brinquedo que ela viu, lá na vitrina,
e o seu papai nunca pode comprar

Comprar como? Tirar do salário
minguado, com o desemprego às portas?
O preço? Só se for no crediário,
e o pai já não consegue pagar as contas...

O Natal não é presente, não é o velhinho
das barbas brancas, e a roupa em tom vermelho...
É mais que isso, é Jesus que está nascendo
trazendo a vida, em lugar do desespero

Quando Ele chega, altera logo o rumo
da tua vida, faz reviver a Esperança
Leva tuas dores, o desespero, tudo,
e te faz feliz, te faz como uma criança

Deixe-o entrar, pois Ele está batendo,
Jesus está pedindo para entrar.
Abre-lhe a porta, o Natal está chegando
e Jesus, em tua casa quer cear



CRACOLÂNDIA 

(O barulho dos trovões, ao longe... 2)

O barulho dos trovões, ao longe
Acordou aquela mãe, que assustada,
Dobrou os seus joelhos, junto ao leito
E orou pelo filho amado: Onde estava?

Desde que se envolvera com o vício
Já não era meigo, amigo, orientado.
Aparecia, às vezes, lá no pátio,
Abatido, mentindo, esfomeado.

Ah, as amizades ajudaram
A levá-lo ao caminho quase sem volta...
Deixou de ser o homem de futuro
Tornou-se joão-ninguém, pedindo às portas.

Cracolândia! Será que lá estaria,
Em algum canto sujo, esparramado?
Estaria cometendo alguns crimes,
Para conseguir o dinheiro desejado?

E aqui, de joelhos, a mãe ora
Pedindo de Deus, pelo filho, “Misericórdia!
Não deixe que o pior lhe aconteça,
Não deixe que no vício ele pereça”.

Ele é tão bom, tão meigo e amado...
Está apenas perdido, dependente
De uma pedra pra fumar... Vive drogado.
Já nem sabe que ainda é jovem, que é gente.

Se tu podes... Me perdoe, eu sei que podes...
Tira-o agora, inda agora, neste instante,
Dos horrores do vício que o domina,
Livra-o das mãos dos traficantes.

Traze-o de volta à casa, ao meu seio,
Ao lar, que sem querer, abandonou.
E eu o receberei com meu carinho,
O ajudarei a vencer, com meu amor.

E quando, de novo, ouvir soar
Ao longe, o barulho do trovão.
Hinos de louvor irei cantar
Dar graças, pela tua salvação."

Você consegue calcular o desespero de uma mãe, ou esposa, que sabe que o seu amado está jogado pelas ruas?
Tenho visto com frequência viciados, inclusive do craque, se libertarem da dependência, voltarem ao convívio das famílias, ao trabalho, retomarem o interesse pela vida.
Quer saber mais a respeito?
Visite: http://esquadraovida.com.br


Visite o blog do autor: http://velhopescador.blogspot.com.br/

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Natais de Outros Tempos, poema de Josué Ebenézer



NATAIS DE OUTROS TEMPOS

Eu trago os natais
da infância
naquela igreja,
batista,
da serra friburguense
quando cantavam pardais
perto da estância
quase sertaneja
benquista
de meu coração
e o non sense
me domina
relembrando
o tempo
das cantorias,
dos corais;
“Jesus Alegria dos Homens”.
E as crianças
aguardando o momento
mágico
da distribuição das
sacolinhas de doces baratos...

Trago nas amarras
do coração
aquela árvore gigante,
pinheiro espetante,
cheia de coloridas bolas,
festões, pendentes
e presentes
espalhados pelo chão.
Decoração.
De um natal
evangélico,
angélico;
e as crianças vestidas de
anjos,
arcanjos,
asas brancas
arrastando paredes
espetando caras.
E o rei Herodes
barrigudo,
troncudo
caindo forte no
assoalho de madeira
fazendo a cena do
menino-Jesus vitorioso
sobre o Império do Mal.

Trago nas teias do tempo
o vento,
suave vento,
da recordação.
Daqueles natais de outrora
quando ainda se
ouvia declamar
poesia nos cultos.
E o culto todo era poesia,
pois tinha menininha
levantando sainha
com as pontinhas dos dedos
e cantando:
“Sou uma florzinha de Jesus”.
E tinha adulto marmanjo
roncando alto nos bancos detrás
porque a Fábrica não
liberara mais cedo
e teve que ir direto
pra Igreja depois de
acender a caldeira.
E tinha também coral cantando
bonito e homens de bigode
farto com terno e gravata
cantando grosso feito urso
e apesar de tudo,
“Tudo é paz, tudo é amor.”

E também tinha meninas
casaidoras de cabelos longos
e sorrisos largos
vestindo midis e máxis
achando-se o máximo;
mas todas com perfume Channel 3
para igualar a concorrência.

E o pastor lia os Evangelhos:
Mateus, Marcos, Lucas
e a gente via tudo acontecer
à nossa frente:
a manjedoura, Belém,
os pastores, os anjos,
Jerusalém...
E era como se nos
transportássemos
para aqueles tempos...

Natais de outrora,
quando a pressa ainda
não era o motor que movia o mundo.
E o mundo ainda
não se tinha globalizado.
E o menino Jesus
ilustrado no presépio
de manjedoura
mas sem estrebaria
fazia
com que todos nos
concentrássemos
na homilia pastoral
e cantássemos
aleluias ao Filho de Deus,
hosanas ao Rei dos Reis
e fôssemos
para nossas casas altas horas
sentindo o friozinho
de Friburgo
bater na face,
pois naquele tempo
ninguém daquela igreja
tinha carro
e por isso,
nem carona podíamos ser,
a não ser,
do cenário natalino,
pois o friozinho da noite
que despertava os ossos
nos fazia sentir iguais aos pastores
que nas altas horas da noite
guardavam os seus rebanhos
quando receberam a visitação dos anjos.
E a gente chegava em casa,
fazia a prece de fim de noite
já de pijama, pulando lépido
para os cobertores,
pois podia ser
que naquela noite
mesmo, os anjos de Deus
também nos visitassem...

segunda-feira, dezembro 17, 2012

Natal: Deus se faz Poeta! - por José Roberto Prado

Pablo Picasso - O Poeta
Poetas são artesãos da palavra. Como nas outras artes, o artista parte do desejo de expressar-se e de sua imaginação. Com o que tem às mãos – o comum, o simples – maneja com habilidade (do Latim “ars”) até transformar em algo sublime, admirável, belo.
De todas as matérias primas, a palavra é, por excelência, a mais rica e misteriosa condutora de pensamentos e sentimentos.
A capacidade humana de verbalizar, junto com a consciência, é o que nos distingue dos animais e nos torna imagem e semelhança do Criador. Foi Ele, na eternidade, que primeiro expressou-se por palavras.
A poesia é divina.
Divina, compartilhada, mas não espontânea. Não basta juntar aleatoriamente palavras numa frase. É preciso trabalhar arduamente até que as palavras sejam capazes de expressar com lógica e beleza os mais profundos sentimentos. Todo artista imprime a si mesmo em sua obra. A arte é a forma mais elevada de comunicar quem somos.
As narrativas bíblicas natalinas são poéticas. Prosa e poesia se entrelaçam intimamente para expressar o mais belo de todos os poemas divinos: o Filho que se faz gente. O Criador que literalmente entra, encarna, sua obra. O sonho louco do artista é concretizado, ou melhor, humanizado numa pequena vila da Galiléia…
Mistério. Gente, palavra, poesia sempre foram mistério.
João, o pescador-poeta, no primeiro capítulo de seu Evangelho, apresenta o Filho como verbo, Palavra, logos de Deus que se faz gente e habita entre nós (Jo 1.14). João, pastor-discípulo descreve a si mesmo como “aquele a quem Jesus amava” (13.23), vê a Deus como poeta!
Amor e poesia sempre andam juntos.
E é das mãos, lábios, mente e coração de João – poesia é coisa visceral – que recebemos o verso: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Único…” (3.16). Poesia de amante… Em Cristo, Deus demonstra a intensidade de seu amor escandaloso por nós.
Cristo é poema de Deus. Em outras palavras, Deus imprimiu a si mesmo em Cristo.
Percebemos a poesia de Deus nas narrativas natalinas de Mateus e Lucas. Elementos singelos, personagens comuns, animais, elementos típicos de uma pequena vila do interior são magistralmente moldados por Deus para escrever sua história na nossa história. Não mais uma história, mas “a” história que dá sentido a toda História.
O Filho Amado é a peça do quebra-cabeça divino que abre nossos olhos para compreender toda o Cosmo. Ele é a pedra angular que sustenta toda a catedral. A Palavra que interpreta todas as outras. Jesus, no Hebraico, significa “Deus Salvador”.
Todo poeta lança mão de recursos estéticos para comunicar sua idéia. A cadência das palavras, a rima, a seqüência das idéias. E foi assim. Nas palavras, no olhar, no caráter Deus estava expressando-se a si mesmo no Filho.
Na poesia como na música, até mesmo o silêncio comunica.
Antes do nascimento de Jesus, Deus se calou por quatrocentos anos! É como se o escritor divino, como os poetas, usasse da reclusão para sua criação. De outra perspectiva, o silêncio nos faz atentos, cria expectativas. O que fará Deus? Malaquias é o último profeta; depois dele, ninguém mais disse: “Assim diz o Senhor!” Nunca Deus havia se calado por tanto tempo… Mistério e poesia caminhando de mãos dadas na narrativa natalina.
Foi Gabriel, o mensageiro celestial, que rompe o silêncio de Deus e anuncia à jovem virgem: “Você dará à luz um filho e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande, chamado filho do Altíssimo… Ele reinará para sempre…”. Maria creu.
Fé, coragem e poesia se encontram.
Fé é a capacidade de interpretar a vida como sendo poema de Deus.
Desde o mais simples ao mais radical dos acontecimentos, como nascimento ou morte, todos, sem excessão, fazem parte da ação deliberada da pena do Artista.
Assim como o raciocínio está para a leitura, a fé está para vida.
Sem fé é impossível agradar a Deus, pois sem fé é impossível decodificar SUA mensagem: Cristo, salvador, redentor, Senhor de tudo.
Jesus nasceu!
Inclua um pouco de poesia no seu Natal.
Leia os relatos do Evangelho e ouça, por um momento, o coro celestial cantando: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede seu favor” (Lc 2.14). Olhe para o menino que nasceu em Belém com os olhos da fé e deixe que sua mente seja treinada pela esperança.
É nascido o príncipe da paz! Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo! Reconciliando você com Ele. Creia… celebre, descanse, adore.
Eu lhe desejo um Feliz Natal, com toda carga semântica e poética que estas simples palavras possam suportar.
Shalom!
Visite a página do autor: http://www.teleios.com.br