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segunda-feira, novembro 23, 2015

Dois poemas de Lindolfo Weingärtner


O bom samaritano (Lc 10.25-37)                                                         

Certo dia, um douto escriba de Jesus se aproximou;
querendo pô-lo à prova, de chofre lhe perguntou:

“Para herdar a vida eterna, ó mestre, o que devo fazer?”
respondeu Jesus: “Dize-me antes o que na lei podes ler!”

Retrucou-lhe logo o escriba: “Amarás teu Deus e Senhor
com todas as tuas forças e com todo o teu fervor.

Amá-lo-ás de toda a tua alma e de todo o teu coração,
e amarás da mesma maneira o próximo, que é teu irmão”.

Jesus disse: “Bem respondeste; faze isto e hás de viver”.
Mas desconversando, ele disse: “Quem virá meu próximo a ser?”

Disse o Mestre: “Um homem descia de Jerusalém a Jericó.
caiu nas mãos dos bandidos, que o golpearam sem dó.

Tiraram-lhe tudo o que tinha e, deixando-o prostrado, a sangrar,
fugiram com sua presa, sem com ele se importar.

Por acaso, um sacerdote passou pelo ermo lugar;
viu o homem ferido e, de medo, seus passos tratou de apressar.

Do mesmo modo, um levita, ao ver a vítima infeliz,
igualmente passou de largo, e prestar-lhe ajuda não quis.

Um samaritano, no entanto, ao ver o ferido no chão,
chegou-se ao infortunado, tomado de compaixão.

Ajoelhando ao lado dele, as feridas do homem cuidou,
e, após limpá-las com vinho, com óleo de oliva as tratou.

A seguir, sobre o seu jumento aquele infeliz colocou
e, levando-o a um albergue, com carinho dele cuidou.

Depois deixou uma soma para o hospedeiro gastar,
dizendo-lhe: cuida do homem, que na volta vou tudo ajustar.

E Jesus perguntou ao escriba: “Qual dos três, a teu ver, agiu
como próximo daquele homem que nas mãos dos bandidos caiu?”

Respondeu o escriba: “Por certo, o que dele se compadeceu”.
E disse Jesus: “Vai tu mesmo e segue o exemplo seu!”


A parábola do pai misericordioso
(ou do filho perdido: Lc 15.11-32)    
   
                                               
Na mesma ocasião Jesus disse: “Havia em certo país
um pai que tinha dois filhos, que levavam vida feliz.

Um belo dia, o mais novo de súbito disse ao pai:
Pai, dá-me a parte da herança que para meu lado cai!

O pai cumpriu-lhe o desejo. Partiu a herança em dois,
e o filho mais novo mandou-se, não muito tempo depois.

Juntando tudo o que tinha, foi para distante lugar,
passando a viver à toa, e a sua fortuna a gastar.

Depois de ter gasto o que tinha, uma fome assolou a região,
e o rapaz, sentindo o aperto, se pôs à procura de pão.

Por fim, tentou encostar-se num cidadão do lugar,
e este o mandou ao campo seu rebanho de porcos guardar.

Desejava encher a barriga com as bagas e a imunda ração
que os próprios porcos comiam, competindo com estes em vão.

Aí caiu em si mesmo e falou a seu coração:
No lar de meu pai, quanta gente tem abundância de pão!

Mas eu, aqui, morro de fome! Eu sei o que vou fazer:
Vou me embora daqui, vou direto a meu pai e vou lhe dizer:

Meu pai, eu volto sem nada, pequei contra ti e contra Deus.
Não mereço mais ser teu filho. Conta-me entre os servos teus!

Partiu no mesmo instante e foi o pai procurar.
O pai, ao vê-lo de longe, não aguentou esperar.

Correu ao encontro do filho, abraçou-o e o beijou,
e o filho criou coragem e confiante ao pai falou:

Meu pai, eu volto sem nada; pequei contra ti e contra Deus.
Não mereço mais ser teu filho... Mas o pai disse aos servos seus:

Depressa, trazei-lhe uma roupa, a melhor que podeis achar!
Botai-lhe um anel no dedo, fazei-o sandálias calçar!

Trazei o novilho cevado, matai-o e preparai
o assado para o banquete, de comida e bebida cuidai!

E começou a festança. O filho mais velho, porém,
trabalhara fora, no campo, e não o avisara ninguém.

Chegando perto da casa, som de música e dança ouviu.
Aí chamou um criado, e o motivo da festa inquiriu.

Tocado pela alegria, o homem lhe respondeu:
Teu irmão voltou para casa, e teu pai, feliz, o acolheu.

Fez matar o novilho cevado, e depois ele mesmo mandou
todo mundo cair na festa, já que salvo seu filho voltou.

Aí o filho mais velho ficou zangado a valer.
Negou-se a entrar na casa e a seu irmão receber.

O pai, vendo o que se passava, saiu, e o filho implorou,
mas este, cego de raiva, ao solícito pai retrucou:

Há tantos anos te sirvo e jamais desobedeci
uma única ordem tua; obediente, tudo cumpri.

E em todo este longo tempo tu nunca chegaste a me dar
nem um modesto cabrito para eu com a turma farrear!

Agora, ao voltar teu filho, que com prostitutas gastouteus bens, pelo mundo afora, o pai o novilho carneou!

Mas o pai respondeu: Meu filho, tu vives comigo, e o que é meu,
já que és herdeiro de tudo, por direito também é teu.

Mas como não sermos alegres e como não festejar,
quando teu irmão, meu filho, voltou, enfim, ao seu lar?

Em verdade, ele estava morto e agora a viver voltou.
Estava de todo perdido e, ao voltar, se reencontrou.

Do livro O Evangelho Segundo Lucas (Em Versos) - Ed. Sinodal, 2002.


domingo, novembro 15, 2015

Dois poemas de Nal Pontes


Coração em Tormento

Coração em tormento
íntima tortura
que inflama alma

Coração machucado
Quebrado...
Parece cansado
de tanto lutar.

Sossega coração
ainda há solução

Descansa. Desabafa
Teu pranto choroso
Então...

Segue...
 Que Cristo contigo estará.


 MEU PAIZINHO. MEU PAI ETERNO!

Senhor Meu Deus, Meu Pai, meu paizinho!
É  bom  está  aqui contigo
Deitar  em  teu  colo
Receber  teu  carinho
Ouvir  tua  voz 
Melhor  ainda  saber
Que  você  me  ama
Apesar  de  mim
Me  aceita do jeitinho que eu sou
Que  assim  como Maria Madalena
Me deixas  lavar os  teus  pés
Escolher  ficar  ao  teu  lado  e sentir-me aceita.
Expressar  minhas  queixas  como  Marta
Sem  medo  de  ser  envergonhada
Apesar de  mim, não te importas 
Tu  vens  ao  meu  encontro
Como foste ao da  mulher samaritana.   
E como  teu  amado  discípulo João
Me  deixas  deitar  em  teu  ombro.
É  bom  ficar  assim
Bem  quietinha,  ouvindo  tua  voz
Escutando  o pulsar  do  teu  coração
Pois como  disse  alguém
“O  sol expressa  o calor do  teu 
 coração por  nós” 
Me  deixas deitar em teu ombro!
Para assim bem quietinha
Ouvir a tua  voz
Através do canto dos pássaros
Da  brisa  leve  que  toca  meu  rostoDo  amanhecer  calmo  e  tranquilo
Do  anoitecer  que  faz  pintar e decorar
As nuvens no pôr do sol. 
Deixa-me dizer que te amo
Quando amar meu irmão
Quando apertar a sua mão
Quando olhar em seus olhos
Deixa-me dizer que te amo
E  que vivo só pra ti e tua vontade cumprir
Quero viver intensamente
Muito, muito mais pra te servir
Quero sentir meu coração ferver
De  desejo,  sede  e fome  por  ti
Quero te dizer ainda mais
Não  quero me comportar
Quero  mostrar  a todos
Que estou  apaixonada 
Quero me derramar
Te redescobrir
Quero ver a tua  face de novo
E  dizer: Que não vivo sem  ti 
Senhor Meu Deus, Meu Pai, meu paizinho!
Eu te amo, Senhor, força minha.

Visite os blogs da autora: http://nalpontes3.blogspot.com.br/


quarta-feira, novembro 04, 2015

Dois poemas de Gilberto Celeti


AMOR SEM MEDIDA

Eis-me aqui Senhor, com minha frágil vida,
Consciente que por ti fui escolhido,
E que foi minha salvação adquirida
Por ter Cristo, lá na cruz, por mim sofrido.
Sua morte em meu lugar, tão poderosa,
Pois do mal me libertou completamente,
Me conduz à tua presença gloriosa,
Para te louvar e amar eternamente.
E porque primeiro fui por ti amado
Em amor eterno, amplo, sem medida,
Quero andar contigo, sempre, lado a lado,
Com minha alma em te amar absorvida.
E inteiramente em ti, só confiado,
Fazer tua graça e glória conhecida.

TRAZE A MIM TEU FILHO
São os filhos, dons de Deus, tão preciosos;
Constituem-se uma rica e linda herança,
Mas nos deixam, muitas vezes, ansiosos:
“O que vai acontecer com minha criança?”
Pode vir a ser motivo de alegria
Ou então ser fonte de triste amargura;
Pode andar com o Senhor dia após dia
Tendo uma vida útil, justa e pura;
Mas também pode ficar sob a influência
Do inimigo que escraviza e faz sofrer.
Oh! Clamemos sempre a Deus com insistência
Pra que venham, cedo, a Cristo receber.
E se um filho ou filha em alguma circunstância
Deixar-nos perplexos, desesperados,
Que depressa sem nenhuma relutância
O entreguemos a Jesus a aos seus cuidados.
Certo pai estava desesperançado
Pois sofria o seu filho horrivelmente.
O maligno o mantinha acorrentado
E o pai sentia-se tão impotente.
Mas ouviu de Cristo a ordem muito clara:
“Traze a mim teu filho, traze-o mesmo agora!”
E o pai, obediente, tudo para,
E a Cristo entrega o filho, sem demora.
Foi então que viu, de forma surpreendente,
O agir de Deus no filho, tão glorioso,
E o seu filho livre, tão completamente,
Que encheu seu coração de eterno gozo.
“Trazei-me aqui o menino”. (Mateus 17:17)
“Trazei-mo”. (Marcos 9:19)
“Traze o teu filho”. (Lucas 9:41)
Leia mais poemas do autor: https://gilbertoceleti.wordpress.com/