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terça-feira, outubro 31, 2017

Três poemas de Orlando Arraz Maz


O JOVEM RICO

Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente;
Quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito
Com os seus rendimentos.
Isso também não faz sentido. Ec 5:10

Um dia um jovem rico procurou Jesus
Chamando-lhe bom mestre, forma amiga e terna.
E perguntou àquele que é Deus e é luz
Que farei, então, para herdar a vida eterna?

E Jesus, com sua voz mansa, compreensiva,
Chegando bem pertinho, olhando o seu olhar
Descobriu no moço uma esperança viva,
Qual seja, sem demora, a vida eterna achar.

E o Mestre lhe pergunta no mais suave tom,
Qual piloto que infunde à nau sua firmeza:
Por que me chamas bom, somente Deus É bom:
Sabes os mandamentos todos com certeza.

E enquanto respondia envolto em seu saber.
Silencioso Jesus o ouvia atentamente.
No entanto mal podia o moço perceber
O mais profundo amor ali à sua frente.

E vendo o Salvador a miséria tão atroz
Que na alma do moço tão forte se retrata,
Alçando com amor tão meiga e mansa a voz,
"Meu jovem" lhe diz: "quão pouca coisa te falta.

Vende tudo o que tens e aos pobres sem demora
Reparte sem pesar, sem mágoa, sem rancor,
E lá dos altos céus, por certo mesmo agora,
Um tesouro terás de abençoado valor.”

E triste, olhar vazio, deixou Jesus sozinho,
Sem forças pra largar toda a sua riqueza,
Fechou para Jesus seu coração mesquinho
E partiu sem Jesus na mais cruel pobreza.

Evangelho de Mateus, 19:16-22


SÓ CRISTO E MAIS NINGUÉM

Cristo é tudo para o meu coração:
Abrigo e paz, consolo e fortaleza
Luz que ilumina minha escuridão
Amigo que ao meu passo dá firmeza

Cristo é remédio para o pensamento,
Que divaga por trilhas sinuosas,
E que se extravia a cada momento,
Longe do alvo e de coisas grandiosas.

Cristo é colírio para o meu olhar
Que se perde por quaisquer asneiras
Que deseja prazer sem nunca achar;
E sensações estranhas, passageiras.

Preciso de Cristo qual suporte,
Para cendrar sereno e sem sobressalto,
Meus olhos para uma visão mais forte,
Meu pensamento para os bens do alto.

Só Ele, o Cristo crucificado,
Morto e ressurreto ao terceiro dia
Ao lado do Pai, glorificado,
Salvador, minha paz e alegria

Só Ele e mais ninguém, ninguém, tão perto,
Para conceder um viver saudável,
Levar-me, sim, por um caminho certo,
E dar-me sua força inigualável.


AMOR INCONDICIONAL

Meu Deus é um Deus que me ama tanto, tanto,
Que cuida de mim e me leva em seus braços
Que a cada dia enxuga todo o meu pranto
E bem de pertinho dirige os meus passos.

Por que me ama tanto? Tal amor não mereço,
O que em mim viu? Por certo, de bom, nada.
E quando menos espero mais o entristeço,
Ao prosseguir nesta minha curta jornada.

E porque me ama tanto, bem escondido,
Meu dia de amanhã guarda bem em segredo:
Uma dor que me deixaria entristecido,
Ele não me fala e posso viver sem medo.

Ele quer que eu sinta e viva a cada dia,
Avaliando seu socorro que não falha.
E quando a dor chegar resoluta e fria,
Seu coração de amor pronto me agasalha.

Esse é o Deus que garante meu futuro
O Deus que quero honrar mesmo sendo incapaz.
E se chegar o dia mau, o dia escuro,
Estarei bem seguro porque Ele é minha paz.

Visite o blog do autor: https://arrazmaz.blogspot.com.br

terça-feira, outubro 24, 2017

Três poemas de Edna das Dores de Oliveira Coimbra


Para entrar no céu

Quem me dera ser recebida
Como Estevão lá no céu
Com o próprio Jesus Cristo
O recebendo de pé.
Apedrejado pelos irmãos
Foi assim que Estevão morreu
Mas na hora de sua morte
Pediu para eles perdão.
Porque aprendera com o Cristo
Uma das melhores lições
Que para entrar no céu
Deve-se perdoar o irmão.
Eu sei que é difícil
Ter um comportamento assim
De doar a túnica
Para aquele que o feriu.
De caminhar duas milhas
Com o que falou mal de ti
E de dar a outra face
Para o que lhe agrediu.
Mas, foi assim que Jesus
Ensinou como ser cristão
Perdoando aos seus algozes
Porque eram seus irmãos.
Cristo vê todos os homens
Com o mesmo olhar de amor
Pois conhece suas falhas
E o seu interior.


Jeová

No céu há várias moradas
Onde iremos habitar
Louvando ao Deus Pai
E ao seu Filho, exaltar.
Porque não há outro Deus
A quem devemos adorar
Senão a Jeová
Que ao próprio Filho fez matar
Numa morte vergonhosa
Para os nossos pecados pagar.
Como um cordeiro mudo
No madeiro aceitou ficar
Para que nós pudéssemos
Com Ele no céu morar.
Portanto, aquele que ama a Deus
Ama também ao seu irmão
Preto, branco, rico ou pobre
Não importa a condição.
A ordem já foi dada
Para vivermos em comunhão.
Pois a todos Deus ama
Sem fazer acepção.
Que alegria sentiremos
Ao participarmos do grande Coral.
Que cantará dia e noite
Santo, Santo é Jeová.


No caminho de Damasco

Paulo de Tarso
Foi um homem privilegiado
Pois viu o brilho de Jesus
No caminho de Damasco.
A cegueira decorrente
Foi para fazê-lo refletir
Das ações que havia feito
Antes de chegar ali.
Orando e jejuando
Buscou se redimir
Porque sabia que aquele encontro
Mudaria a sua vida.
Antes Saulo e agora Paulo
Todos iriam saber
Que o homem que perseguia cristãos
Agora era um deles.
Se como Saulo fazia cumprir
Os mandamentos recebidos
Aos pés de Gamaliel
Agora, como Paulo, se regozijava
Com os ensinamentos do Espírito.
Que lição maravilhosa
Aprendemos com o irmão Paulo
Que aquele que encontra Cristo
Realmente se transforma.
Jesus muda tudo
Muda nome de batismo
Para que todos saibam
Que se é nova criatura.
O passado de perseguições
Em nome de uma religião
Transforma-se
Em amor ao próximo
Por causa de Cristo Jesus.

quinta-feira, outubro 12, 2017

Amor, Esperança e Fé - Uma Antologia de Citações em e-book gratuito


      Amor (ou caridade), Esperança e Fé: As três principais virtudes cristãs, conforme arroladas pelo apóstolo Paulo no décimo terceiro capítulo da Primeira Carta aos Coríntios, um dos ou talvez mesmo o mais belo capítulo de todo o Novo Testamento. Os católicos chamam-nas de virtudes teologais, que seriam infundidas por Deus no homem, e cuja ação é complementada pelas virtudes cardinais (prudência, justiça, fortaleza e temperança).
      Este pequeno e-book surge por ocasião das comemorações dos 500 anos da Reforma Protestante, deflagrada pelo monge agostiniano Martinho Lutero. Nesta breve seleta, reunimos nada menos que setecentas e cinquenta citações, duzentas e cinquenta abarcando cada uma das virtudes. São textos notadamente de autores cristãos (reformados e de outras vertentes), mas não somente; autores de outras confissões religiosas aqui comparecem, e mesmo agnósticos e livres pensadores os mais diversos, contribuindo para o entendimento e a reflexão plurais sobre tais temas de infindável profundidade. Assim, mesmo focado na seara cristã, esta pequena antologia é de valia para todo tipo de leitor, todo aquele que tem sua atenção capturada pelo mundo das ideias.
      “Mas, as virtudes teologais: o que tem isso a ver com a Reforma?”, perguntará o leitor mais desatento. E que foi a Reforma, senão um retorno ou esforço de retorno aos fundamentos da fé cristã uma vez perdidos ou obnubilados? Anseio desesperado de tornar às bases e raízes que foram amortecidas ou banidas em troca de conceitos débeis e prostituídos? Se assim entendermos, percebemos que nada há de mais basilar em nossa crença do que o consórcio destas três virtudes capitais. São elas que garantem a simplicidade revolucionária da mensagem dAquele que se ofereceu na cruz.
      Como editor e antologista, esta é minha singela forma de celebrar o reempoderamento da verdade manifesta no entendimento do suficiente poder salvífico da fé, herança maior da Reforma. E também um presente aos leitores.
      Entendo a fé como certeza alicerçante, base de todas as bases, chão do ente feito à imagem de Deus. A esperança é uma rebelião contra um status, revolta primeva e perene contra uma maldição herdada no Éden, que seja, a morte (Gn 3). Esperança é rebelião contra a Queda, contra a sua consequência: Deus puniu e não há recuo, mas ainda assim Deus encontrará em amor uma forma de nos remir. E o elo de tudo, o amor, ah... como escrevi algures, prefaciando o livro de um amigo: Este mistério fundacional da espécie [e do cosmos], a um tempo barco e co-navegante com o Homem sobre o mar do Tempo, esta magna transcendência que desvela o motivo de ser do próprio Universo, o Amor é âmago e imago (imagem) das razões de Deus.  
      Que esta pequena seleta seja de proveitosa e edificante leitura a você, amigo leitor.  Mais que um livro a ser lido, nosso esforço foi para tornar este pequenino volume um livro a ser revisitado.

Sammis Reachers, editor

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terça-feira, outubro 10, 2017

Deus Mendigo -Teografias: Livro de Luis Cruz-Villalobos para download


O poeta e pastor presbiteriano chileno Luis Cruz-Villalobos publicou, recentemente, a edição em português de seu livro Deus Mendigo - Teografias, cuja tradução ficou a cargo de Flavia Romera e Jorge Barro. A edição é mais uma iniciativa da Hebel Ediciones, uma casa plural e sem fins lucrativos que tem disponibilizado excelente poesia latino-americana na rede, já de há algum tempo.
A poesia de Luis é uma poesia de liberdades e metáforas; ao fotografar, ao teografar a divindade vestida de pó, ao fazer Deus descer ao nível de cada um de nós, e mesmo dos menores, piores dentre os homens, o autor traz à tona e celebra o Deus em nós, que criados fomos à sua imagem e semelhança. Sua poesia e suas licenças, ainda que poéticas, podem não agradar a todos, e cremos mesmo que assim será; mas como editores não poderíamos nos furtar de divulgar tal obra singular e repleta de humanidade.

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O DEUS-PARDAL

Se Deus existisse
Nada mudaria
Dizia Sartre
Desde a sua estrábica perspetiva
Mas está claro
Que o deus platónico
Ou o aristotélico
Ou o não-deus do príncipe Gautama
Ou o Logos estoico
Ou o de Spinoza
Enfim
Nada poderiam mudar
Tal como o deus deísta
Relojoeiro louco
Palrador distante
Impotente por definição
Apático por suprema excelência
Esse Deus
Nada
Zero à esquerda
Definitivamente
Sartre estava certo
Nula ajuda
Um Deus frio e calculista
Impávido
Nada
Mas não poderão negar jamais
Que o Deus-pardal
O Deus empobrecido
O Deus apaixonado pela sua obra de arte
O Deus louco de amor
O Deus mártir
Este e só este Deus
Muda tudo
Tudo deixa em desconstrução
Como os átomos dançarinos.


ÓRFÃO E VIÚVA

A Ernesto Cardenal, por exemplo

Contam que Deus
O mesmo que fez dançar
O primeiro átomo de hidrogénio
E que sabe o número
de todos os sistemas de galáxias
Costuma visitar os órfãos
E as viúvas
Pela noite
Sussurra-lhes uma canção
Ao ouvido
Beija-lhes a testa
E parte triste
Desejando fazer-se carne
Fazer-se pai/mãe palpável
Fazer-se esposo/esposa visível
Mas já não pode
É outro o projeto
Por ele
Parte veloz
Como vento espectral
A sussurrar a mesma toada
Ao ouvido daqueles que lhe têm
Um amor extremado
Indiscriminado
Profundo
E que estão e estiveram dispostos
A ser os pais/mães/esposos/esposas

Dos desolados da terra.


segunda-feira, outubro 02, 2017

Três poemas de Clávio Jacinto


TEMPO E ETERNIDADE
É muito pobre o coração
Que vive a todo o instante diante do maravilhoso
Sem contudo ter uma esperança que ultrapasse
Seu próprio tempo

Sobre o Grande Amor
Um coração que carrega um amor debilitado
é incapaz de ser herói
Não tem coragem de sofrer um sacrifício

Um coração que carrega um amor fraco
Não vence o proprio egoismo
Não se interessa pela pratica do altruísmo

O coração que carrega um amor pequeno
Tem que suportar o próprio fardo
De viver uma vida completamente vazia.

Mas o coração que sustenta um grande amor
É capaz de experimentar uma grande felicidade


Eternos Sonhos da Ultima Aurora
Nas naves do esquecimento viajo
Num mundo profundo de ventos que cantam
No limiar da imaginação e todos meus sonhos
Nas gotas dos sorrisos que incendeiam a alma
Que épico é esse distante mundo sem ninguém
Feito de folhas de ciprestes e essência de morangos
A alma da tarde e o berço de todas as estrelas
Somente eu mergulho nessas fontes da noite
Como um beijo que adoça a alma do matrimonio
Uma canção que faz o espírito ficar suspenso
Entre o coração e véu imaginário
A tarde de todas as mais benditas consolações
Porque minha vida, por quê?
Nesse ultimo jardim, florescem todas as rosas?
Como se a violência dos náufragos gemessem
Numa agonia de ser a eterna primavera
Sou seu pobre humano, entre as sombras
Esperando a aniquilação de todas as tristezas
Pra que em ceia de noites glorificadas
Meu amanhecer repouse nas matizes da áurea esperança