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quinta-feira, novembro 09, 2006

3 Poemas de Rosa Jurandir Braz

Sarça Ardente

“Em Jesus Cristo, temos ousadia e acessocom confiança pela nossa fé nele.” Efésios 3.12

Tira as alparcas dos pés
quando entrares na Presença.
Os calçados aqui aceitos
são os do Evangelho da Paz
somente.

Descalça também as luvas
na tua chegada, sempre.
As mãos que aqui levantes
sejam mãos bem consagradas,
mãos santas.

Extirpa os olhos, se maus,
quando vieres, Hoje.
Os olhos admissíveis
são os do corpo luminoso,
os puros.

Pede a brasa para os lábios
quando ao sopé deste Monte.
A boca que aqui se expresse
será a realmente brunida
com o Fogo.

Desata o teu coração
quando no Santo dos Santos.
A alma que aqui se atreva
Será tão-só, a abluída
com o Sangue!




Redenção

É a luz descendo,
Deslizando suave,
Pousando num ventre,
Aninhando-se doce.

É a luz em dois olhos
Límpidos e mansos
A clarear a Noite,
Sono de milênios.

É a luz sobre as águas,
Ouro sobre azul,
Sinfonia dos Passos,
Deslumbrando os homens.

É a luz se esvaindo.
Um caudal de dores
Abalando o Cosmo
Embebendo o mundo.

É a luz incidindo
Coração da rocha,
Confrangendo-se ao toque
Transmudando-se líquido.

É a luz retomando
Sua antiga glória,
E levando à Essência
Uma prova: as feridas...




Noite Sublime, Noite de Mistérios

“...Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou
seu filho, nascido de mulher...”
Gálatas 4.4

Engalanam-se os anjos e descem
buquê de flores celestes,
formando no ar uma coroa de luz;
vêm rivalizar com os astros
fulgor e magnificência
que horizontais
e verticais
no céu descrevem uma cruz.

Depois, dão-se as mãos:
um anjo, uma estrela,
aos milhares de mil
e cantam em responso
a antiga ciranda
doce alegria infantil
que Deus ensinou a Jó.

Então, passam às profecias
as do profeta Isaías
que só as ovelhas ouvem:
“ ...um menino nos nasceu,
um Filho se nos deu... ”

Na amplidão da campina
que o céu inunda de luz
pastores de joelhos trêmulos
atendem à voz da estrela
e até esquecem as ovelhas.

Címbalos e harpas divinos
clarins, órgãos e violinos
se ouvem na imensidão.
Cada átomo segreda,
mistérios correm em rios:
é o cumprimento da Lei,
é o nascimento da Graça,
é a redenção dos gentios.

A plenitude dos tempos
na noite eflúvia chegou
no feno da estrebaria,
na friagem dos telhados,
na glória dos céus a flux,
na alegria de José,
no êxtase de Maria,
no doce olhar de Jesus.

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