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sexta-feira, janeiro 19, 2007

Dois poemas de Adalberto Bello

Meu Pai

Meu pai, és voz e a tua voz escuto.
Já não é eco! Ela é monumento.
É no meu ser, cristal inda que bruto,
Sem formas doutorais do pensamento.

A natureza é submissa às horas
- Testemunha real desse infinito –
Bola de fogo no passado, e agora,
Agora reino em cujo espaço habito.

No tempo surgi como a flor e o fruto,
Mas ser pensante e proclamar existo.
Herdei tua força e por mantê-la luto,
Vendo-te velho a confessar a Cristo.

Com as medidas do amor medi teu vulto,
E vi o céu, o sol, o mar, o vento,
A tua fé em Deus, a fronte em culto,
Jó e Elias do antigo testamento.


Presente de Natal

Minh’alma anseia por ti.
Mais do que os guardas cansados
Pelo romper da manhã.
Dá-me tudo o que pedi!

Dá-me a drácma perdida,
Dá-me o campo e seu tesouro,
O anel e a roupa limpa.
Dá-me tua mão salvadora
Nesse mar da Galiléia
Em que fraqueja-me a fé!
Dá-me a bonaça vindoura.

OH! JESUS DE NAZARÉ!

Do livro ‘Ponteiro dos Segundos’

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