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sábado, janeiro 06, 2007

Um poema de Allinges Lenz César Mafra

DEUS PASSEIA OS OLHOS SOBRE A TERRA
Salmos, 10

Por que, Senhor, insistes em permanecer longe,
escondido de mim nas horas de maior tribulação?
Não vês quão arrogantemente
me perseguem os ímpios?
como ostensivamente me afirmam fraca,
presa sua?
Perversos e avarentos, vangloriam-se da cobiça
e miséria de su’alma.
Em sua soberba ignoram a verdade
e a riqueza interior
daqueles que humilham e perseguem.
Fingem desconhecer a veracidade dos fatos
que sobre eles espalham aos quatro ventos,
atribuindo-lhes doença, maldade e loucura,
sonhando vê-los encurralados
e esquecidos como animais.

E vão apesar de tudo
saltando de triunfo em triunfo,
de conquista em conquista,
atraindo adeptos e simpatizantes
para suas histórias e fábulas,
zombando do Senhor; dizendo no íntimo:
“Jamais serei abalado; de geração
em geraçãonada de mau me sobrevirá!”
E se enfatuam, cheios de arroubo e orgulho,
julgando-se donos da situação
- a boca empanturrada de maldições,
enganos e opressão;
debaixo da língua insulto e inqüidade.
Sempre de tocaia nas imediações do perseguido,
ou mesmo a distância,
trucidam inocentes em lugares ocultos,
os olhos vítreos e ferozes em espreita
ao indefeso e ao solitário.
Como leão na caverna postam-se de emboscada,
prontos a enlaçar a vítima, apanhá-la em sua rede;
enleiá-la, conservá-la prisioneira.
Dizem no íntimo, arrogantes e cheios de empáfia:
“Deus se esqueceu, virou o rosto,
não verá isso nunca!”

“Levanta-te, Senhor! Ó Deus, ergue a tua mão!
Não te esqueças de mim, que estou aflita!”
Como se engana o ímpio,
quando afirma que Deus não se importa.
Ele ignora que o Senhor passeia os olhos
continuamente sobre a Terra;
vê o perverso, e atenta à agonia
do perseguido e do necessitado;
é seu defensor, sua sombra e proteção,
o único Juiz que julga retamente.

Ó Senhor, eu te suplico:
quebranta o braço do perverso e do malvado!
Esquadrinha-lhe os planos de maldade,
até nada mais achares!
Sei que me fortalecerás o coração,
que me acudirás;
farás justiça à viúva,
talvez viúva de marido vivo;
ao órfão e à órfã,
quem sabe órfãos de pai vivo;
ao empobrecido e ao oprimido.
Darás ordens aos maus
que não mais lhes provoquem medo!

Sei que ouves o desejo dos humildes, Pai.
Tu lhes acudirás na hora da necessidade,
lhes fortalecerás o coração;
não os entregarás à sanha assassina!

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