PAI
Eu quisera vencer o firmamento
e penetrar nos céus, na eternidade,
para dizer-te, ó pai, nesse momento,
a amargura que sinto, que me invade!
Quisera ter de Deus consentimento
para transpor o espaço, a imensidade,
e contar-te da mágoa e do tormento
de um coração que chora de saudade.
Pois quando tu partiste deste mundo,
meu sofrimento se tornou profundo,
que a minha vida consumindo vai...
Porém, nos vendavais dos empecilhos,
que eu possa palmilhar os mesmos trilhos,
que nesta vida palmilhaste, pai!
Filemon Francisco Martins
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A MÃE
Para MJP
Poucas letras sabe, as pérolas
são o filho, a filha, os netos
toda a filosofia
não é mais do que seus dedos
quando tínhamos tão frágeis
os cabelos
a sua geografia é pouca
é a beira
do sol no Alentejo
poucas letras sabe
de história, só como foi
tão dura a vida
e da arte pouco ou nada
jamais soube da orelha
cortada de Van Gogh
conhece Deus
e esse saber é o bastante
para nos trazer a vida iluminada.
João Tomaz Parreira
www.papeisnagaveta.blogspot.com.
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