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sexta-feira, fevereiro 29, 2008
Dois poemas de José Barbosa Junior
Tantos...
Tantos absurdos
Tanto ouvido surdo
À doce voz
Tantos falsos mestres
Orgulhos incontestes
A brilharem, sóis.
Tanta falsa unção
Que dói no coração
Ver o engano, o erro
Tanta a devoção
Tamanha adoração
Novos “bezerros”
Deuses travestidos
De apóstolos ungidos
Sedução
Tanta fé frustrada
E no final da estrada
Decepção
Onde estarão as tantas
Outras vozes santas
A falar?
Quais os que, valentes
Irão sem medo, e sempre
Denunciar?
Pois tantos enganados
Caíram, já cansados,
No caminho
Carentes de um abrigo
De um abraço amigo
Sem carinho
Que tantos que têm sede
Encontrem pastos verdes,
Água fresca e o dom
Que jorram da Palavra
Que a terra molha e lavra
E dá frutos bons.
Caminhada...
Foi assim...
Quando menos se esperava, a prova.
E tudo ficou meio cinza, nublado...
A vida vem em ondas como o mar,
já dizia Vinícius...
De repente, o inesperado...
Sai da tua terra... da tua parentela...
Lugares desconhecidos, mistérios...
Só a certeza de caminhar
sem saber pra onde, nem como...
Só uma certeza: com quem se vai!
É assim...
Quando a gente menos espera, o chamado.
E a vontade dEle clareia... é manhã...
O choro durou a noite toda... tristeza...
Mas olhando lá na frente... certeza
Qual certeza? Nenhuma... só a incerteza,
ela por si só... a dar medo!
Como ir assim, nessa incerteza
E na fé do incerto... mas na fé??!!
Crendo contra a esperança...
Certeza, só da incerteza do caminho
mas da companhia certa
E isso faz toda a diferença...
Será assim...
Quando menos se esperar, o caminho.
E se abrirá, estreito, paciente
Esperando nossos passos... caminhada
E a certeza, qual será? Nenhuma ainda...
Só aguardará a fé que é da jornada
De se andar rumo ao tudo, mas sem nada
Nada que nos faça dar a volta
Retornar ao ponto de partida... não!
O caminho é para a frente... sem ter vista
Sem pesar o peso certo do cansaço
É certeza de encontrar no Seu abraço
O consolo que é preciso no caminho
A certeza da Sua mão sempre estendida
Como certo é Seu amor não escondido
Como é vero o Seu perdão não merecido
Como é viva a Sua vida em nossa vida.
Agora é caminhar...
Visite a página do autor: www.crerepensar.com.br
domingo, fevereiro 24, 2008
Dois poemas de Mauricio Moreira
“Servi neste Chão”
Poesia dos Missionários e Pregadores
Ainda no fragor dos dias
Sentimos a ternura sem fim
Do profundo Céu em que habitas
Tu és consolação para mim
Terras distantes que eu veja
Ainda que de lá nunca volte
Meu sopro de vida é uma oferta
Que eu prestarei até a morte
A voz com que clamo em teus átrios
São sons pelos quais anuncio
O amor por teu Filho querido
Do fim que já é aguardado
Tu és o Filho único amado
Desceste a este antigo jardim
Por ter-nos muito amado
Foste tão desprezado assim
És o mesmo de ontem e de sempre
Nunca houve outro d’além
Um Deus como tu tão perfeito
Nunca, jamais houve quem
Quem pode amar desse jeito
Por nós simples vermes morrer
Senão este filho perfeito
Varão que desceu pra vencer
Este é aquele menino
Que até aos doutores encantou
Como pôde ser tão sabido
Se aqui ele nunca estudou?
Quando a cidade em festa
Verteu as palmas no chão
Era o triunfo das décadas
Chegada estava a Salvação
Hoje as cidades carecem
Da tua suave presença
Não temos aquela alegria
Sentimos toda a diferença
Levo comigo saudades
Por terras que ainda não vi
São casas, vilas, cidades
Irmãos pelos quais eu parti
A cada pedaço de terra
Na qual eu venha te anunciar
Lágrimas vertidas em terra
Ao partir certamente haverá
Com muita vontade bem sei
Que para ti eu trabalharei
E a cada nova vida liberta
Do chão eu te agradecerei
Do chão eu te clamo Senhor
Do chão eu um dia serei
Mas por meio daquele a quem sirvo
Do chão eu ressuscitarei
Assim se passaram os meus dias
Eram dias muito difíceis
Anunciávamos a tua graça
A povos, ilhas, países
Agora que cumpri a minha meta
De anunciar Salvação
Ainda que tombado esteja
Não deixar-me-ias no chão
Eu serei ressuscitado
Seja de qual for o chão
Pois aquele a quem tenho servido
Este é o perfeito varão
Obrigado Senhor pela oferta
Por ter-me confiado a missão
Cumprida está a minha meta
Missionário eu fui deste chão
"Te Aguardo do chão"
Ontem estive de pé
Hoje eu moro no chão
Tornei-me um verme se forças
Mas nunca vendi o coração
Não presto a Baal nenhum culto
Não temo a nenhum futuro
Ainda que me seja obscuro
Por Cristo eu me deito no chão
Ainda que eu durma no chão
Não troco o meu Amor por Cristo
É fruto da minha Gratidão
A Cristo me ponho no chão
A Ele todo o meu fôlego
Ainda que eu não tenha pulmão
Eu só obedeço a Cristo
Te entrego então o Coração
Não importa o quanto eu sofra
Quantas lágrima eu ainda derrame
São todas elas guardadas
No cálice da Salvação
Em Cristo não há ilusão
É Ele o meu único alvo
É Ele o único porto seguro
Só Cristo no traz Redenção
Ainda que Canaã esteja longe
Ainda que a vide pereça
Que o mar não possa ser aberto
A Cristo eu me ponho no chão
Ainda que o canteiro inteiro
Morra de tantos maus tratos
Ainda que o meu Jardineiro
Não queira renovar este caco
A Cristo eu me ponho no chão
A Cristo eu me ponho no chão
A Cristo eu me lanço no chão
A Cristo eu me lanço no chão
Ainda que eu seja expulso
Da Igreja que tanto amei
Ainda que publiquem calúnias
A Cristo pra sempre Amarei
Ainda que um fora eu leve
Daqueles que um dia ajudei
Ainda que eles me vendam
Que digam a todos maldades
Ainda que nunca mais me levante
Ainda que só haja tristezas
Ainda que morra a beleza
Por Cristo eu o adoro do chão
Ainda que o mar todo traga
Minha pobre e frágil estrada
Que construo na minha solidão
Por Cristo me ponho no chão
Ainda que um dia apareça
Um renovo ainda em vida
Ainda que tudo de belo aconteça
A Cristo eu clamo do chão
Ainda que eu seja mais rico
Do que o meu pai Abraão
Ainda que eu seja mais sábio
Que o próprio Rei Salomão
Ainda que Davi me escolhesse
Para ser o seu pajem d’armas
Por Cristo eu só clamaria
Coberto pelo pó do Chão
Ainda que Eu veja em vida
A vinda de meu Senhor
Ainda que minha casa não seja
Tragada pelo seu furor
Ainda que eu seja convidado
Para um dia a Glória visitar
Ainda que eu possa a todos
De todas as doenças curar
Ainda que tudo me seja
Sujeito para reinar
Ainda assim tenho certeza
Só do chão eu iria clamar
Ante tão Divinal Beleza
Que Cristo é e conduz
Ante tão Eterna Grandeza
Deixou-se conduzir à cruz
Ante a assassinos e fraudes
Calúnias e injúrias sem fim
Deixou-se meu lindo Jesus
Ser morto só pra nos salvar
Visite a página do autor: www.quartocanteiro.blogspot.com
terça-feira, fevereiro 19, 2008
3 poemas de Carlos Vicente Coutinho Neto
CHUVA
Tu que te identificas com a chuva
E observas as gotas de caos a bater em tua janela;
Tu que tens teus gritos abafados pelos relâmpagos
Que retumbam em tempestade de luto e de desespero;
Deus te ama muito.
Deus tem um plano para ti.
Pois os campos serão férteis
Depois da estação das águas.
PORQUE INCONFORMADO VI
Porque inconformado vi
A idolatria de imagens de barro
Imagens com vendas nos olhos
Cegas surdas mudas
Feitas maiores que a Verdade
E por isso Mentira.
Porque inconformado vi
Polivalente e poligâmico o comportamento do homem
Viciado e putrefato o corpo do homem
Corrompido e canceroso o espírito do homem
Cogumelos que pareciam até viçosos entre as maçãs
Mas que nem por isso deixavam de ser fungos.
E percebi
Que era também minha a missão
De restituir-lhes ao menos em parte a dignidade.
Por cada espaço vazio no Reino dos Céus
Por cada túmulo de eterno pranto
Eu responderei.
E enquanto o mais humilde será exaltado perante o Senhor
Eu ficarei sozinho
E ser-me-ão atirados ao rosto
Os títulos, medalhas, contra-cheques, elogios,
Tudo inútil.
POEMA DO PERDÃO
Perdão.
Eu me excedi.
Se soubesse antes medir as conseqüências
Não faria tudo o que fiz.
Não diria tudo o que disse.
Não causaria náuseas a mim mesmo.
Não seria ponto de referência às nuvens negras.
Não precisaria ser alpinista de abismos.
Não precisaria mentir duas vezes.
Não seria propagador das cinzas.
Não Não Não.
Aos que conheceram minha pior face,
Perdão!
Poemas do livro inédito "O Cavaleiro Negro - poesia completa de adolescência - 1994-2004."
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
Um poema de William Cowper
Deus se Move Misteriosamente
QUANDO AS TREVAS ESCONDEM SUA FACE ADORÁVEL
EU DESCANSO EM SUA IMUTÁVEL GRAÇA;
EM CADA TORMENTA AGUDA E VIOLENTA
MINHA ÂNCORA ESTÁ PRESA DENTRO DO VÉU!
DEUS SE MOVE DE FORMA MISTERIOSA
NA REALIZAÇÃO DOS SEUS MILAGRES;
ELE FIRMA SEUS PÉS NO MAR
E CAVALGA SOBRE A TEMPESTADE.
NAS PROFUNDEZAS INSONDÁVEIS DAS MINAS
COM HABILIDADE QUE NUNCA FALHA
ELE ENTESOURA SEUS MAIS ESPLÊNDIDOS PLANOS
E OPERA SUA VONTADE SOBERANA.
VÓS, SANTOS TEMEROSOS, TOMAI NOVO ALENTO
AS NUVENS QUE TANTO VOS ATEMORIZAM
SÃO ABUNDANTES EM MISERICÓRDIA
E IRROMPERÃO EM BÊNÇÃOS SOBRE VOSSAS CABEÇAS.
NÃO JULGUEIS O SENHOR POR MEIO DE FRACOS SENTIMENTOS
MAS CONFIAI NELES POR SUA GRAÇA;
POR DETRÁS DE UMA PROVIDÊNCIA QUE AMEDRONTA
ELE ESCONDE UMA FACE SORRIDENTE.
SEUS PROPÓSITOS LOGO AMADURECERÃO
REVELANDO CADA HORA;
O BROTO PODE TER UM GOSTO AMARGO
MAS A FLOR HÁ DE SER DOCE.
A INCREDULIDADE CEGA CERTAMENTE ERRARÁ
E JULGARÁ COMO INÚTIL A SUA OBRA;
DEUS É O SEU PRÓPRIO INTÉRPRETE
E CERTAMENTE A ESCLARECERÁ.
Este poema foi escrito após uma tentativa do autor em por fim à sua vida. Ele havia tomado uma charrete numa noite fria em Londres para chegar a uma ponte de onde pretendia se jogar. Todavia, a Mão misteriosa do Senhor não permitiu que o cocheiro encontrasse o caminho. Após andar duas horas, confessou que não sabia o caminho. O Sr. Cowper pediu então que o levasse de volta para sua casa, caso soubesse o caminho. O cocheiro disse que sim e retornou. Ao chegar à porta da residência, o cocheiro disse que não custava nada, porque ele não tinha cumprido sua tarefa. Mas, o Sr. Cowper respondeu: “Sim! Você cumpriu sua tarefa muito bem! Eu pretendia chegar àquela ponte e me suicidar, mas você, abaixo de Deus, salvou a minha vida”. Após entrar em sua casa, assentou-se e escreveu o poema acima. Glória a Deus!
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
Um poema de Jonathas Braga
Três Cruzes
Levantaram três cruzes no Calvário,
no dia em que Jesus por nós morreu,
e todo aquele monte solitário
de trevas e de sombras se envolveu.
Uma cruz era a cruz do Mestre amado
que entre outras duas cruzes se erigiu,
pois entre malfeitores foi contado
e foi assim que o mundo inteiro o viu.
Na cruz da esquerda um ímpio impenitente
proferia blasfêmias contra Deus,
desiludido, torpe e irreverente,
desanimado nos pecados seus.
Na outra cruz, ante todos os olhares,
o outro ladrão ao Mestre suplicou:
- Ah! Lembra-te de mim, quando chegares
no reino onde vais!...
Jesus falou:
- Em verdade te digo mesmo agora
que comigo no reino ficarás,
pois irei dentro em pouco e sem demora
e comigo hoje mesmo tu irás.
Eram três cruzes, três num só momento:
- uma de dor e de alucinação,
outra, de paz e de arrependimento
e a de Jesus, a cruz da redenção.
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
Dois poemas de Marco di Silvanni
Face a face
O teu olhar se acostumou às sombras
Que sem motivo acompanham teus passos.
Nem sempre segue fiel teu compasso
A meia-luz que insiste em teu caminho.
Parece até que não andas sozinho,
E pode ser até reconfortante
Não se sentir tão só, seguir adiante,
Mesmo sem conhecer quem não te deixa.
Mas quando enfim defrontas, face a face,
Alguém que vem luzir, tão de repente,
Iluminar, revelar todos os tons,
E os segredos dessa meia-luz,
Vês que as sombras, antes tão amigas,
Não são quem pensas, nem são companheiras,
E se revelam mórbidas, inteiras,
Torpes, sorrateiras, verdadeiras trevas.
Estende a mão, depressa, e reconhece
Que já não podes viver sem este brilho,
E pede ao servo de Deus que te revele
Como viver na luz do Seu caminho.
Ele virá com palavras de vida
Que para sempre mandarão embora
Todo o mal, todo o torpor das trevas,
E então dirá que esta é a hora
Em que precisas conhecer o Filho
Do verdadeiro Deus que se fez homem
Para a todos que a Ele entregarem
Todo o caminho, todo o coração,
Não sejam mais escravos do pecado,
Mas sejam servos do Deus que liberta,
Por Jesus Cristo na cruz resgatados,
E para sempre caminhar na luz.
Ah, Israel...
Ah, Israel, teu coração vagueia,
Meneias os ombros diante do altar,
Permeias teus sonhos com desejos vãos,
Enquanto minha mão te cobre e te protege.
Oh, Israel, teu coração vacila,
Entre cores e luzes teu querer oscila,
Como se bastasse a ti a voz do peito
De onde emanam sonhos tão desencontrados...
Sim, Israel, se de ti conhecesses
Todo o teu delírio, o âmago da dor,
Talvez fenecesse a tua rebeldia,
Talvez renascesse a semente do amor.
Mas, Israel, enquanto for só teu
O coração que teimas em negar a Mim,
Enquanto não perderes todo esse prazer
De pertencer somente a ti o teu desejo,
Não provarás o mel que te oferece a Rocha,
E então desprezarás o aroma do jardim
Donde vertem as fontes do Manancial
Que para ti criei, pois Eu sou o teu Deus.
Visite o site do autor: www.portodopoente.net.
sexta-feira, fevereiro 01, 2008
Três poemas de Brissos Lino
FLORAIS I
Tu já eras para mim realidade
mas só como folhas soltas no tempo
ou o odor campestre de alguma flor
agora chamo-te Deus
sem portas
nem idade.
HOMENS
“Somos apenas pó e trevas.” (Horácio)
À superfície deste corpo vegetamos
e escrevemos da nossa mágoa
litros de lágrimas de sangue
com penas leves de sombra
temas sólidos que nos aprofundam
os olhos incolores
o sabor impuro
que nos desce à boca
é o rasto
do pensamento
mas somos reis a rasgar as vestes
se a Mensagem que acolhemos nos sitia
entre muralhas de silêncio
e os cardos do nosso orgulho
sufocam a boa sememte
que nos lança Deus ao coração.
NATUREZA MORTA
“Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens.
Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e quantos neles confiam”.
(do Salmo 115)
Um pássaro a entornar manhãs
já podres
na boca ansiosa e muda
dos adoradores
uma lágrima a ansiar o fim
corda ou veneno
na garganta desesperada e muda
dos adoradores
uma estátua a amarrar os olhos
dos cegos.
www.ovelhaperdida.wordpress.com.