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quarta-feira, março 26, 2008

Três poemas de Débora Camargo


percepção

Quando é essa alegria que me invade
eu O reconheço no som das folhas
frágeis apenas por sua permissão

E o vento varre o chão,
levanta o cheiro de relva
e reacende essa brasa
que se amoitou ao cair daquela lua.

Outros raios dourados flanam
e meus olhos procuram sentir o calor
Estou certo que neste dia que desponta
terei nova canção pronta em meu peito,
fruto de Seu sublime amor.

Pois ao percebê-lO na criação
outro fôlego se dispõe
Me faz provar mais uma vez
que tudo se faz por meio de Ti


Pedido

Senhor, há vontade de servir-te correto.
Almejo a missão perfeita, que,
penso estar fora dos portões da tua casa.

É bom congregar com teu povo,
É calor, crescimento,
Sustento, renovo.

Mas, passam pelos nossos vidros,
Chorosos, feições oprimidas,
Sedentos de consolo, pobres de espírito,
Almas cansadas, vidas cativas.

Ó Pai, há tantos perdidos, que precisados estão
do teu amor virtuoso, não-político, fiel e
inaugurador de outrora incaptável perdão.

Senhor, queria eu que minha canção
Agora aflita e suplicante
Fosse rio que jorra e inunda,
Vida que pulsa e transborda,
Não-inerte, intensa, abundante.

Faz-me um servo testemunhador,
Rico em esperança e
Derivado de graça, sublime amor,
Resultado do teu querer,
Teus feitos, digno, faz-me, Senhor, viver.


Sossega

No meio da vida, voando, vazia
Anseios, turbulência, medo, aflição.
Pensamentos, sonhos, tormentos,
Pedaços de história aparentam não ter fim.

E a vida?
Que é a vida?
Tão ligeira, volátil efêmera?

Matéria que respira.
Alma que geme.
Gente que passa.
Gente que morre.
A morte assombra.

E esse medo?
Alado como vento
Chega, para e se instala.
Suor frio escorre.
O corpo treme.
Os olhos fecham.

Ansiedade.
Tão sórdida
Quanto o manto da noite
Que esconde, aflige e desespera.
Espera.

Coração amassado
Busca caótica.
Tudo tão humano!

Se Deus veste os lírios do campo,
Alimenta as aves,
Enche os mares,
Molha a relva.
Sossega coração atribulado!
Entrega.
Espera.

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