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sábado, maio 17, 2008

Dois poemas de Roberto E. Zwetsch


Dos justos será a terra

Esta é a promessa:
“Os que esperam no Senhor
possuirão a terra.
Mais um pouco, e não haverá mais injusto;
você buscará o lugar deles,
e não existirá.
Mas os pobres vão possuir a terra
e deleitar-se com paz abundante.”
Eu vi, Senhor, como o povo da terra
sonha com essa promessa.
Será que vais decepcioná-los?
Impossível!
Por isso, Senhor,
reúne este povo disperso
pelas beiras das estradas,
pelos cantos de mato
e infunde-lhe ânimo e muita fé.
Um dia, o injusto pagará por sua gula,
e os grilhões da escravidão
serão definitivamente quebrados.
Porque o Senhor é justo
e é apoio dos injustiçados.

A injustiça brada aos céus,
E Tu não vais responder, ó Deus?
Nós confiamos em Ti,
não como quem escreveu assim
nas notas do dinheiro.
Nós confiamos colocando-nos
ao teu serviço
em tempos bons e ruins,
na alegria e no sofrimento.
Ajuda-nos a manter a vigília!
Contra o medo, nós te pedimos:
aumenta nossa fé!
Não nos deixes vacilar.


Vem, Espírito Criador!

Ó Espírito Criador,
clamo a ti como no escuro.
Nem sempre compreendo a tua ação criadora.
Tu te aproximas de mim
no rosto das crianças,
nos desejos dos jovens,
nos sonhos despertos
dos mais velhos.
Mas não percebo tua presença
com facilidade.
Na luta das mulheres
Tu te mostras feminino.
És a brisa e as brumas de Javé.
Mas nem me dou conta
dos sinais dos tempos.
Por isto é que te peço,
fervorosamente:
muda a minha idéia das coisas,
o meu jeito de entender a tua presença.
A vida late em meus membros,
em todo o meu corpo,
mas eu não permito que ela se expanda.
Prefiro a lassidão do conhecido
e conquistado do que
buscar o novo lá onde
Tu, de preferência, te manifestas.
Ah, Espírito de Amor e de Saudade,
ajuda-me a romper a crosta que me amarra
e me impede de ser
simplesmente
um companheiro da vida,
um promotor da justiça,
um caminheiro do novo tempo
que se anuncia no horizonte da fé.

Do livro Vigília: Salmos para tempos de incertezas

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