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terça-feira, março 31, 2009

Dois poemas de Marco Antônio Rosa (Marco di Silvanni)

*

Ver além

Se eu for só atentar ao que eu sou,
De que me valerá a minha vida?
O que eu posso é muito pouco, eu sei,
E o que eu sei jamais será bastante.

De que me adiantará ser mais que sou,
Se tudo que eu for não será nada?
De que me servirá ter mais poder,
Se tudo que eu puder não tem sentido?

Conhecimento eu posso procurar,
Me esforçar e achar sabedoria,
Mas de que vale tudo conhecer,
Se isso apenas me conduz ao vento?

Sabedoria, posses, ser alguém,
São coisas que se buscam neste mundo,
Mas não é sem razão, e é profundo,
Que elas em si mesmas nada são.

O Deus que tudo fez criou a vida
Para que o sábio se renda aos Seus planos,
Para que o rico encontre vãos tesouros,
E os poderosos mirem seus enganos.

Somente Deus concede entendimento,
E a Deus pertence toda a riqueza,
Em Deus reside a glória e a nobreza,
E tudo isto o homem busca em vão.

Ó homem, volta os olhos para a vida
Que o Senhor dos céus, Deus soberano,
Tão amorosamente descortina
Diante dos incrédulos vencidos.

Ó homem, reconhece ser perdido,
E reconhece em tudo que alcançaste
Os frutos de um árduo trabalho
Que no entanto não vêm do bom Deus.

Se os teus olhos, sim, humildemente,
Oferecerem a esta esperança
A chance de então se fazer bonança
Nos corações que tudo rejeitaram,
O rico beberá da fonte eterna,
O sábio entenderá todo o caminho,
O poderoso dará glórias a Deus
E nenhum deles andará sozinho.

(do livro Tharsei - Tem bom ânimo, poesias evangélicas)




MEU E TEU CAMINHO

Se tu partiste e estás em teu caminho,
Não te detenhas ao ouvir rumores.
O alegre canto já bateu as asas
E os teus olhos podem te perder.
Somente um é o Caminho, sempre,
E é a Voz que o coração escuta
Que te conduz à frente, adiante,
E não as luzes que tu podes ver.

Flores e frutos em meio aos espinhos,
Por mais formosos, mesmo cintilantes,
Não vão passar de luz de uma vereda
Inebriante, longe do Caminho.
Teu coração pode andar sozinho?
Somente os olhos podem te guiar?
Falsas veredas acenam prazeres
Que esqueceste que não vais buscar?

Qual é a força, enfim, que te domina?
É o anseio breve de um momento?
O mesmo apelo que seduz teu corpo
É o veneno que desfaz o alento.
De quem és tu, coração que me prendes?
Dentro em meu peito escondes teus segredos?
Não vem da Voz a minha segurança,
E do teu meio todos os meus medos?

Não são teus pés que escolhem o caminho,
Se o coração resiste à Voz que guia.
Se reconheces Quem te fortalece,
Por que ceder à força da miragem?
Vai, tem coragem, fecha os teus olhos,
Caminha cego, se preciso for,
Para permanecer no bom caminho,
E o falso encanto não te desviar.

São muitas vozes em que só se entende
Que, se eu puser os pés fora da estrada,
Eu serei tudo sem temer mais nada,
Tantas as prendas a me oferecer.
Mas meu caminho é muito mais estreito,
Fechei os olhos sem olhar os lados,
Cores e sonhos, canções e recados
Ficaram longe enquanto eu sigo além.

Eu me entrego à paz que me envolve:
À noite, o fogo aquece os meus passos,
De dia vejo a nuvem de esperança
Até que eu chegue aos braços do meu Deus.

Visite o blog do autor: http://www.portodopoente.blogspot.com/
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