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domingo, abril 26, 2009

EVANGELIZE-ME!

David Brainerd pregando aos peles-vermelhas

Evangelize-me


Sou mais animal do que gente
Não sou inteligente
Nunca aprendi a ser sábio
Não conheço o Deus Santo.

Quem subiu aos céus e de lá desceu?
Quem controlou o vento em suas mãos?
Quem prendeu as águas com sua veste?
Quem estabeleceu os limites da terra?

Você sabe quem ele é?
Qual é o seu nome?
E o nome de seu filho?
Apresente-me o pai e o filho!

Quem criou Deus?
Onde ele está?
Ele é uma força ou uma pessoa?

De que lado Deus está?
Da justiça ou da injustiça?
Do oprimido ou do opressor?

Deus se escondeu?
Deus abdicou de seu poder?
Deus está morto?

Deus pode acabar com o mal?
Deus pode acabar com o sofrimento?
Deus pode acabar com a morte?

Deus sabe quem eu sou?
Deus me vê?
Deus se interessa por mim?

Quem sou?
De onde venho?
Para onde vou?

Declare-me não-inocente
Derrube por terra minha defesa
Mostre-me minha culpa.

Deus pode me perdoar?
Deus pode me salvar?
Deus pode me transformar?

Conte-me a velha história!
Com pausa e paciência
Pois quero penetrar
A altura do mistério
Que Deus me pode amar!

Conte-me a velha história!
Fale-me com doçura
Do amado Redentor
A mim que tanto sofro
Por ser um pecador!

Conte-me a velha história!
Fale-me sobre o Natal
Sobre a Sexta-feira da Paixão
Sobre o túmulo vazio
Sobre a ascensão de Jesus.

Conte-me a velha história!
Fale-me sobre a parúsia
Sobre a ressurreição dos mortos
Sobre os novos céus e terra
Sobre a plenitude da salvação!


Nota: As três primeiras estrofes são palavras de Agur, retiradas de Provérbios 30.1-4 (NTLH e NVI). A antepenúltima e a que a antecede são versos do hino “A Velha História”.

Fonte: Revista Ultimato
via Mural na Net

Um poema de Florbela Ribeiro A. S.


Há um mar...

Há um mar revolto de dúvidas

que me invadem.

Ondas gigantes onde a incerteza,

o medo e a ansiedade habitam.

Faço projectos para um amanhã

que não sei se virá.

Luto por sonhos impossíveis,

objectivos inatingíveis…

Saberei eu definir o que quero?

Sim!

Só não sei como o atingir.

E é neste balanço da vida

constante e agonizante

que permaneço.

Dói-me o desgaste físico

muito mais o da alma.

Inicia-se um novo dia.

Permaneço aqui, em silêncio,

Escuto a canção do mar,

e respiro a sua fragrância

apenas com o olhar.

Sabes que sou mais pequena

que um grão de areia,

mais transparente

que a gota de orvalho,

e mais frágil que o cristal.

Mas é em ti Senhor,

que busco refúgio, força e paz

a cada novo amanhecer

na procura de respostas

que o amanhã, quem sabe trará!


Visite o blog da autora: http://flor-docearoma.blogspot.com/

terça-feira, abril 21, 2009

Dois poemas de J. T. Parreira


ARTE MUSICAL

Debaixo dos seus dedos a água corre

Pássaros acendem raios
multicolores, sob os dedos de David

Pendem flores da mesa
na presença dos inimigos
e nos lábios os cálices
transbordam

Pastor de cordas no vento
quando os seus dedos tocam
até que à harpa regressem
os silêncios.



PASSAGEM

Dorme o mar nos olhos de Jesus,
uma nuvem
passa o seu volume sobre o lago
e deixa uma sombra no lugar da luz

O vento nos Seus dedos
ainda dorme, a noite
nos sonhos infantis

o silêncio,
mas um trovão se ergue
e de repente um raio risca
um fósforo pelos ares

o mar parte-se como um espelho
do terrível céu

Porém conhece a criadora voz
o arcano das águas
e tudo volta ao que estava
a repousar.


Visite o blog do autor: http://papeisnagaveta.blogspot.com

sexta-feira, abril 17, 2009

Dois poemas de Pedro Marcos P. Lima



POESIA E DEUS


“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” Evangelho segundo S.João 1.1

l

abrindo a Palavra
penso na inspiração
como semente da oração
nasce da raiz do Espírito
busca da revelada luz

unção

que sai de Deus
vem a mim
e volta a Deus

na passagem
dessa comunicação
aqui voz escrita
do Espírito
que se espalha
palavra
plena constelação

seus pontos de luz
iluminem
um coração aqui
outro aí

eu você javeh
irmanados
no ímã da fé

ll

nessa plantação de palavras
a poesia seja
a semente
de um semeamor

caindo em solo
fé-rtil
gere
futuro
fruto
conforme sua espécie

ministério
sem mistério
é a poesia
essa língua estranha

para a “colheitura”
colheita-leitura
de todos

lll

amém



VIDA VIRADA


IRA DA VIDA

VIDA IRADA

DÍVIDA IRA

IRA DA DÍVIDA

VIDA

DIVIDIDA


A D A R I V

V I R A D A


DIA VIDA

VIRA DIA

VIDA VIRÁ

DIA DIRÁ

DIA A DIA

IRRADIA VIDA


*


COM JESUS

VI A VIA

VÁLIDA

DA VIDA


VI A LUZ

DA CRUZ

ALI VI


A


A DOR

MECER

A

DOR


VI O REI

LI VI

REVI

RELI

REVIREI-ME


LIVRE

VIVER


EM DEUS

DEU-SE

PALAVRA

VIVA

*

Nós amamos porque Ele nos amou primeiro


Se pudéssemos encher os mares com tinta,
E os céus fossem feitos de pergaminho,
E cada graveto neste mundo se tornasse uma pena de escritor,
E todo homem, um escriba por profissão,
E escrevêssemos sobre o amor de Deus,
Secaríamos os oceanos;
E os rolos não poderiam conter todas as palavras
Ainda que se estendessem de um extremo ao outro do céu.


Autor anônimo.
Palavras gravadas na parede de um sanatório na Califórnia, em 1917
.

Fonte: Revista Mensagem da Cruz , n° 144 (Jan – Mar 2009).

domingo, abril 12, 2009

Três poemas de Nelly Sachs


TERRA DE ISRAEL

Não cantos de luta vos vou eu cantar
Irmãos, expostos ante as portas do mundo.
Herdeiros dos salvadores da luz, que da areia
arrancaram os raios enterrados
da eternidade.
Que nas mãos seguraram
astros cintilantes como troféus de vitória.

Não canções de luta
vos vou eu cantar
Amados,
só estancar o sangue
e as lágrimas, que gelaram nas câmaras da morte,
degelá-las.

E buscar as lembranças perdidas
que rescendem proféticas através da Terra
e dormem sobre a pedra
em que os canteiros dos sonhos enraízam
e a escada da nostalgia
que ultrapassa a Morte.



VOZ DA TERRA SANTA

Ó MEUS FILHOS
A morte passou pelos vossos corações
Como por uma vinha -
Pintou Israel a vermelho em todas as paredes da Terra.

Para onde há-de ir a pequena santidade
Que ainda mora na minha areia?
Através dos canais da solidão
Falam as vozes dos mortos:

Deponde sobre o campo as armas da vingança
Pra que elas falem baixo -
Pois também o ferro e o trigo são irmãos
No seio da Terra -

Para onde há-de ir a pequena santidade
Que ainda mora na minha areia?

A criança no sono assassinada
Levanta-se; torce pra baixo a árvore dos milénios
E prende a estrela branca anelante
Que outrora se chamou Israel
Na sua coroa.

Reergue-te de novo, diz ela
Pra lá, onde lágrimas significam Eternidade.



Vós que nos desertos

buscais veios de água ocultos -
de dorso curvado
escutais à luz nupcial do Sol -
filhos duma nova solidão com Ele -

As vossas pegadas
calcam a saudade
para os mares de sono -
enquanto o vosso corpo
lança a folha escura de flor da sombra
e em terra de novo sagrada
o diálogo que mede o tempo
entre estrela e estrela começa.

(in Poemas de Nelly Sachs, tradução de Paulo Quintela, Portugália editora, 1967 )


*Nelly Sachs, dramaturga e poeta alemã de origem judaica (10/12/1891 - 12/5/1970). Ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1966, tem a obra marcada pela experiência nazista (conseguiu mesmo fugir de um campo de concentração), o que a torna uma das mais ardentes porta-vozes do sofrimento e do anseio do povo judeu.

sexta-feira, abril 10, 2009

Um poema do Pr. Altair Germano


Declarações de um Púlpito de Igreja Estressado

Por mim muitos sonham
Por mim muitos desejam
Por mim muitos esperam
por mim muitos brigam

Em mim muitos se realizam
Em mim muitos se vangloriam
Em mim muitos se escondem
Em mim muitos esbravejam
Em mim muitos desabafam
Em mim muitos deliram
Em mim muitos enganam

Sem mim muitos se frustram
Sem mim muitos se entristecem
Sem mim muitos se angustiam
Sem mim muitos se deprimem
Sem mim muitos se desesperam
Sem mim muitos se calam

De ouro, prata, bronze, vidro, acrílico, pedra, madeira, não importa.
Investiram-me de um valor simbólico poderoso.

Dou prestígio, status, projeção, e até enriqueço alguns.

Sou um púlpito de igreja estressado,
cansado da mediocridade de muitos que me usam e abusam.

Visite o blog do autor: http://www.altairgermano.com

domingo, abril 05, 2009

Um poema de Sheila Lacaze Reis

*

Tu és Rei,
E habitas dentro de mim.

Tu és Mestre,
E eu tenho a Sua mente.

Tú és Rico,
E sou herdeiro de Tua herança.

Tú és Amor,
E eu o alvo deste Ministério.

Tú és o Princípio e o Fim,
E a princípio, a morte não chega em mim.

Tú és o Tesouro escondido,
E Te busco com toda intensidade.

Tú és Santo,
E eu me limpo em Tuas vestes.

Tú és a Luz a brilhar,
E posso tranquilamente caminhar.

Um poema de Wolô



Adeus heroínas: - Há Deus!

Era a melancolia
Do cotidiano morno,
Que torneava o torno,
Que só se repetia;
E a sede de amor ardia
Até incendiar o forno;
E a aridez era tanta
Que um simples vapor na garganta,
Gerava a miragem feliz
De mil transbordantes cantis.

Veio o degrau do fumo,
Do cotidiano tonto,
Do embalo sempre pronto
Nos becos do consumo,
E o consumidor sem rumo
Voltava pro mesmo ponto;
E a ilusão era tanta
Que a droga tragando a garganta
Soprava a imagem fugaz
De um minutinho de paz.

Veio uma vida tola,
De cotidiano asco,
Pois no pequeno frasco,
No bulbo da papoula,
No tubo daquela ampola
Reinava o seu carrasco,
E a dependência era tanta
Que o mínimo nó na garganta
Forçava na veia as poções,
Cadeias de suas prisões

Veio o inconformismo
Do cotidiano drama,
Atrás a pobre fama,
Na frente só o abismo
No chão movediço a lama,
No interior pessimismo,
E a solidão era tanta
Que o mundo apertando a garganta
Gritava que ele cedeu,
Berrava que ele se deu.





No beco sem saída
Deitou-se a céu aberto,
A morte já por perto,
A vista escurecida,
Mas num lampejo de vida
Olhou para o lado certo,
E a luz do céu era tanta,
Que o gritou jorrou da garganta:
- Senhor, não se esqueça de mim,
- Senhor tenha pena de mim.

O peito arrependido
Tomou a dose certa,
E numa Bíblia aberta
Achou o amor perdido
Pois Cristo Jesus liberta
O coração oprimido
E a libertação é tanta
Que arranca de vez da garganta,
O vício, o resquício, o pó,
O trago, o estrago e o nó.

Pois foi crucificado
O homem sem defeito
Que amava Deus no peito
E o pecador do lado
Que abominava o pecado
– Pecado por nós foi feito –
E a morte na cruz era tanta
Que Cristo o Senhor da garganta,
Doou seu Espírito são,
Semente da ressurreição.

Veio uma vida eterna,
Ressuscitada e nova,
E a cotidiana prova
É essa fonte interna
Na vida que Deus governa
E ternamente renova;
E a transformação é tanta
Que o próprio Senhor na garganta
Transborda a mensagem da cruz,
Convida a beber de Jesus.

Wolô

*Wolô é músico e poeta. Visite a página do autor no Multiply: www.wolo.multiply.com/

via blog Cidadania Evangélica