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terça-feira, fevereiro 22, 2011

Dois poemas de Marcello Ferreira

Navego
Navegamos
e navego
nesse hipertrofiado oceano
O nosso barco foge ao ritmo do vento,
o nosso céu está constante e nublado
Mas, espero
que surjas
rasgando o véu
acinzentado que é anúncio
de chuva ou tempo de frio,
calado e sofrido,
e chova a Tua
luz rasgando
o céu fechado
da minh’alma
e que sejas
o melhor e o único
sol, ao qual já me expus
e que já me iluminou
Navego.


Omissão & Efemeridade
Quanto mais coaxa, a vida dura
com maior ranger, se contorce, a vida breve
Com a alegria, a minha dor não se mistura
Clamo, de joelhos, para que o Além daqui me leve

Se com o prazer, o sofrimento se ajuntasse
teria no quê de vida eterna
um consolo constante que me ajudasse

Olhando, sempre, para o Alto
e o Alto, com força, me atraindo

E a dor encontraria razão
se a minha razão não estivesse se esvaindo

Se eu não me decidisse por morrer, assim
tão infeliz, tão mísero, tão sem Deus, assim

Amargo por me contentar
por me contentar
com o meu fim:
morrer e morar sob grãos de terra
viver e amar sob o resplandecer do Nada
fingir, que a minha vida, um espaço não ocupa
Ser um omisso nesta guerra.

Visite o blog do autor: http://kramland.wordpress.com/

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