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segunda-feira, dezembro 12, 2011

Manjedoura, poema de Rui Miguel Duarte



MANJEDOURA

“Nasceu-lhe então o menino, que era o seu primeiro filho. Envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura, porque não conseguirem arranjar lugar na casa.” (Lucas 2,10 versão A Bíblia para todos, p. 2047)

Não havia uma bacia de água
onde a jovem parturiente
amaciasse os pés
crespos da caminhada


Não havia leito
onde alongasse as pernas
das horas moldadas
ao dorso do jumento


Não havia travesseiro
em que desatasse a dor
jugulada do parto


Não havia linho fino
para cingir os membros tenros
do primeiro filho
Não havia o anteparo
de um berço de ouro


Apenas havia umas faixas
uma tiras de pano de saco rasgadas
apenas sobrava uma manjedoura
para hospedar a noite de feno
do pequeno corpo amarantino


Num estábulo
na ponta mais longe da estrada
aí onde os animais
consolam as bocas
foi disposto o pão vivo do céu


in http://liricoletivo.blogspot.com

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