DEVO-TE A TI
Se agora o sorriso é jubiloso
e não mais os dentes renhidos,
devo-o a ti.
Se o vento refresca-me a alma
e não ouço mais os trovões,
devo-o a ti.
Se as mãos unem-se em harmonia
e trabalham juntas na mesma vontade
exercitando a justiça
e não a jabear nervosas
mas entrelaçadas na verdade.
Se o coração expurgou
e o sangue não está a ferver em vícios.
E aquele momento se eternizou
e não mais o esquecimento resistirá.
Se hoje não estou mais morto
como era outrora.
Se sou, sou em ti,
como nunca fui antes
mas devo-te
porque em ti vivo
movo e existo.
Sem ti,
o que seria de mim?
Não me lembres daqueles dias
nos quais desfalecia como moribundo
agora sou teu
e nada me fará voltar ao vômito
de onde fui tirado
lavado e vestido em roupas brancas
a olhar-te, frente a frente
assim como sempre
olhou para mim.
Se sou, és porque
tu sempre foi e
jamais poderia não ser
o eu sou.
E devo-o a ti.
APENAS UMA VEZ
O destino não selado,
na dúvida por um instante,
eram duas tentativas correlatas
de se escrever a história
ao passar daquilo que aconteceu.
No prognóstico impreciso
aspectos reais não são o mesmo que delírio.
Toda condenação é um ato de pureza
onde o perdão não pode ser tocado
nem motivos reivindicados,
a se salvar por coincidência
ou a trôco de nada.
Cedo ou tarde a autoridade triunfa
pelo único nome a atravessar as épocas
antes do tempo e da fundação do mundo
na ordem por muitos ignorada
mas sustentada na palavra.
Determinou a origem e o fim
como estrada aberta em mata virgem
tão longa que falta fôlego imaginar,
homens perdidos, unidos na fé,
uma vez, como a dada aos santos.
Mas do que se passou não há lembrança
nem suspeita
quando no livro aberto
nenhuma ausência for sentida.
A necessidade de reparar
não precipitou o desfecho,
ainda que sempre estivesse escrito.
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