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segunda-feira, dezembro 19, 2016

Dois poemas traduzidos por Isaac N. Salum


Contato Interrompido

Apenas um sorriso – o olhar de simpatia
Que visse em teu semblante a velha acabrunhada
Ter-lhe-ia dado alívio. E não custava nada!
Seu coração gemia e era profunda a dor.
Ela, porém, se foi, magoada e em agonia,
Porque, quando a encontraste e viste, aquele dia,
Estavas sem contato, irmão, com teu Senhor.

Somente uma palavra, uma palavra breve –
O Espírito dizia: “É hora!” E não o ouviste!
Foi-se o trabalhador desanimado e triste!...
Mostrar-lhe simpatia e fé, mostrar-lhe amor,
E assim, reanimá-lo em tuas mãos esteve.
Mas não pudeste ouvir aquela voz tão leve:
Estavas sem contato, irmão, com teu Senhor.

Apenas um recado, um rápido recado –
Mensagem a um amigo em um país distante –
O Espírito dizia: “Escreve!” E, nesse instante,
Julgavas ter à frente ação de mais valor,
E não te incomodaste! E foste descuidado!...
Terias salvo uma alma em pecado!
Mas não tinhas contato, irmão, com teu Senhor.

Um cântico somente, um cântico singelo –
Que o Espírito dizia: “Entoa nesta noite;
Tua voz pertence ao Mestre: Ele a comprou.” Mas foi-te
Inútil a insistência. É que tiveste horror
De vir falar do céu à turba em atropelo!
Terias despertado corações de gelo!...
Mas não tinhas contato, irmão, com teu Senhor.

Somente um breve dia, um dia pequenino –
Calculas bem, qual seja, irmão, a consequência,
De um momento esbanjado, inútil, na existência,
Das horas que empregaste em cousas sem valor?!
“Permanecei em mim”, diz o Senhor divino;
Qualquer serviço é vão, terá fruto mofino,
Se perdes o contato, irmão, com teu Senhor.

In Florilégio Cristão (JUERP).


A Cruz de Cristo

Para viver entre nós, numa cama emprestada,
Ele humilde nasceu
E em jumento emprestado andou toda a estrada
Da montanha à cidade e à cidade desceu


Mas a cruz dolorosa
E a coroa espinhosa
Eram Suas, bem Suas:
A ninguém as deveu!


Tomou o pão dum menino e o peixinho emprestado
E ambos abençoou:
Fez o povo assentar-se em redor pelo prado:
Foi o pão repartindo e a todos saciou.


Mas a cruz dolorosa
E a coroa espinhosa
Eram Suas, bem Suas,
De ninguém as tornou.


Num barco emprestado, a vagar de mansinho,
Ele pôs-se a ensinar.
O pardal tem sua casa, a andorinha seu ninho…
Para Ter Seu descanso, Ele nem teve lar!


Mas a cruz dolorosa
E a coroa espinhosa
De ninguém foi tomar
Eram Suas, bem Suas.


A caminho da tumba, em salão emprestado,
Um jantar celebrou.
Foi em morto envolvido em lençol emprestado
E em sepulcro emprestado, afinal repousou.


Mas a cruz dolorosa
E a coroa espinhosa
Eram Suas, Bem Suas:
De ninguém as tomou!


Mas o berço entregou,
Entregou o jumentinho,
Devolveu casa e barco,
E os tecidos de linho
Ressurgindo, vazio o sepulcro deixou.


Mas as vestes de luz
E as marcas da cruz
Essas eram bem Suas
E consigo as levou!



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