Salmo do dependente químico
A droga é meu guia,
nada me faltará.
Ela atende os meus
anseios:
leva-me aos pratos
desejados
e às fontes do meu maior
prazer.
Refrigera-me a alma aflita
e cansada dos becos sem
saída...
Mas logo, sem querer,
mergulho
num porão escuro, onde
encontro,
de mãos dadas, o prazer e
a morte.
Sinto medo, o chão treme
sob os pés
e gela a alma dentro de
mim.
Vou e faço uso novamente,
mas nem a droga me tira a
fissura.
Desejo sumir, mas pra
onde?...
Corro pra casa, antigo
refúgio,
acho a minha mãe em
oração,
ela sofre por mim, também
adoeceu.
Isso me fere o peito, me
dói.
Tomo um banho, sento à
mesa,
janto, fumo, troco umas
palavras
com minha mãe e outras
pessoas,
nem assim me sossega o
espírito.
Um olhar, uma palavra
qualquer
aflora a minha
agressividade...
Penso que nenhuma bondade
habita mais o meu coração.
Sinto vergonha de mim!...
Percebo que fiz as pazes
com a morte,
até já pedi pra morrer,
pois sei que posso matar
alguém.
Ando estranho, frio,
insensível...
Todos sabem, nunca fui
assim!
Faço tudo pra me conter,
mas, confesso, tenho medo
de mim.
Valdomiro Pires de Oliveira
Fonte: Revista Alvorada
#71 (Out/Nov/Dez 2012).
Amigo leitor, convido você que tem sofrido com a dependência química de qualquer tipo a ler este texto: Como libertar-se dos vícios.