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terça-feira, janeiro 31, 2017

Salmo do dependente químico


Salmo do dependente químico

A droga é meu guia,
nada me faltará.
Ela atende os meus anseios:
leva-me aos pratos desejados
e às fontes do meu maior prazer.
Refrigera-me a alma aflita
e cansada dos becos sem saída...
Mas logo, sem querer, mergulho
num porão escuro, onde encontro,
de mãos dadas, o prazer e a morte.

Sinto medo, o chão treme sob os pés
e gela a alma dentro de mim.
Vou e faço uso novamente,
mas nem a droga me tira a fissura.
Desejo sumir, mas pra onde?...
Corro pra casa, antigo refúgio,
acho a minha mãe em oração,
ela sofre por mim, também adoeceu.
Isso me fere o peito, me dói.
Tomo um banho, sento à mesa,
janto, fumo, troco umas palavras
com minha mãe e outras pessoas,
nem assim me sossega o espírito.

Um olhar, uma palavra qualquer
aflora a minha agressividade...
Penso que nenhuma bondade
habita mais o meu coração.
Sinto vergonha de mim!...
Percebo que fiz as pazes com a morte,
até já pedi pra morrer,
pois sei que posso matar alguém.

Ando estranho, frio, insensível...
Todos sabem, nunca fui assim!
Faço tudo pra me conter,
mas, confesso, tenho medo de mim.

Valdomiro Pires de Oliveira


Fonte: Revista Alvorada #71 (Out/Nov/Dez 2012).

Amigo leitor, convido você que tem sofrido com a dependência química de qualquer tipo a ler este texto: Como libertar-se dos vícios

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