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sábado, maio 20, 2017
Um poema de Ella Wheeler Wilcox
GETSÊMANE
Ella Wheeler Wilcox (1902)
Tradução de Israel Belo de Azevedo
Na áurea juventude quando cada dia
parece um verão sem fim de alegria,
quando as almas riem no coração brilhante
e nenhuma sombra espreita no horizonte,
precisamos todos disto saber:
existe, escondido sob os céus da noite,
um jardim que todos devemos ver:
o jardim do Getsêmane.
Com passos firmes fazemos nossos caminhos,
o amor empresta perfume aos nossos dias,
leves tristezas navegam como nuvens distantes,
sorrimos e dizemos que somos bastantes,
apressamo-nos e, apressados, nos pomos em ação
até alcançar a fronteira da aflição
que espera por ti e espera por mim,
pois sempre nos espera o Getsêmane.
Em veredas sombrias ao longo de estranhos córregos atavessados
por nossos sonhos despedaçados,
aquém dos obscuros chapéus dos anos,
além da grande fonte salgada das lágrimas,
está o jardim. Não importa o quanto venhas lutar,
não podes evitá-lo em tua jornada.
Todos os caminhos, trilhados ou a trilhar,
passam em algum ponto do Getsêmane.
Todos os que vivem, cedo ou no fim,
passarão pelo portão do jardim
e ali sozinhos se ajoelharão
e com feroz desespero contenderão.
Misericórdia, Senhor, dos que não podem dizer
"Não a minha, mas a tua", dos que apenas oram
"Passa de mim este cálice", mas não podem ver
o propósito do Getsêmane.
(Poems of Power. Chicago : W. B. Conkey, 1902).
Via Prazer da Palavra
Lindo, e tão melancólico, neste fim de tarde de maio, após a chuva. Talvez por ser em tudo verdadeiro, e me fazer lembrar da amiga e poetisa Pérrima de Moraes Cláudio, que já descansa no Senhor.
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