ACORDANDO NU
Estou em uma festa quando uma criança me pergunta:
"Ei, você quer beber, mano?"
Oh, não, obrigado, eu não bebo mais
Isso é uma porcaria
Otário, trouxa, fraco
Às vezes devo ser chato - então sou chato
As festas que geralmente vou consistem de café e sentimentos
Algumas vezes por semana, nós sentamos em um círculo
e tentamos reconstituir nossas vidas.
Não nos lembramos delas tão claramente.
Além disso, uma vez, quando pesava apenas 60 quilos,
matei uma garrafa de Jack Daniel's em trinta minutos.
Na manhã seguinte, acordei nu no banco de trás do meu carro
Com o gosto de vômito subindo até a garganta.
Sou alérgico ao álcool.
Toda vez que bebo eu acabo algemado
cago no carpete da sala e, em seguida, chuto uma porta.
Até hoje eu coloquei três gatos em uma mochila,
um cachorro em um armário
Não me chame de chato, senhor
Uma vez, eu esqueci onde era minha casa
Fui escoltado por estranhos
Estava com um pacote de biscoitos, um guarda-chuva
e completamente nu
Mas uma vez eu soquei o meu melhor amigo
tão forte que quebrei o nariz dele
E uma vez eu tomei mais comprimidos que eu consigo lembrar
E aceitei que estaria morto em uma hora
Não se atreva a me chamar de fraco
Eu engoli mais litros de arrependimento
do que o sangue que você é capaz
de bombear no seu corpo.
Não diga ao meu pai que ele era ‘chato’
ao olhar o seu único filho nos olhos
e perguntar-lhe se ele bebeu mais uma vez.
Você não será bem-vindo nesta casa.
Não diga a minha mãe que eu sou fraco
Ela não vai conseguir conter as lágrimas
ao lembrar-se de quando ‘passeava’ pela ala psiquiátrica
Para ver seu próprio filho algemado
a uma cama na sala de emergência.
Ela passou quatro anos orando pela minha sobriedade,
E você não vai tirar isso dela.
Se for me dar uma dose (tiro), é melhor ter um gatilho envolvido
A vez que me senti mais forte foi quando
eu disse “não” pra bebida pela primeira vez
Eu disse não, todas as manhãs desde 29 de setembro de 2008
Eu digo não dezoito vezes antes do café da manhã
Um para cada passo necessário para ir do meu quarto até a geladeira
Eu digo não dez vezes antes de trabalhar
Uma para cada outdoor que me diz que eu era mais forte quando bebia
Eu disse não mais vezes do que posso contar
Uma vez pra cada noite que minha família ficava acordada
tentando não imaginar a minha lápide
Você me faz a pergunta
Eu não ouço as palavras que você está dizendo
Escuto você me perguntar: você quer morrer, Michael?
Não, eu não quero mais morrer.
Michael Lee
Trad. Sammis Reachers e Erick Mendes
UMA COISA A DIZER
Só há uma coisa que eu
poderia dizer
sobre como me senti
naquele dia.
O dia em que nos sentamos
com livros para colorir
e continuamos rindo de
nossas pinturas engraçadas.
Uma memória para sempre
impressa em minha alma,
a única que terei, desde
que você perdeu o controle.
Só há uma coisa que eu
poderia dizer
sobre como me senti
naquele dia.
O dia em que você me
machucou pela primeira vez
e me fez pensar que
respirar era um crime punível.
Uma memória que eu daria
qualquer coisa para trocar;
O dia em que minha mãe
começou a desaparecer.
Só há uma coisa que eu
poderia dizer,
para descrever como eu
odiava todos os dias.
Os dias em que eu esperei
a noite toda,
porque eu não conseguia
dormir
até que você chegasse em
casa bem
Uma memória minha que você
nunca conheceu,
porque quando você
chegava, eu me escondia e evitava você.
Só há uma coisa que eu
poderia dizer,
para expressar como você
me fez chorar naquele dia.
Os gritos e o ódio que vi
em seus olhos
não era minha mãe, mas um
efeito de sua embriaguez.
Uma memória que assombra e
se recusa a decair.
e você nem se lembra
disso, de qualquer maneira.
Não há nada que eu possa
dizer,
para dizer como me sinto
hoje.
A dor no meu coração a que
nunca vou me acostumar,
porque é ilegal para mim
falar com você.
Eu te amo, embora você
nunca acredite nisso;
apesar de sua raiva, seu
ódio, e ataques temperamentais.
Não há nada que você possa
dizer,
para fazer toda a dor ir
embora.
Vou lembrar de você por
quem você era,
das primeiras memórias de
um borrão confuso.
Tenho saudades da minha
mãe e de tudo o que ela poderia ter sido,
se ela não tivesse deixado
o álcool fazer sua vida desabar.
Nota do autor: Eu
tenho 17 anos. Este poema obviamente foi escrito sobre minha mãe, que tem um
terrível problema com drogas e álcool. Ela costumava me deixar em casa sozinha
para jogar por horas; às vezes, por dias. Sempre que ela voltava, ela voltava
bêbada e abusiva.
Lembro-me de noites em que fiquei acordada e esperei que ela voltasse
para casa. Metade de mim queria que ela voltasse em segurança, e metade de mim
desejava nunca mais vê-la.
Ela quase me matou há cerca de um mês. Eu preenchi uma ordem de
restrição e não posso mais vê-la.
Anônimo
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