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sábado, outubro 18, 2014

Dois poemas missionários de Jonathas Braga


O Clamor dos Perdidos

As estrelas estão brilhando no infinito
como brilham no oceano indívagos faróis:
será que estão ouvindo o doloroso grito
dos que sofrem na terra, anônimos e sós?

Há lágrimas de sangue e a dor é de granito:
quem pode sufocar no peito a própria voz
se, em cada ser humano há um coração aflito
e em cada coração o sofrimento é atroz?

Observa quanto é triste e amarga a realidade:
a dúvida aniquila a pobre humanidade
e a nuvem da ilusão para o abismo a conduz...

Pois então já não vês que o mundo todo é um ermo?
E por que onde exista um coração enfermo,
não levas a eternal mensagem de Jesus?


Missionários

Esses que lá se vão pelos sertões bravios,
através dos matagais, transpondo as cordilheiras,
rasgando sem cansaço, as selvas brasileiras,
atravessando vaus, abismos, fontes, rios;

Levam o Pão da Vida aos entes erradios
que vivem a chorar de fome nas lareiras,
sem esse Pão que dá conforto nas canseiras
e as almas alimenta em seus transes sombrios.

São eles os titãs que lutam com denodo
contra a cegueira e contra a idolatria,
para os mortais tirar do mundanário lodo...

Emissários de Deus, vão eles cada dia
levando este Evangelho a todo homem, a todos
que vivem sem a luz que as almas alumia!

Do livro Antologia Missionária (JUERP, 1967)

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