O CORDEL DA BLOGOSFERA CRISTÃ ─ N° 2
Na igreja é proibido
De certos temas falar
Mas aqui é permitido
Tudo pode-se perguntar
Num modo bem divertido
Do que se assiste por lá.
Só se fala de pecado
Na igreja e seu espaço
Mas o Deus humanizado
Está aqui no cyberespaço
Por todos muito estudado
Sem cai-cai, e estardalhaço.
Mentira, aqui se desfaz
Trapaças que todo tempo
São pregadas em Catedrais.
Que tristeza ver um templo
Virar chão de Satanás
No seu maior passatempo.
Crente aqui não tem cartão
Pra ser membro virtual
Comenta com o coração
De uma maneira natural
Sem ter medo de pressão
De igreja e o seu curral.
Deus aqui humanizado
Faz-se irar o legalista
Que em tudo vê pecado.
Quem é esse moralista
De um Jesus falsificado
Que tem pose de artista?
Carregando o seu andor
E bradando o seu bordão
Esse artista com ardor
Quer matar o seu irmão
Maltratando o pecador
Por não querer sua unção.
Vi aqui na blogosfera
Debate muito inflamado
Fera engolindo fera
Por causa de um pecado
Um de muitos, amigo era
Foi por fim crucificado.
Vi pastor pedir vingança
Com arrogância, sem amor
Vi outros com pujança
Defendendo o pecador
Que por ser uma criança
Briga e brinca sem rancor.
Vi maldade e aberração
Em nome de Jesus Cristo
Vi reteté e vi unção
Como nunca tinha visto
Pastor caindo no chão
Gritando: “poder é isto!”
Dentro do “cristianismo”
Vi tanta macumbaria
Vi circo e vi cinismo
Vi foi muita zombaria
Que até o ateísmo
Dele se envergonharia.
Se tu dizes que és crente
E queres a volta da Lei
Deixa essa fala indecente
Que só tem Teologuês
Recebe a graça urgente
Sem medo e com lucidez.
Na blogosfera a Pandora
Deu saída aos seus bobos
Que de forma impostora
Difamaram com arroubo
O defensor da pecadora:
A “ovelha em pele de lobo”.
Na blogosfera tem gente
Que quer trazer a censura
Numa febre efervescente
Pela tal da ditadura
Não é crente, é descrente
Viciado em linha dura.
A Suprema Estratégia
Se o mundo está repleto de inimigos
Três estratégias, três caminhos eu tenho:
“Combatê-los, fugir, ou amá-los”.
Caim matou Abel
Mas ficou-lhe da alma do irmão, a marca
Jacó fugiu de Esaú
Mas errante vagou com seu fantasma.
Desejo — esse adesivo fluido e flexível.
Revela-me a excelente e suprema estratégia:
“De na estranheza do outro, me ver”.
Parar de odiar o estrangeiro?!
“Só se o meu desejo for também o dele...”
Se o amar for isso reconhecer
No “alto céu” de minha mente surgirá
Ao invés de um confronto uma síntese.
NÃO FAÇAS IMAGEM DE MIM?!
Ah, entendi!
Disseste lá atrás:
“Não faças imagem de Mim!”
Entendi que a imagem que eu faria de Ti,
O outro, nunca iria entender que era igual a dele.
Deveria então guardá-la só pra mim,
Para que o outro pudesse compreender
Que a imagem que de Ti eu faço
É a mesma que ele faz de Ti, que eu desconheço.
Se as imagens não Te prejudicam,
Antes, esclarecem o ritmo de Tua marcha,
Por que não devo me empenhar
Em tornar Teu sopro, visível
Encerrando-Te em palavras, pensamentos e alegorias?!
Vejo que não cabes em nenhum desenho,
Nem nas vinte e quatro letras do nosso alfabeto.
Mas ainda assim, teimo em colocar-Te máscaras,
Como quisesse delimitar o ilimitado?!
Perdoa-me por Te imaginar...