terça-feira, maio 06, 2025

Três poemas de Rogério Godoy

 


ERGA-TE

 

Quando tiveres fome, comas de meu pão.

Quando tiveres sede, bebas de minha água.

Quando tiveres frio, agasalha-te em meu corpo.

Quando tiveres medo, esconda-te por trás de mim.

Quando te sentires só. Chama-me e eu não tardo a chegar.

Quando estiveres perdida(o), tua bússola serei,

para ao caminho certo te guiar.

Quando estiveres com problemas,

busca-me e te direis como o resolver.

Quando por um motivo qualquer,

as lágrimas encharcarem a seus olhos, com suavidade,

a cada uma delas, com as pontas de meus dedos enxugarei.

Quando a tristeza te invadir o coração,

use e abuse de minha alegria.

Quando o estresse te fazer querer gritar, use os meus ouvidos;

mas com cuidado para a meus tímpanos não estourar, 

pois para mim um castigo seria, a sua voz não mais poder escutar.

Nesta luta, tu nunca só estará.

Quando a verdade a seu lado estiver, e isso justo for,

contra tudo e contra todos, estarei sempre pronto para te ajudar;

nem que seja para do chão te levantar,

em meu colo te pegar, para o caminhar continuar.

Mas, se certa não tiveres, nem justo fores,

assim mesmo comigo conte;

nem que seja para de teu erro te convencer,

e a seu lado estar em seu humilhar, sua cabeça levantar,

e dos ataques dos cruéis de proteger.

Sozinha, tu nunca estarás;

desde que, a seu lado quiseres que eu venha, sempre estar.

 


GALERIA DA DOR

 

Relato de um menino...

Menino, um dia criança...

Criança, um dia de rua...

Criança gente... gente criança:

 

“Eu sou gente!”

 

Sou gente que procuro gente

que absorva meu amor ardente,

num compasso desencontrados

onde gente passa por indigente.

 

Sou gente que procura gente

que me torne verdadeiramente gente

e não do mundo uma vertente,

tirando-me da testa o rótulo de indigente.

 

Sou gente que se mistura com gente

branca, negra ou transparente...

O que importa é ser gente

e não um simples indigente.

 

Sou gente... do cantor a repente

que a muitos faço contente

com versos e prosas cantadas

numa alegria... de mim ausente.

 

Sou gente que ao abismo passa rente

por haver gente que não me vê gente,

e sim uma triste figura

de um desprezado indigente

 

Sou gente, elo da corrente

de um mundo obscuro e incoerente,

que até certo ponto...

não deixa de ser atraente.

 

Sou gente... humildemente gente,

um tanto eloquente como contundente;

mas que no fundo é apenas gente

que merece ser amada como gente...

 

Simplesmente gente,

e não... como simplesmente e vulgar indigente.

 

 

SAUDADES DO PAI

 

Senhor, inclina teus ouvidos para mim

e ouve nessa hora a oração que a ti faço.

Peço-te que me permitas subir em teu colo

e encostar minha cabeça em teu peito.

Bem sei eu, Senhor,

que lugar melhor não há para eu estar.

Como eu queria Senhor “retornar” ao jardim,

onde contigo “me encontrava” a cada crepúsculo.

Quero de onde eu estiver, a tua voz conseguir e poder ouvir,

quando a meu nome tu chamares;

a tudo largarei e correndo a teu encontro irei.

Em teu pescoço quero pular e me agarrar,

não te soltar até sentir seus braços me afagarem;

enquanto giramos juntos

à luz de um lindo final de tarde em teu jardim;

o jardim que tu preparastes só para me encontrar; o teu/meu jardim.

Quero ter um encontro de meus olhos com teus olhos,

e ter meu pecado constrangido e vencido por teu santo olhar.

Senhor, despido dos trapos de imundice, que no dia a dia,

a meu corpo cobrem, quero me banhar e submergir em tuas águas.

E quando de tuas águas, eu sair meu Senhor,

me dê novas vestis, para o continuar;

pois a sujeira de minhas vestes, me trazem vergonha

e retardam meu caminhar.

Senhor, assim como para com Estevão tu fizeste,

também para comigo se faça;

quando chegar a hora de a mim recolheres,

quero a tua face contemplar, antes mesmo de a meus olhos fechar.

Hoje, Senhor...

eu tenho saudades dos encontros contigo em teu jardim,

que nunca pude ter; dos beijos que não te dei;

do doce perfume teu, que nunca pude sentir;

do brilho de teus olhos, que não pude ver...

Perdoa-me Senhor...

pelas vezes que em oração, não te busquei;

pelos momentos, que a sua voz fingi não ouvir;

por trocar-te por um irresistível prazer;

por escolher ao caminho largo e encontrar-me com a perdição...

Então, Senhor...

Toma-me pelas mãos – como que a um menino tomas,

e leva-me de volta para o teu jardim, oh Pai;

pois é lá, a seu lado, que seu filho quer estar.


Leia outros textos no site do autor: https://mj7missoesurbanas.no.comunidades.net/


  

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