segunda-feira, julho 21, 2025

Três poemas de Pedro Henrique de Oliveira

 


É necessário que eu diminua

 

Quão grandes coisas falo

quando sou vazio.

Quão grandes milagres vejo

quando sou nada, mas não me desvio

Quão belos são esses mares

quanto capitaneias meu navio

 

Sumo e nada sou

para que, servo,

trabalhe de coração sincero

ouvindo sempre no peito "eu sou o que sou"

 

Quando a graça de pregar

o evangelho e a cruz

deixar-me humilhado a chorar

serei então um como Jesus

 

Endireitando a vereda

sigo vivendo e pregando

para que em mim Ele se engrandeça

e eu ria mesmo chorando.

 

Entre os homens o menor

no reino dos céus de meu Senhor

Serei menos ainda, servo sem pecado nem dor

servo feliz no céu, como na terra, do Filho do Amor.

 

Uma vez contigo, em eterna serenata

lembrarei somente da alegria

de cair de joelhos gritando: "Maranata".

 

 

 

Espelho ao pregador

 

Jovem e acanhado

sincero de fé e coração

pelo Velho de Tarso chamado

convocado a cumprir a santa vocação

não era rico nem mui-amado

tampouco era ele de alta posição

 

Mas a fé não fingida

e a sinceridade de seu chamado

Fé pelo próprio Deus erigida

que não viu grandeza ou estado

intimado foi a continuar aquela lida

do velho Paulo, já passado.

 

Uma vez que lá chegou

à Roma do Augusto falso,

viu choro e junto chorou

era passado o Velho de Tarso

Mas a carta entregue o lembrou

que a labuta continua, aquilo seria apenas marco

 

À Ásia enviado,

e ainda mais além,

do Norte ao Sul carregado

da Palavra daquele alguém

que trouxe de longe o fardo

de pregar sem ouvir amém.

 

Seu conto hoje, já terminado,

É modelo para o pregador novo

Ainda despreparado

que logo mostra o evangelho ao povo

ainda que amedrontado

e a dor e a humilhação

Pagar-se-ão com glória e benção

 

"Ouçam!" dizem em coro

Paulo, Timóteo e os meus,

"Ouçam a Cruz e ao Cordeiro"

gritamos juntos, louvando à Deus

"Pois fomos salvos sem condecoro

Da ira aos que não são filhos seus"

 

E do exercício da vocação

nada esperamos

senão misericórdia no coração

no nosso e no do Deus que amamos

que é justo e bom com sua mão

e dá-nos mais do que merecemos, ou esperamos.

 

 

 

Pirilampo Insosso

 

Sirvo eu um alguém

sofrido servo,

E grande rei

filho do pai ressurreto

mas eu, vivo, morri. não sei.

 

De luz e sal,

um nos pés e no caminho,

outro da terra, remediando o mal,

sinto-me pirilampo insosso

 

Luz fraca inconstante,

Sem gosto de alegria humana

só por breve instante.

Que o Servo-Senhor tenha misericórdia

desse pirilampo insosso que quer não ter fé leviana.

 

Mas o Servo-Senhor,

misericordioso,

Fala comigo manso, cheio de amor,

e mesmo que por um momento,

não sou luz fraca, tampouco insosso.

 

Sou campo florido,

pirilampo contente

ilumino o mundo, incontido

e tudo sinto, e tudo me sente

 

Ó Senhor! Ó Senhor!

Meu Rei!

Servo sofredor!

Cordeiro! Manso e cheio de amor!

 

Tem misericórdia deste pirilampo

leva-me pra casa

me deixa brilhar um mundo, no campo

com mais sal, mais vento nas asas

 

Vem buscar-nos, já me sinto cansado

seja feita a tua vontade, Sábio adorado

até que venhas, me capacita

com vara e cajado, me guia

 

Até que venha, conserva-me a fé

sem lugar para escapar de Ti

altura, profundidade, vida, e morte até

que eu não caia, não seja homem cheio de si

 

Até lá, dá-me graça de contentar

com brilho pouco e fraco piscar

que seja a minha pouca luz a brilhar

que revele Tua luz infinita, através de mim a mostrar

 

Que mesmo o fraco pirilampo

quase extinto

pode brilhar sua luz, já cheio de Ti,

não por escolha, por natureza; simples instinto.


Instagram: @aqueleoutrola22


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