sábado, agosto 20, 2022

Três poemas de Peniel Pacheco

 


CORPO VIVO

 

Ver, com os olhos da fé;

Andar, nas pisadas do Mestre;

Pensar, com a mente de Cristo;

Amar, segundo o coração de Deus;

Abençoar, com mãos santas e generosas;

Abraçar, com braços fraternos;

Trabalhar, como para o Senhor;

Repousar, para renovar a alma;

Confiar, na soberana vontade do Pai;

Morrer, para o mundo;

Viver, para Deus;

Renascer, como herdeiros da graça;

Combater, o bom combate;

Exercitar, o fruto e os dons do Espírito;

Antever, o novo céu e a nova terra;

Compartilhar, as palavras de vida eterna;

Cumprir, o chamado para servir ao povo de Deus!


VOZ QUE VEM DO CÉU

 

De onde vem essa voz

Que fala alto ao coração?

Terá vindo das nuvens?

Terá vindo do firmamento?

Só pode ter vindo do céu!

 

De onde vem essa mensagem

Que cala fundo na alma?

Terá vindo do vento?

Terá vindo do nada?

Só pode ter vindo d’além!

 

Palavra que fala ao coração

Palavra que cala na alma

Eu sei donde vens:

Vens do céu.

És voz de Deus!

 

Vieste um dia do céu

Só para me dizer

Que um dia para o céu irei...

Palavra de Deus!

 

 

PÁ NELAS

 

Panelas grandes, pequenas ou médias;

De pedra, de barro, de alumínio ou de ferro;

Novas ou velhas, não importa,

Realçam o incômodo entrevero.

 

Panelas levadas ao fogo,

Que atiçam a fervura da água

E refogam os grãos na salmoura

Ativando ávidos olfatos.

 

Benditas panelas rústicas ou nobres,

Que adornam palácios ou casebres,

Emoldurando paredes antagônicas,

De trágicos cômodos disformes.

 

Panelas cheias de ganância

Transbordam a opulência da gula

Enquanto panelas vazias

Denunciam os disparates da vida.

 

Panelas que exalam vapor

Quando a pressão aumenta

Por causa da maldita exclusão

Que amplia a tensão e a tormenta.

 

Panelas que se agitam ao vento

Emitem sinais de alerta

Como um grito de resistência

Quando o silêncio aperta

 

Panelas agudas ou graves

Recortam o vazio da noite

Ao vibrarem diante de açoites

Que os cerrados punhos deflagram

 

Panelas que orquestram sonidos

Que despertam o sono da alma

Fazendo vibrar corações altivos

Que não se conformam com o sufocante martírio.

 

Ungidas panelas que tinem

Acima dos decibéis imbecis

Que pensam que a lâmina da baioneta

É mais aguda do que os acordes hostis.

 

Panelas cheias de espanto

Diante dos discursos vazios

Daqueles que zombam do pranto

Forjando deboches sombrios.

 

Ouve-se das massas o estardalhaço

Ecoando além das vidraças opacas:

“Independência ou morte de fato”

É a voz que vem do panelaço!


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