quinta-feira, março 07, 2024

O focinho do camelo, um poema de Lydia H. Sigourney

 



O Focinho do Camelo


Certa vez em sua loja um artesão trabalhava

Com mão lânguida e pensamento apático,

Quando da janela aberta

Cuidado! – um camelo enfiou a cara.

“Meu focinho está frio”, ele choramingou, humilde;

“Oh, deixe-me aquecê-lo ao seu lado.”

Como nenhuma palavra de negação lhe foi dita,

Para dentro veio o focinho – e veio a cabeça,

E assim como o sermão vem depois da leitura do evangelho

O pescoço errante e longo veio a seguir.

E então, quando caiu a tempestade ameaçadora,

Saltou para dentro toda a forma deselegante.

 

Espantado o artesão olhou ao redor,

E para o grosseiro invasor franziu a testa,

Convencido, ao vê-lo assim tão perto,

De que não havia espaço para tal convidado.

Ainda mais surpreso, ouviu o camelo dizer:

“Se estiver incomodado, siga o seu caminho,

Pois neste lugar eu escolhi ficar”.

Oh, corações jovens, nascidos para a alegria,

Não tratem esta fábula árabe com desprezo.

Para as velhas artimanhas do mal

Não emprestem nem ouvidos, nem olhar, nem sorriso,

Sufoquem a fonte escura onde ela fluir,

Não admitam sequer o focinho do camelo.


Mais sobre Lydia aqui.


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...