quarta-feira, novembro 05, 2008

Três poemas de Ariovaldo Ramos


Conversas com Deus

Conversas francas com o nosso Senhor;
Que são, eu o espero, reverentes.
Tornam, de fato, bastante patentes,
Crises de mui sério inquiridor.

Coisa, até um tanto, resolvida:
Questões de teologia e pessoais;
Perguntas, aparentemente normais,
De quem confronta essa cara vida.

São as respostas que tenho buscado,
E os fatos que tenho questionado,
Os tais que, me desculpem os ateus,

Ainda que a eles não pareça,
Por mais mesmo, que a dúvida cresça,
É bem melhor perguntar para Deus.


Misericórdia

Reconheço e sei que estão em postos
Mui diferentes projetos de vida
Tão insignes desafios de lida
Que devem reorientar os gostos

E, entretanto, por mais que se tente
Ainda que com bastante afinco
E, eu garanto, com isso não brinco
A gente se vê mesmo impotente

O bem, então, que quero, não consigo
Pela presença de um mal antigo
E não sei se conto sua concórdia

A ineficácia desse esforço
Pela existência dum claro fosso
Me remete à sua misericórdia


Desígnios

Não sei não! Você aprontou comigo:
Numa madrugada triste e fria,
De um modo que, sei, ninguém diria,
Você levou o meu grande amigo.

Eu sei que a vida é muito breve,
Que tal qual Anchieta na areia,
Numa tênue e mui sensível teia
Você, a vida da gente escreve.

Está certo surpreendente Deus,
Afinal, os desígnios são só seus.
Recolho-me ao que me circunscreve.

Você não tem de explicar p’ra mim
E como o cronista Ibrahim...
Eu digo: “ademã”, que eu vou de leve.

Visite o site do autor: www.ariovaldoramos.com.br

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