quinta-feira, janeiro 26, 2012

CONTÉM: ARMAS PESADAS - Ode à alteridade >>> Conheça e baixe meu novo livro



CONTÉM: ARMAS PESADAS
Ode à alteridade

Apresento a vocês meu mais novo livro, um deveras estranho livro de poesia.
Mas de que se trata, com título e subtítulo já tão (ou tão pouco) sutis? Esta é uma história de ação? Sim, um talvezépico sujo. Pois há muito de triller cinematográfico aqui, nesta ficção poética, belicosa história de amor, de perdições e redenções. O discurso poético praticado é experimental: fragmentário, interativo. É um livro para ser lido online, um exercício amplo de hipertexto ou hiperliteratura, um livro que entre as interatividades propostas chega a possuir capítulos secretos (como fases bônus num jogo de videogame). Mas quanto ao teor e o conteúdo total dos experimentalismos, você precisará ler o texto para descobrir. E há muito a ser descoberto.
Cada capítulo/poema é precedido por uma fotografia também de minha autoria, num planeamento gráfico objetivando simbioticamente se integrar e promover (antecipando/amplificando, e mesmo desconstruindo) os subclimas que irrompem aqui e ali no texto, com suas pitadas embaralhadas de noir, (pós?)romântico, romanesco, épico, etc.
O texto pode, pela rudeza e estranheza (a alteridade mesma) do discurso, espantar algum meu irmão na fé acostumado à poesia dita cristã, devocional, embora a mensagem de redenção (ou melhor, de redenções) seja o mote central do poema.
Antes de minha conversão, o experimentalismo era a principal linha poética que eu perseguia, quando editava o fanzine Cardio-Poesia, onde praticava experimentalismos tipográficos e artesanais, como rasuras, colagens, etc., no que muitas vezes era quase um ‘fanzine-objeto’.
Este texto é um (febril, escrito/fotografado/editado em dois meses) exercício, anos e anos depois, de retomar aquela velha veia experimental.

Leia, indique, compartilhe em seus círculos, redes sociais. E me diga o que achou, escreva para esclarecer alguma dúvida. Estou aqui.
O livro possui 43 páginas, em pdf.

Para baixar o livro, CLIQUE AQUI.
Leia online no Scribd AQUI.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

ALGUNS LIVROS ESSENCIAIS PARA A POESIA


DAILOR VARELA
Durante vários séculos a poesia era uma questão de rimas, métricas e desvairadas e românticas inspirações. Até que poetas como Mallarmé, Maiakovski, Pound desmistificam a natureza inspiradora da poesia.
Insistiram que a matéria prima da poesia era a Linguagem. “Sem forma revolucionária não há arte revolucionária” disse Maiakovski.
Sua sábia conclusão foi uma espécie de bússola para todos os movimentos de vanguarda poética que surgiram após a inquietação e criatividade de Maiakovski, sem duvida o ícone dos “Signos em Rotação” das vanguardas. A partir daí vários livros essenciais foram escritos sobre a poesia e suas “oficinas” de Linguagem.
O próprio Maiakovski escreveu “Como fazer versos?” Outros livros essenciais:
“A dignidade da poesia” de José Lezama Lima. O autor cubano, uma das maiores autoridades no Neo- Barroco na Literatura Latino Americana reuniu neste livro uma série de estudos sobre Rimbaud, Mallarmé. Navega com extrema lucidez sobre temas como “do aproveitamento poético”, “as imagens possíveis”, “a dignidade da poesia” além de um longo estudo sobre Vallery. Outro livro essencial é “A poética da Agoracidade” de Sonia Guedes do Nascimento.
É resultado de uma tese de mestrado do programa de pós-graduação da PUC de São Paulo apresentada em novembro de 1990. Indispensável é também “A arte da Poesia” de Pound onde ele diz que “obviamente não é fácil ser um grande poeta”.
Os textos críticos dos concretistas Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos escritos de 1950 a 1960 resultaram no livro “Teoria da Poesia Concreta”, imperdível navegação para quem pretende atravessar o mar da poesia.
O poeta processo Álvaro de Sá escreveu em 1977 “Vanguarda, Produto de Comunicação” que é um estudo profundamente lúcido sobre o poema processo e suas vertentes.
O poeta T.S.Eliot escreveu “De poesia e poetas” e “A essência da poesia”  que o poeta Ivan Junqueira define muito bem como “uma mostra luminosa da monumental erudição de um dos grandes poetas, dramaturgos e críticos do século”.
A bibliografia em torno da arte poética tem livros indispensáveis como “Arte e Palavra” , resultado de um Fórum de Ciência e Cultura realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro que aconteceu na década de 80. No livro uma frase do músico de vanguarda John Cage: “poesia não é ter nada a dizer e dizer: não possuímos nada”.
Antes de rabiscar enluarados poemas, ler estes livros citados e outros sobre arte poética é certamente uma lição obrigatória para quem pretende ser POETA.

terça-feira, janeiro 24, 2012

Três poemas de Margarete Solange


Mar da Galiléia

Aos pés do Mestre


Eu queria estar junto ao Mar da Galiléia
Quando Jesus passou
Chamando discípulos para si.
Se eu estivesse em Betânia naquele dia,
Eu também choraria abraçada aos seus pés.
Enfrentaria a multidão
Para tocar na orla de seus vestidos.
Eu queria tê-lo visto
Pelo menos passar,
Entrando em Jerusalém,
Sentir o vento em meu rosto
Ao contemplá-lo andando sobre o mar
ou aquietando o mar e o vento,
Curando o cego Bartimeu,
Multiplicando os pães e os peixinhos...
Nem que eu fosse um dos cachorrinhos
Esperando comer das migalhas
Que caíam da mesa de seu dono.
Não importa qual fosse o meu lugar.
Eu só queria vê-lo passar,
Como o vejo agora pelos olhos da fé!






Honras e Glórias


Sobre a face da terra não achei
Um exemplo igual.
Nenhum nome foi nem será jamais
Admirável como o teu,


Jesus...


Menino que nasceu em Belém,
Homem que pregaram na cruz,
Morreu para que vivêssemos,
Líder que ressuscitou,


Tremendo, Pai de amor,
Infindo, Provedor,
Verdadeiro, único Senhor.
A ti honras e glórias,
Vivas, palmas e aleluias...


Embaixo na terra,
Entre povos e nações,
Nas profundezas dos mares, nos ares,
No universo estrelado,
Tu és adorado, digno de glórias...


Jesus...




Sou Contigo


Não te apartes de tua boca
O livro de minha lei;
Esforça-te e tem bom ânimo
Conforme eu te mandei.
Para que tenhas o cuidado
De fazer tudo que está dito,
E teu caminho prosperar
Conforme o que está escrito.
Não temas, nem te assombres,
Eu te ajudo, sou contigo.
E o que te irrita e te perturba
Por mim será confundido.
Eu te esforço, te sustento
Te livro dos inimigos e
A nada reduzo
Os que pelejam contigo.
Quando passares pelas águas,
Elas não te afogarão;
E quando entrares no fogo
Te tomarei pela mão.
Desde o ventre te escolhi,
Com misericórdia te adotei;
Guarda no teu coração
As palavras que te dei.
Vou adiante de ti,
Todas as coisas eu faço,
Quebro arco, corto a lança,
Te animo no cansaço.
Revigoro tuas forças,
Transgressões eu desfaço;
Reedifico tuas ruínas,
Desato teus embaraços.
Formo no mar um caminho,
Porei água no deserto,
Aquieta-te e vem,
Sou Deus de longe e de perto.
Encho tua boca de bens,
Renovo tua mocidade;
Da perdição te redimo,
Saro toda enfermidade.
Conheço a tua estrutura
Porque do pó te tirei;
Me invocarás na angustia,
E eu te responderei.
Assim falou o Todo-Poderoso
Para seus servos escolhidos,
Através das escrituras
Reveladas aos seus ungidos.
São promessas que se cumprem
De geração em geração;
Ainda que passem o céu e a terra,
Essas palavras jamais passarão.
A Ele toda honra e toda glória
Porque é soberano, conselheiro,
Digno de adoração e louvores,
O único: fiel e verdadeiro!



*Margarete é autora dos livros O crente não escolhe, é um escolhido (Editora Queima Bucha, 2011); Inventor de Poesia (Versos Líricos. Queima-bucha, 2010); e também Um chão Maior (Santos, 2001).

domingo, janeiro 22, 2012

Quatro poemas de Jorge Linhaça



FEITIO DE ORAÇÃO

Elevas o pensament'ao Criador
em silente reverência te prostras
tuas mãos em oração dispostas
teus lábios a entoar um louvor

Contas tuas dores e alegrias
Agradeces e pedes a Deus Pai
que ouça o pedir que de ti sai
em suaves cânticos em elegias

Coração aberto e alma serena
sentes agora a resposta divinal
como uma voz suave e serena
aliviando as dores do teu fanal.



Um sonho

Sonhei que lançava a boa semente
Regando telhados de telhas de barro
meio dormindo, semicosnciente
tentei entender o sonho tão raro
Pensei na gente que vou agregando
E noutras que eu sequer bem conheço
Os fragmentos fui logo gravando
na minha mente , senão eu me esqueço
Será que eu sou tal qual semeador
que lança a semente em meio ao caminho
esperando que ali brote a flor
e sobreviva aos cardos e espinhos
ou sou apenas mais um sonhador
tentando voar pra longe do ninho?



A PAZ QUE ALMEJO

Papai do céu, sei que me escutas
ai em teu trono celeste e divino
ouve pois a oração de um menino
que não entende por que tantas lutas

Ouve a voz desta simples criança
que não entende tanta mentira
dos que mantém outros sob sua mira
e pregam, na paz ter esperança

Sei que sou apenas um infante,
e a vida é vasta e misteriosa,
feita de sonhos cor de rosa,
que se desfazem em um instante.

Mas quem sabe tu possas me acudir,
e fazer a verdade pura aparecer,
não deixar os homens se esconderem,
atrás de uma paz que é um mero fingir.

A paz que eu busco é tão descomplicada,
não precisa ser a da unanimidade burra,
mas tem que ter a clareza e brilho da lua,
para que a mentira seja desmascarada.

Sei que nos destes o direito de escolher,
e que por isso erramos pelo caminho,
nos enredamos em mil torvelinhos,
mas por que sinceros não podemos ser?

De que adianta tanto falar em paz,
se pelas costas se alimenta a guerra,
se cultivam as mais atrozes quimeras,
e no poder a alma de alguns se compraz?

Por que , meu Pai, tanta hipocrisia,
tanto falar para outros tentar iludir,
por que sentimentos fingir sentir,
e com peneiras tentar tapar o dia?

Pai amado, fica aqui o meu pedido,
de que as máscaras sejam removidas,
e de que a paz por nós tão pretendida,
seja a paz real, dos de amor imbuídos



SINHÔ DU CÉU

Sinhô du céu , ocê me adescurpe
se ieu num sei falá adereito
mai vou falá ansim du meio jeito
pois sei que ocê há di iscutá
este cabôco sem borná
qui tá longi di sê perfeito

Sinhô, vim aqui agradecê
tantas coisá qui ocê mi dá
o canto lindo dus sabiá
o sór que brilha nu céu
as abeia qui mi dá mel
a chuva prá refrescá

Gradeço a lua que me alumia
gradeço a roça qui mi alimenta
i qui a fome afugenta
gradeço tua luz a me guiá
quandu venho aqui rezá
ajueiado em tua presença

Mai queru tumem te pedi
umas coisica assim importante
que num dexes vagá errante
o meu povo tão sofrido
pelos poderoso ferido
quasi qui a cada instante

Sei qui deste o livre arbitro
mó di himi si agoverná
iscolhê entre o bem e o már
mas a genti si amofina
tantas coisa vê na vida
que dá vontadi di chorá

Sinhô, sô só um caboclo inôrante
mas nu peito trago o amô
aquele qui Jesuis insinô
qui nois havéra de tê
mó di um dia nois podê
ir morá cum o Sinhô

Sinhô, num me leve a mal
mais si pudé mi atendê
num deixe mais nos sofrê
por conta di uns falastrão
qui num conhece u amô não
i só pensa im si engrandecê

Sinhô, vou me adespedindo,
gradecendo tua atenção
-os óio moiado di emoção-
fica aqui o meu recado
em nome do abencoado
Jesus Cristo, nosso irmão

Leia outros textos do autor no Recanto das Letras, AQUI.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

A POETISA EVANGÉLICA PERNAMBUCANA ELIÚDE MARQUES E SUA "APOTEOSE AOS CAMPOS BRANCOS"


Eliúde Marques declamando poesia durante evento da Academia 
Evangélica de Letras do Brasil, em 2010

Jefferson Magno Costa

(Matéria escrita em 1984 para a seção Contato Poético da revista A Seara, periódico da Casa Publicadora das Assembleias de Deus)


Campos brancos...
Imensos se estendem pelo universo
E mãos hirtas de desespero
Erguem o grito da última oportunidade.

Onde estão os ceifeiros?
Onde as mãos que protegem, abençoam,
Defendem, libertam, cultivam e salvam?

Campos brancos...
Frutos maduros apodrecem:
Na orgia, no vício, na incerteza, no caos
À espera dos ceifeiros que não chegam,
Que não ouvem os seus gritos submersos
Pela guerra, pelo crime
E por toda a violência e descrença
Nas máquinas e nos operários da paz.

Onde estão os ceifeiros?
Vinde hoje, vinde todos
Os tímidos adiáveis
Os fracos e os esforçados,
Os pobres e os abastados...
Há tanto espaço vazio
E os dos celeiros se escancaram
Num convite improrrogável,
Pois as sombras da grande noite
Já se projetam no mundo.

Ceifeiros, o Senhor da Seara vos pedirá conta
E pesará vosso gesto
Se quis dar-vos a força e vós enfraquecestes;
Se vos abriu a porta e lhe negaste ajuda;
Se vos entregou talentos e não fizestes o trabalho;
Se vos traçou Seu caminho e fostes por vosso atalho.

Despertai, trabalhadores da undécima hora,
Enchei as mãos vazias e multiplicai os celeiros,
Pois o Senhor se aproxima com soberania e glória
No Tribunal da justiça em julgamento final
Para a possessão da paz,
Numa apoteose aos campos
Que não branquejarão mais.

A geração dos novos poetas evangélicos tem muito o que aprender com aqueles que já cristalizaram seu talento no difícil oficio de lutar com as palavras para com elas produzir beleza.
É necessário àqueles que cultivam a poesia não se fecharem em uma escola, ou elegerem um determinado autor como único ponto de referência ou modelo na criação de suas poesias. Isto só estreitaria os horizontes, só bloquearia o conhecimento de outros nomes, de outros valores pertencentes à galeria dos bons poetas das literaturas de língua portuguesa.
Aqueles que se fecharam nos conceitos da escola da poesia atual, orgulhosa e auto-denominada de estritamente modernista, se não fosse o caráter eclético e aberto desta página (Contato Poético), não teriam a oportunidade de aprender com a experiência e o valor de conteúdo e estética dos trabalhos de uma poetisa como Eliúde Marques.
A autora do poema Apoteose aos Campos Brancos (que é também título de seu segundo livro) esteve visitando recentemente o Rio de Janeiro, quando participou do culto de abertura dos trabalhos comemorativos do Jubileu de Diamante da Assembleia de Deus em São Cristóvão, bairro da cidade do Rio.
Naquele momento histórico, e no histórico púlpito daquele templo, a conhecida poetisa pernambucana recitou seu poema Apoteose. Movida pelo Espírito do Senhor da Seara, a igreja recebeu, emocionada, a grandiosa mensagem poética magistralmente entregue por Eliúde Marques.
A autora de Primícias do Meu Jardim confessa sua grande admiração pela poesia de Mário Barreto França. Sabemos da influência que a obra desse poeta tem exercido sobre os evangélicos que amam a poesia, especialmente sobre os que costumam recitar poemas nos púlpitos das igrejas.
Aliás, a poetisa lamenta que os declamadores estejam se extinguindo entre nós: “Com muita tristeza tenho notado que até mesmo no Nordeste as moças e rapazes que declamavam se extinguiram. E com isso a poesia está, de um certo modo, se extinguindo. O nosso povo não a valoriza mais como a deveria valorizar. Isso não ocorria na minha época, quando eu era criança, quando eu era jovem. É com tristeza que constato que a poesia não está mais ocupando seu merecido lugar na igreja. Porém, precisamos incentivar os jovens a escrever poesias, pois só assim surgirão novos talentos...”
Em 1972 a CPAD publicou o primeiro livro de Eliúde Marques, Primícias do Meu Jardim. A tiragem de dez mil exemplares projetou o nome de Eliúde Marques entre as igrejas evangélicas pentecostais.
Naquela época sua poesia estava essencialmente marcada pelo estilo de Mário Barreto França: tom declamatório, vocabulário simples, versos correntios, métrica e rima regulares. São as marcas da escola condoreira (nome derivado de condor, aquele falcão solitário que constrói seu ninho nas imensas alturas dos Andes). Estas caractísticas marcaram o estilo da fase final da poesia romântica brasileira, cujo principal representante foi Castro Alves.
Com o passar dos anos, Eliúde Marques perfeiçoou seu estro, leu novos autores, diversificou seu repertório temático, e afastou-se das antíteses e hipérboles e do tom grandiloquente, puramente discursivo da poesia condoreira. Passou a escrever poemas descompromissados com as estreitezas das escolas conservadoras, e a praticar uma poesia cujo principal objetivo sera ser lida e estendida.
A obra de um poeta como Gióia Junior foi cuidadosamente lida por Eliúde Marques. Essa variação de modelos poéticos resultou no enriquecimento técnico dos trabalhos da poetisa. Após muitas leituras, estudos da Bíblia e do assunto missões, Eliúde sentiu-se madura o suficiente para produzir o material que compôs o seu segundo livro: Apoteose aos Campos Brancos, publicado pela CPAD em 1982. Este livro está saindo agora em segunda edição.
A poetisa Eliúde Marques é um dos grandes valores da poesia evangélica brasileira. Ela hoje prefere manter-se, poeticamente falando, em um território de equilíbrio diante do leitor: um tanto afastada de Mário Barreto França, e mais próxima do estilo de um Gióia Junior, mas sabendo que do outro lado está o primoroso, ultra-técnico e avançadíssimo Joanyr de Oliveira e a escola de poetas que têm afinado o seu estro pelo diapasão e os conselhos poético-doutrinários da seção de A Seara, Contato Poético, dirigida pelo Joanyr.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Um poema de Neila Koppe




É SÓ PARA OLHAR O CAMINHO


Quanto tempo perdemos na noite
Enquanto não brilha o sol,
Se a noite se prolonga e cega,
Como somos enganados!
Deixamos o riso ir embora e
Os olhos perderem o brilho.
As mãos perdem as forças
E os pés não veem o caminho.
Por que fomos enganados
E deixamos ir... os sonhos,
Que antes eram tão visíveis.
Mas nos cegaram no caminho
Colocaram pedras, mudaram as placas,
Facilitaram a viagem,
Ofereceram alternativas,
Mentiram com bocas de mel e olhos
Mortos, mas aparentemente vívidos.
É tempo de manter a esperança,
Sorrir o riso mais bonito,
Dar um passo mais largo,
Olhar só para o caminho.
Será que não ouvimos mais
A voz daquele que falou: Vá!
Você se esqueceu de que era verdade?
Quem deu a ordem é Fiel e
Ele só mandou ir.
Não olhe para trás,
Esqueça o passado,
Quem garantiu pode tudo e
Não precisa de sua ajuda.
Pare de colecionar mortos e
Cadáveres em abundância.
Não é mais para velá-los, passou
O tempo de abaixar os olhos.
Esqueça o cheiro do passado,
O caminho é verde.
Há animais ferozes na estrada?
Não é para olhar para eles.
É só para olhar o caminho.
Pare de brigar com as aves,
Você vai perder sua colheita.
Rizpa velou tempo demais seus mortos
E esqueceu que ainda vivia.
Como pôde suportar o cheiro, a decomposição,
Até chegar aos ossos?
A sua carne ainda vivia, os seus ossos estavam fortes,
Mas os usou só para espantar aves,
E esqueceu que ainda vivia.
É tempo de vislumbrar a chegada,
Cantar, ainda que sem harmonia
Da vida, dos homens, dos tempos.
Ouvir só a voz que mandou você ir.
Ele vai à frente e
Não se esqueceu de você.
É só para mostrar o caminho que Ele saiu de perto,
Da sua vista... não do seu coração.
É só para espantar as feras, que Ele foi à frente.
A cidade está perto, a Canaã já é vista,
É só guardar a voz
Daquele que mandou você ir.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Dois poemas de Berg Santos


Imagens Cristãs de uso livre

Igreja Ideal*


Se houvesse pedintes menos,
E fossem adoradores.
Se os “grandes” fossem “pequenos,!”
Pastores não roubadores!


Se houvesse mais publicanos
Orando ajoelhados
menos fariseus insanos
Se mais zaqueus esforçados!...


Ah se Madalenas mais!
Se mais alguns nicodemos
Jairos, Lázaros, e tais
Samaritanos que amemos...


Samaritanas, Marias...
Mais Pedros em nossa igreja!
Mais Martas nos nossos dias
E nenhum Judas, que seja.


Meu Deus se os sacerdotes
Lutassem contra o mal!!!
Ao invés de por mais "dotes",
Por uma igreja ideal!!!


Ah meu Deus, se, não houvesse
Tantos sepulcros caiados
Matando os que não merecem,
Teríamos bons resultados.


*Paráfrase de poema homônimo, do poeta Adelino Alves Bonfim.


Perdão


A oração que prevalece
Tem seguinte condição;
Qualquer pedido acontece,
Se primeiro houver perdão


Por parte do desejante.
Espírito perdoador,
É do tal, o navegante.
É do tal, o intercessor.


O perdão, de Deus é dom
Que o recebe quem o dá.
Então, o perdão é bom,
Pra quem sabe perdoar.


O perdão que dou a alguém
Tem certa, a retribuição.
O SENHOR me dá também,
Em resposta de oração.

Visite o blog do autor: http://www.luciberg.blogspot.com/

terça-feira, janeiro 10, 2012

Dois poemas de Jorge Fernandes Isah




DEVO-TE A TI


Se agora o sorriso é jubiloso
e não mais os dentes renhidos,
devo-o a ti.
Se o vento refresca-me a alma
e não ouço mais os trovões,
devo-o a ti.
Se as mãos unem-se em harmonia
e trabalham juntas na mesma vontade
exercitando a justiça
e não a jabear nervosas
mas entrelaçadas na verdade.
Se o coração expurgou
e o sangue não está a ferver em vícios.
E aquele momento se eternizou
e não mais o esquecimento resistirá.
Se hoje não estou mais morto
como era outrora.
Se sou, sou em ti,
como nunca fui antes
mas devo-te
porque em ti vivo
movo e existo.
Sem ti,
o que seria de mim?
Não me lembres daqueles dias
nos quais desfalecia como moribundo
agora sou teu
e nada me fará voltar ao vômito
de onde fui tirado
lavado e vestido em roupas brancas
a olhar-te, frente a frente
assim como sempre
olhou para mim.
Se sou, és porque
tu sempre foi e
jamais poderia não ser
o eu sou.
E devo-o a ti.






APENAS UMA VEZ


O destino não selado,
na dúvida por um instante,
eram duas tentativas correlatas
de se escrever a história
ao passar daquilo que aconteceu.


No prognóstico impreciso
aspectos reais não são o mesmo que delírio.


Toda condenação é um ato de pureza
onde o perdão não pode ser tocado
nem motivos reivindicados,
a se salvar por coincidência
ou a trôco de nada.


Cedo ou tarde a autoridade triunfa
pelo único nome a atravessar as épocas
antes do tempo e da fundação do mundo
na ordem por muitos ignorada
mas sustentada na palavra.


Determinou a origem e o fim
como estrada aberta em mata virgem
tão longa que falta fôlego imaginar,
homens perdidos, unidos na fé,
uma vez, como a dada aos santos.


Mas do que se passou não há lembrança
nem suspeita
quando no livro aberto
nenhuma ausência for sentida.


A necessidade de reparar
não precipitou o desfecho,
ainda que sempre estivesse escrito.

Visite os blogs do autor:
http://poesiaskalamos.blogspot.com/
http://kalamo.blogspot.com/
http://eliotkalamos.blogspot.com/

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Um novo blog literário, e os melhores poemas do Século XX




No quase longínquo ano de 2000, o jornal Folha de São Paulo publicou uma lista elaborada por especialistas, listando o que consideravam ser os melhores 100 poemas internacionais do Século XX. Não entraremos aqui no mérito da seleção, mas apresentamos abaixo a referida  lista, como oportuno e robusto roteiro de leitura para todo amante da Poesia.


Mas o título deste post fala primeiro de um novo blog literário. Pois bem, criei a pouco tempo um novo blog, o Mar OcidentalO objetivo deste blog é ser uma espécie de revista de literatura, a enfatizar a Poesia, mas com canal aberto para a prosa e as artes plásticas. Um espaço de publicação dos mestres da arte poética de todos os tempos e quadrantes, e ainda traduções, ensaios, notícias literárias, resenhas de livros, etc. Se o Poesia Evangélica atém-se a divulgar e promover especificamente a nossa poesia cristã em suas múltiplas formas, este Mar Ocidental tem um caráter mais secular. Um espaço de enlevo e também de aprendizado, terreno fértil para a lavoura de todos os amantes da Poesia, e todos que exercem e aspiram a exercer melhor a arte poiétika. Vale dizer ainda que este é um blog coletivo, onde colaboram muitos outros autores, como J.T.Parreira e Rui Miguel Duarte.


Ah, voltando à referida lista dos melhores poemas: na medida do possível, irei publicando os poemas listados no blog Mar Ocidental, para deleite dos leitores. Por ora, você pode ler por lá os poemas À Espera dos Bárbaros, de Konstantinos Kaváfis, e o grande A Terra Desolada (The Waste Land), de T.S.Eliot, com razão eleito o melhor poema do século pretérito.


Agora a tal lista:

1º A Terra Desolada (The Waste Land), de T.S. Eliot (1888-1965) – Nascido nos EUA, Eliot se sentia culturalmente ligado à Europa, tendo morado em Londres a maior parte da vida. Além de poeta, foi ensaísta e dramaturgo, tendo recebido o Nobel em 1948. No ano de 1922 publicou este poema-marco da literatura do século, em que constrói uma cerrada rede de referências à tradição literária européia na descrição de um continente devastado por um processo de desagregação que vinha desde o Renascimento.”Poesia”, trad. de Ivati Junqueira, Nova Fronteira.
2º Tabacaria, de Fernando Pessoa (1888-1935), sob o heterônimo de Álvaro de Campos – O poeta português é autor da mais original criação poética deste século, a heteronímia, ou seja, a criação de múltiplas personalidades poéticas com vida pessoal e espiritual própria. Campos é, segundo Pessoa, um engenheiro formado em Glasgow (Inglaterra). Vivendo integralmente os conflitos da modernidade, é o mais inquieto e exaltado dos heterônimos.”Obra Poética”, Nova Aguilar; “Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras. (Poema postado no comentário de nº 19 desta página, pelo leitor Ulisses Ferreira)
3º O Cemitério Marinho (Le Cimetiêre Marin), de Paul Valéry (1871-1945) – Valéry foi grande ensaísta e se via sobretudo como um homem devotado à inteligência. Daí viria sua relação tensa com a poesia que o tomaria um “poeta-não poeta”, na expressão de Augusto de Campos. “Cemitério Marinho” é a prova cabal do acerto de um de seus aforismos, que diz que poema é aquilo que não pode ser resumido.”O Cemitério Marinho”, trad. de Jorge Wanderley, Max Limonad.
4º Velejando para Bizâncio (Sailing to Byzantium), de William Butler Yeats (1865-1939) – O poeta e autor teatral irlandês recebeu o Nobel de 1923. Da plena maturidade são seus poemas mais citados, como este “Velejando para Bizâncio”, no qual a velhice e a morte, confrontadas com a permanência da arte, se vêem transfiguradas num espaço mítico além da vida.”W.B. Yeats – Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das letras.
5º Hugh Selwin Mauberley, de Erza Pound (1885-1972) – Este poema escrito em 1920 é o trabalho longo de leitura mais fluente do autor, já que é em grande parte escrito em forma mais tradicional e tem um eixo narrativo claro, o dos descaminhos do poeta americano E.P. e de seu duplo britânico, Mauberley, ameaçados de esterilidade artística. ”Poesia”, trad. de Augusto de Campos, Hucitec.
6º Pranto por Ignacio Sánchez Mejías (Llanto por Ignacio Sánchez Mejías), de Federico García Lorca (1899-1936) -Lorca foi tanto o poeta popular do “Romanceiro Gitano” (1928) quanto àquele que se horrorizou, fascinado, diante da metrópole, em ”O Poeta em Nova York”, publicado postumamente em 1940. Foi assassinado aos 38 anos pelos franquistas no início da Guerra Civil Espanhola.”Obra Poética”, trad. de William Agel de Mello, Martins Fontes.
7º Elegias de Duíno (Duineser Elegien), de Rainer Maria Rilke (1875-1926) – Nascido em Praga, levou uma vida aristocrática, patrocinado pela nobreza européia. As ”Elegias de Duíno” emprestam seu nome do castelo próximo a Trieste onde começaram a ser compostas nos anos de 1910-1912. Só foram concluídas mais de dez anos depois.”Elegias de Duíno”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
 8º À Espera dos Bárbaros, de Konstantinos Kaváfis (1863-1933) – O mais importante poeta grego deste século nasceu em Alexandria, no Egito, e morou na Inglaterra. Em “A Espera dos Bárbaros”, poema ao mesmo tempo político e ontológico, aparece a duração de um espaço em que nada se faz porque os bárbaros atacarão.”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Nova Fronteira. (Poema postado no comentário de nº 06 desta página)
 9º Zona (Zone), de Guillaume Apollinaire (1880-1918) – Poeta francês e patriota, apesar de nascido em Roma, teve uma biografia acidentada, que inclui participação voluntária como soldado na Primeira Guerra. Em “Zona” (1913), Apollinaire elimina a pontuação e cria um ritmo nervoso; abole o que faz um canto de louvor à modernidade.”Alcools”, Gallimard, 34 francos.
10º Mensagem, de Fernando Pessoa (1888-1935) – Pessoa ele mesmo nasceu em Lisboa e passou seus anos de formação na África do Sul. Dos vários livros projetados e até efetivamente escritos por ele, ”Mensagem” (1934) foi o único publicado em vida.”Obra Poética”, Nova Aguilar. ”Mensagem”, Companhia das Letras.
11º A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock (The Love Song of J. Alfred Prufrock), de T.S Eliot (1888-1965) – Publicado pela primeira vez em 1915 numa revista literária de Chicago, abriria o primeiro livro de Eliot, de 1917.”Poesia”, trad. De Ivan Junqueira, Nova Fronteira.
12º Quatro Quartetos, de T.S. Eliot – “Poesia”, trad. de Ivan Junqueira, Nova Fronteira.
 13º Cantos, de Ezra Pound – “Cantos&p;p;ammp;quuot;, trad. de José Lino Grünewald, Nova Fronteira .
14º Em Meu Ofício ou Arte Taciturna, de Dylan Thomas (1914-1955) – Nasceu no País de Gales, trabalhou como repórter. Sua poesia, às vezes de tom religioso, revisita temas como a infância e a morte. “Poemas Reunidos” (1934-1953), trad. de Ivan Junqueira, José Olympio.
15º O Cão sem Plumas, de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) – Quando escreveu este poema, no final da década de 40, Cabral julgou que seria o último. O fluxo das memórias e o do rio Capibaribe se fundem nele para fazer um retrato tenso e novo do Recife. – “O Cão sem Plumas”, Nova Fronteira.
 16º Quarta-Feira de Cinzas de T.S.Eliot, “Poesia”, trad. de Ivan Junqueira, Nova Fronteira.
17º Noite Insular, Jardins Invisíveis, de Lezama Lima (1910-1976) – Poeta cubano, fundador da revista “Verbum”, em 1937. Em 1959, foi nomeado por Fidel Castro diretor do departamento de literatura e publicações do Conselho Nacional de Cultura. E autor do romance ”Paradiso” (1966), lançado no Brasil em 1987. Publicou também os livros de poemas “Morte de Narciso” (1937) e “Inimigo Rumor” (1941).”Poesia Completa”, Alianza Editorial, 3.562 pesetas (Espanha).
18º Campo de Flores, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – Desde sua estréia, em 1930, com “Alguma Poesia”, Drummond se tornou poeta central para a literatura brasileira. Fechando a segunda seção de “Claro Enigma” (1951), “Campo de Flores” fala do tema do amor na maturidade. – “Claro Enigma”, Record.
19º – Blanco, de Octavio Paz (1914-1998) -Prêmio Nobel de 1990, o mexicano Octavio Paz é o único poeta que tem a mesma dimensão internacional dos ficcionistas latino-americanos. Como poeta, publicou ”Pedra de sol”, que, entre outros temas, revisita sua participação na Guerra Civil Espanhola e a experiência poética múltipla deste ”Blanco”. – ”Transblanco”, trad. de Haroldo de Campos, Siciliano.
20º Leda e o Cisne, de William Butler Yeats – ”Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
21º Jubileu, de Vladímir Maiakóvski (1893-11111930) – Nascido na Geórgia, Maiakóvski foi um entusiasta da Revolução Russa, enfrentando o desafio de escrever uma poesia engajada e ao mesmo tempo inovadora e pessoal por meio da ”linguagem da rua”. Suicidou-se seis anos após escrever ”Jubileu”. – ”Maiakóvski”, trad. de Haroldo de Campos, Perspectiva.
22º Orfeu. Eurídice. Hermes, de Rainer Maria Rilke – ”Rilke: Poesia-Coisa”, trad. de Augusto de Campos, Imago.
23º Esboço de uma Serpente, de Paul Valéry — “Poésies”, Gallimard, 34 francos (França).
24º Manhã, de Giuseppe Ungaretti (1888-19700000) – Na juventude lutou na Primeira Guerra. viveu no Brasil entre 1937 e 1942, tendo sido professor da USP. Obra-prima na captação de um momento num poeta que deseja uma poesia reduzida ao mínimo de palavras, eis todo o poema ”Manhã”, na tradução de Haroldo de Campos: ”Deslumbro-me/ de imenso”. Publicou, entre outros, ”Sentimento do Tempo” (1930), e ”A Dor” (1947).- ”Vita d’ un Uomo – Tutte le Poesie”, Mondadori, 24.00000 liras (Itália).
 25º Os Doze, de Aleksandr Blok (1880-1921) — Filho de intelectuais, Blok é considerado o grande poeta simbolista russo. A partir da fracassada revolução de 1905, sua poesia ganhou um realismo que se vê em ”Os Doze” (1918) e que descreve a marcha de 12 soldados sobre a cidade. – ”Poesia Russa Moderna”, trad. de Boris Schnaiderman e Haroldo de Campos.
26º O Fogo de Cada Dia, de Octavio Paz (1914-1998) – ”Obra Poética (1935-1988)”, Seix Barral, 3.800 pesetas (Espanha).
27º Sutra do Girassol, de Allen Ginsberg (11111926-1997) – Neste poema, Ginsberg fala de si ao laadoo de seu companheiro de geração ”beatnik”, Jack Kerouac (1922-1969). Sua linguagem torrencial, cheia de referências pessoais, da conta do que é típico em Ginsberg, que criou celeuma já com seu livro de estréia, ”Uivo e Outros Poemas” (1956), cujo poema-titulo chegou a ser proibido por obscenidade. – “Uivo, Kaddish e Outros Poemas”, trad. de Cláudio Willer, L&PM.
28º Romanceiro Gitano, de Federico García Lorca – “Obra Poética Completa”, trad. de WiIliam Agel de Mello.
29º Poema do Fim, de Marina Tzvietáieva (1892-1941) – Nome central da moderna poesia russa e européia, colocou-se em sua poesia contra a Revolução Russa e, mais tarde, contra o fascismo. Ao ver o marido ser fuzilado e a filha mandada para um campo de concentração, suicidou-se. – Poemas da autora saíram em ”Poesia Sempre” n. 7, em trad. de Augusto e Haroldo de Campos (Fundação Biblioteca Nacional, fax 0/xx/2l/220-4173).
 30º Ode Marítima, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa – ”Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras; ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
31º A Pantera, de Rainer Maria Rilke – ”Rilke: Poesia-Coisa”, trad. de Augusto de Campos, Imago.
32º As Jovens Parcas, de Paul Valéry – ”Linguaviagem”, trad. de Augusto de Campos, Cia. das Letras.
33º A Torre, de William Butler Yeats – ”The Tower”, Pengum, 3,99 libras (Reino Unido). Uma tradução de Augusto de Campos para o poema foi publicada no Mais! em 14/6/98.
34º Xenia, de Eugenio Montale (1896-1981) – Ganhador do Nobel de 1975, o poeta italiano desejou ser cantor lírico, mas foi impedido pela Primeira Guerra. Sua poesia às vezes se aproxima da prosa, tal o uso que faz de elementos não-poéticos. – ”Poesias”, trad. De Geraldo Holanda Cavalcanti, Record.
35º A Segunda Vinda, de William Butler Yeats – “Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
 36º A Enguia, de Eugenio Montale (1896-19811111) – “Poesias”, trad. de Geraldo Holanda Cavalcanti, Record.
37 De Todas as Obras, de Bertolt Brecht (11111898-1956) – O principal interesse do escritor alemmão foi o teatro, que revolucionou, mas escreveu poesia por toda a vida. – “Poemas – 1913-1956″, trad. de Paulo César Souza, Brasiliense.
38º Cortejo, de Guillaume Apollinaire “Oeuvres Poétiques Complétes”, Gallimard, 290 francos (França).
39º Stretto, de Paul Cela (1920-1970) -Poeta romeno de expressão alemã, Celan chegou a ser preso num campo de concentração. Suicidou-se em Paris. – “Cristal”, trad. de Claudia Cavalcanti, Iluminuras.
 40º brIlha, de e.e. cummings (1894-1962) – OOO lado mais conhecido de sua poesia está nos poemas em que trabalha com a tipografia, decompondo as palavras e introduzindo uma série de sinais, em especial parênteses. – “Poem(a)s”, trad. de Augusto de Campos, Francisco Alves.
41º Trilce, de Cesar Vallejo (1892-1938) – OOO peruano Vallejo teve a marca simbolista típica de sua geração na juventude. Posteriormente, notabilizou-se por sua poesia de cunho social, mas jamais abriu mão do impulso experimental, visível neste “Trilce” (1922). – “Trilce”, Cátedra, 1.142 pesetas (Espanha).
42º Altazor, de Vicente Huidobro (1893-19477777) – Chileno, Huidobro viveu em Paris e Madri. “Altazor” é um longo poema em que se mostra bem, em invenções vocabulares e livres associações, o caráter experimental de sua poesia. – ”Altazor e Outros Poemas”, trad. De Antônio Risério e Paulo César de Souza, ArtEditora.
43º Fragmento, de Miklos Radnoti (1909-1944) – Em seu país, a Hungria, Radnoti é um mártir do Holocausto, já que foi fuzilado pelos nazistas. – Pode ser encontrado em inglês, em ”Foamy Sky – The Major Poems of Miklos Radnoti”, trad. de Frederick Turner e Zsuzsanna Ozsvath, Books on Demand.
44º Dói Demais, de Attila József (1905-19377777) – Húngaro, foi membro do então ilegal Partido Comunista e disse sobre si mesmo ser o poeta do proletariado. Fez de sua mãe, uma lavadeira, símbolo da classe trabalhadora. – Pode ser encontrado em inglês, em ”Winter Night”, trad. de John Batki, Oberlin College Press.
 45º No Túmulo de Christian Rosencreutz, de Fernando Pessoa – ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
46º Ode Inacabada à Lama, de Francis Ponge (1899-1988) – Poeta francês que buscou afastar a poesia do eu, aproximando-a dos objetos. O mais conhecido de seus livros é ”O Parti-Pris das Coisas” (1942). – ”Oeuvres Complétes”, Gallimard, 390 francos (França).
 47º O Torso Arcaico de Apoio, de Rainer Maria Rilke – Não há tradução brasileira disponível. (Poema postado no comentário de nº10, por Tejo (tradução de Manuel Bandeira)
48º Os Passos Longínquos, de César Vallejo (1892-1938) – ”Obra Poética Completa”, Alianza, 2.010 pesetas (Espanha).
49º El Hombre, de William Carlos Williams (1883-1963) – O poeta norte-americano foi escritor político, autor de peças, contos e romances, além de poemas. ”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
50º Meus Versos São de Chumbo, de Jaroslav Seifert (1901-1986) – Foi o primeiro autor tcheco a ganhar, em 1984, o Prêmio Nobel. Há outros poemas do autor na antalogia ”Céu Vazio”, trad. De Alksandar Jovanovic, Hucitec.
 51º A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade – ”Claro Enigma”, Record.
52º A Ponte, de Hart Crane (1899-1932) – Escrito em 1930, este poema longo em 15 partes é a tentativa de fazer um épico moderno que celebrasse o poder humano de reunir passado e presente. – ”Complete Poems of Hart Crane”, W.W. Norton.
53º Dia de Outono, de R. M. Rilke – ”Poemas”, trad. José Paulo Paes, Companhia das Letras.
54º Treze Maneiras de Olhar para um Melro, de Wallace Stevens (1879-1955) – Um dos mais importantes poetas norte-americanos, sua poesia é numas vezes discursiva, noutras bem concisa. – ”Poemas”, trad. de Paulo Henriques Brito, Companhia das Letras.
55º Domingo de Manhã, de Wallace Stevens – “Poemas”, Companhia das Letras.
56º Sonetos a Orfeu, de R. M. Rilke “Poemas” – Companhia das Letras.
57º Vigília, de Giuseppe Ungaretti – Em “Poesia Alheia”, trad. Nelson Ascher, Imago.
58º Perfil Grego, de Iannis Ritsos (1909-1999990) – Comunista, o poeta grego foi preso pelos nazistas; depois, sua militância política lhe custaria o exílio. Há outros poemas do autor em “Gaveta do Tradutor”, trad. de José Paulo Paes, Letras Contemporâneas.
59º Poema dos Dons, de Jorge Luis Borges (11111899-1986) – O grande autor do “boom” lattinno-americano, o argentino é muito mais lembrado por seus contos do que por sua refinada poesia. – “Obras Completas”, vol. 2, trad. de Josely Vianna Baptista, Globo.
60º O Guardador de Rebanhos, de AIberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa – Segundo Pessoa, Caeiro nasceu em 1889 e era um homem inculto que sempre viveu numa aldeia. E reconhecido como o mestre dos outros heterônimos e do próprio Pessoa. – ”Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras.
61º Nalgum lugar em que nunca estive, de e…..e. cummings (1894-1962) – ”Poem(a)s”, trad. de Augusto de Campos, Francisco Alves.
62º Omeros, de Derek Walcott (1930) – Poeta caribenho de expressão inglesa, ganhador do Nobel em 1992, procura criar uma arte que dê conta da fusão cultural de sua região. – ”Omeros”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
63º Degraus, de Hermann Hesse (1877-1962) Autor do romance ”Lobo da Estepe” (1927), como poeta não dispensou um certo sentimentalismo ao explorar temas como a infância, a solidão. Ganhou o Nobel em 1946. – ”Gesammelte Werke”, Suhrkamp, 148 marcos (Alemanha).
64º A Serguei Iessiênin de Vládimir Maiakóvski (1893-1930) – ‘Poemas”, Perspectiva.
65º O Duro Cerne da Beleza, de WiIliam Carlos Williams – “Poemas”, trad. José Paulo Paes, Companhia das Letras.
66º – Sestina: Altaforte, de Ezra Pound “Poesia”, Hucitec.
67º – Argumentum et Silentio, de Celan “Gesammelte Werke – Gedichte”, Suhrkamp, 49,80 marcos (Alemanha).
68º- Encantação pelo Riso, de Vielimir Klebnikov (1885-1922) – Poeta russo considerado o líder do cubo-futurismo. – “Poesia Russa Modema”, Brasiliense.
69 Anabase, de Saint-John Perse (l887-1975) – Pseudônimo do diplomata francês Alexis Léger. Teve sua nacionalidade cassada na Segunda Guerra quando foi viver nos EUA. Só regressou a seu país em 1957. Ganhou o Nobel em 1960. ”Éloges”, Gallimard.
70º Voz a Ti Devida, de Pedro Salinas (1892-1951) – O poeta espanhol notabilizou-se com seus poemas de amor. – ”Voz a Ti Debida”, Losada, 617 pesetas.
71º Réquiem, de Ana Akhmátova (1888-1966) Fundadora do acmeísmo, corrente que se situa entre o simbolismo e o futurismo, a poeta russa foi considerada decadente durante a época do ”realismo socialista”. Sua poesia refinada e melancólica, mostra-se inteira em ”Réquiem”, um conjunto de pequenos poemas escritos entre 1925 e 1930. – ”Réquiem e Outros Poemas”, Art Editora.
72º As Janelas, de Apollinaire – ”Oeuvres Poétiques Complètes” (Gallimard).
73º A Ponte Mirabeau, de Guillaume Apollinaire – “Oeuvres Poétiques Complètes”.
74º Oxford, de W.H. Auden (1907-1973) – O poeta britânico compartilhou com T.S. Eliot o pessimismo sobre o presente, mas não celebrou o passado: sendo homem da esquerda, viu o futuro com os olhos da utopia. Tematizou o amor homossexual e a religião. – ”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
75º Em Memória de Yeats, de W.H. Auden – ”Poemas”, Companhia das Letras.
76º Briggflatts, de Basil Bunting (1900-1985) – E o poeta inglês mais conhecido nos Estados Unidos. Só se projetou em seu país aos 66 anos, com ”Briggflatts”, poema autobiográfico em que procurou explorar os aspectos linguísticos e antropológicos de sua região natal. – ”The Complete Poems”, Oxford University Press, 11,99 libras (Reino Unido).
77º No Centenário de Mondrian, de João Cabral de Melo Neto – ”Obra Poética”, Nova Aguillar.
78º Serpente, de D.H. Lawrence (1885-1930) — O ficcionista, crítico e poeta inglês ficou conhecido por romances como – ”Filhos e Amantes” (1913) e ”O Amante Lady Chatterley” (1928), processado como pornográfico. A divulgação de sua melhor poesia se fez postumamente. – ”The Complete Poems”, Penguim.
79º Áporo, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – ”A Rosa do Povo”, Record.
80º Dizer Tudo, de Paul Éluard (1895-1952) — Na adolescência, o francês Éluard teve tuberculose e foi companheiro de tratamento e de leitura de poesia do brasileiro Manuel Bandeira num sanatório na Suíça. Foi um dos grandes mestres do surrealismo. – ”Oeuvres Complètes 1913-1953″ (2 vols.), Gallimard, 700 francos (França).
81º Liberdade, de Paul Éluard (1895-1952) – Em ”Gaveta do Tradutor”, trad. de José Paulo Paes, Ed. Letras Contemporâneas.
82º Morte sem Fim, de José Gorostiza (1901-1973) – O poeta mexicano preferiu, de maneira geral, o poema curto, mas este ”Morte sem Fim” (1931) é um texto longo em que reaparecem as grandes essências que ele mesmo definiu como suas prediletas amor, morte, Deus. – ”Poesia Completa”, Fondo de Cultura Economica, 2.284 pesetas (Espanha).
83º Romance Sonâmbulo, de Federico García Lorca – ”Obra Poética Completa”, Martins Fontes.
84º Pedra de Sol, de Octavio Paz – ”Pedra de Sol”, Guanabara 
85º Autopsicografia de Fernando. Pessoa – ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
86º Os Cisnes Selvagens de Coole, de William Butler Yeats – ”Poemas”, Companhia das Letras.
87º Canção do Mal-Amado, de Guillaume Apolinaire – ”Oeuvres Poétiques Complètes” (Gallimard).
88º Sobre a Poesia Moderna, Wallace Stevens – ”Poemas”, Companhia das Letras.
89º Sobre o Pobre BB, de Bertold Bretcht – Em ”Poesia Alheia”, trad. De Nelson Ascher, Imago.
90º Tristia, de Óssip Mandeistam (1891-1938) – Nasceu em Varsóvia e, muito jovem, esteve em Paris, aproximando-se do simbolismo francês. Mais tarde, tornou-se participante de destaque do acmeísmo.Há outro poema do autor na revista ”Poesia Sempre” nº 7, abril/99, trad. de Haroldo de Campos (Fundação Biblioteca Nacional, fax 0/xx/211220-4173).
91º Miniatura Medieval, de Wislawa Szymbosrka (1923) – A escritora polonesa ganhou o Prêmio Nobbel de 1996. Estreou em 1952 com ”Por Isso Vivemos” e pertence a uma rica geração de artistas poloneses, entre os quais se inclui o cineasta Andrzej Wajda. – Há outros poema do autora em ”Poesia Alheia” (Imago) e na antologia ”Céu Vazio” (Hucitec).
92º Fuga sobre a Morte, de Paul Celan ”Cristal”, trad. de Claudia Cavalcanti, Iluminuras.
93º Ode ao Rei do Harlem, de Federico García Lorca – ”Obra Poética Completa”. M. Fontes.
94º Dispersão, de Mário de Sá-Carneiro (18999990-1916) – Apesar de ter se suicidado com apenas 26 anos, pôde escrever o suficiente para ser o principal autor português do início do século, ao lado de Fernando Pessoa.”Poesia”, Iluminuras. – “Obra Poética”, Nova Aguilar.
 95º Os Peixes, de Marianne Moore (1887-1972) – Norte-Americana, foi professora universitária. Virtuose da versificação, trabalhou com a decomposição dos versos e da sintaxe. – “Poemas”, trad. de José Antonio Arantes, Companhia das Letras. 
 96º Provérbios e Cantares, de Antonio Machado (1876-1939) – Nascido em Sevilha, passou seus anos de formação em Madri. A extrema simplicidade formal da poesia de Machado esconde, porém, uma grande complexidade. – “Poesias Completas”, Espasa Calpe, 1.005 pesetas (Fspanha).
 97º As Ratazanas, de Georg Traki (1887-1914) – O austríaco foi um expressionista que enlouqueceu com os horrores da Primeira Guerra, na qual serviu como enfermeiro. – “Poemas à Noite”, trad. de Marco Lucchesi, Topbooks. 
 98º A Outra Tradição, de Josh Ashberry (1927) – Poeta americano que pertenceu à chamada Escola de Nova York. Sua poesia é auto-referencial e expressa uma visão de mundo cética, mas que não perde o humor.Há outro poema do autor em ”Poesia Alheia”, trad. de Nelson Ascher, Imago.
 99º Acalanto, de Elizaheth Bishop (1911-1979) – A escritora norte-americana viveu no Brasil em Ouro Preto e no Rio de Janeiro por 16 anos. Além de poesia, escreveu contos, memórias e tem uma rica obra em cartas.”Poemas”, trad. de Horácio Costa, Companhia das Letras.
 100º Homem e Mulher Passam pelo Pavilhão de cancerosos, de Gottfried Benn (1886-1956) – A poesia inicial deste autor alemão é expressionista. Sua poesia madura, como a reunida no volume “Poemas Estáticos” (1948), é hermética e niilista. – Em ”Poesia Alheia”, Imago.
 Folha de São Paulo, 02/01/2000


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