sábado, junho 15, 2013

Dois poemas de Cesare Turazzi


Eu: terra-coração de

Eu, terra de desrespeito.
Eu, terra de desalento.
Eu, terra misteriosa.

Eu, terra apolítica.
- Avante pelotão, terra a vista! -
Eu, terra de pecados.

Eu, terra sem fim.
Como abismo esqueci,
como abismo desapareci.

Eu, terra odiada; amada.
- Avante artilharia, inimigo a vista! -
Eu, terra baixa, falsa humilde.

Eu, terra enganosa, arrogante.
Parece fofa, parece boa,
mas é terra de misérias, de soberbas.

Eu, terra com mais adubos
- Avante horda, abominação chegando! -,
como à guerra, sou eu em espera.

Eu: era beira do caminho.
Eu: era terreno pedregoso.
Eu: era espinho - agora não mais meu coração.

Eu: era árvore infrutífera.
Era talento enterrado, fermento embolorado;
eu era joio a ser queimado.

Agora não mais coração, terra minha.
Não mais, agradeça e suspire aliviado;
coração agora és terra boa, frutífera.

Coração meu, terra viva.
Agora, coração meu, desde uma semente de mostarda;
plantada em ribeiros, em mananciais solenes.

- Avante soldados, mais terra a descobrir! -
Eu, abismo desconhecido.
Eu, infinito abismo de misérias.

Ainda há faísca a inflamar,
mesmo nesta terra fofa de vida.
A árvore viva frutifica, a morte não morta - mortificada.

Eu, em prisão de carne.
Eu, neste corpo abominável.
Eu, infinito abismo ao céu aberto.

- Avante ceifadores, colheita nesta terra! -
Terra minha, coração meu:
d'antes podre, agora vivo.

Terra que só DEUS conhece,
coração que só o SENHOR vê a fronteira abismal;

e só vive se Ele por ela se compadece.


Dar-se

Dou-me ao partido contrário,
dou-me às pérolas;
dou-me aos porcos, aos cães.
Dou-me à roda de escárnio, escarnecedora;
aos néscios, cuspidores, zombadores:
a estes [eu] me dou.
Dou-me aos injustos, aos ladrões,
dou-me aos de berço encrostado no esterco.

Dou-me aos sem fé,
aos perdidos na universidade.
Dou-me aos lírios do campo,
às cegonhas, às aves de rapina.
Dou-me à palha, à conversa filosófica;
dou-me à educação ecumênica,
ao respeito idólatra.
Dou-me aos réprobos:
em respeito, e não desrespeito;
em amizade, e não em discordância,
em mentiras, abraços, gracejos, ósculos,
e não em verdade e amor.

Como de triste relato, e não vanglória:
dou-me às risadas, à falta de manifestação.
Dou-me ao ecumenismo, à língua cortada,
dou-me à trombeta abafada, à tocha apagada.

Eu me dou ao devaneio, à roda que lembra
o meu dar aos impiedosos.
Dei-me ontem, anteontem, outrora.
Dei-me... dei-me sim.

Ah, SENHOR! Eu me dou aos maus!
Dê-me aos bons, leva-me a eles,
a ir até eles, a ter com eles, peço-te!
SENHOR, te peço eu, como sujeito,
dá-me aos justos, aos de fé;
dê-me os que têm olhos,
que têm ouvidos, que têm boca,
aos que entendem o joio & trigo,
leva-me a eles, peço eu.

Então, peço-te:
leva-me a dar-me aos pés,
a derramar o unguento,
à humilhação, ao arrepender-se;
dê-me não aos porcos, mas sim à mesa.
Dá-me às migalhas, e não aos cães...
dá-me, SENHOR, peço-te,
aos pães - estes sólidos, maduros, de fé. 


2 comentários:

Monny disse...

O que dizer? Maravilhoso!

"Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação."
Tiago 1:17

Deus abençoe sempre.

Monny disse...

Coisa linda de Deus! Que o SENHOR continue sendo exaltado através dessa arte escrita.

"Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação."
Tiago 1:17

Deus o abençoe grandemente!

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