MAR
ABERTO
Procuro
um calmo coração que pondera
Algo
mais que os corações atribulados
Por
este mundo e que não se desespera
Ao
primeiro augúrio em falso revelado.
Busco
uma só alma que não tenha andado
Em
círculos incrédulos como esferas
Soltas,
pois quando em terra árida gerados
São
vendavais que o próprio engano gera.
Impressiona-me
ver homens rebelados
Debatendo-se
entre as pedras no deserto
Quando
há os rios de água viva logo ao lado.
E
por mais que a correnteza esteja perto
Eles
teimam em viver no mesmo estado
Enquanto
os rios vão a Deus em mar aberto.
AOS
PÉS DA CRUZ
Aquele
que se mostra mais determinado
Em
alcançar a graça que tanto deseja
Descansa
no Senhor enquanto espera, ou seja,
Firma-se
na fé e não somente em seu agrado.
Tão
triste o fim de quem renuncia ao estado
De
servo voluntário, a ingratidão sobeja,
E
passa a ser escravo de tudo que almeja,
Porque
ao que deseja ele estará acorrentado.
Quando
o anseio egoísta do homem invade
Sem
pudor algum o coração de Jesus,
Ele
ignora o “seja feita a tua vontade”.
Mas
quando revestido de humildade vais
Como
um cativo ajoelhado aos pés da cruz
Terás
além do que desejas muito mais.
RUTE
Por
justiça à sua dócil obediência
Rute,
a moabita, foi recompensada.
Em
Moab sua vida era pesada,
Mas
em Belém se livrou dessa dolência.
Por
mais triste que lhe fora a experiência
De
viver e ver a sogra amargurada
Não
se levou pelo exemplo da cunhada
E
preferiu esmerar sua existência.
Na
doce terra segavam a cevada
Quando
nos campos entregou-se a viver
Oferecendo
a Boaz seu belo olhar...
Sendo
por fim toda mácula ceifada
Veio
a colheita dos que souberam ser
Fiéis
a Deus mesmo antes de semear.
JOSUÉ
VI
Que
caia sobre a terra todo o muro
Colocado
entre Deus e os escolhidos,
E
mesmo o que na rocha for erguido
Não
se firmará com todo esse apuro.
– Se um muro edificado a sua frente,
Forjado
em plena força mineral,
Parece
inerte, eterno e imortal,
Pela
fé cairá completamente!
Mesmo não havendo sinais de emendas
Sob o musgo, não se escondendo fendas
Entre os blocos férreos de Jericó,
De uma muralha a ruína formou-se,
E sangraria se de carne fosse,
Mas sendo pedra se desfez em pó!
Um comentário:
Excelentes poemas.
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