Última
meditação à véspera da morte
Savonarola (23-5-1498)
Em ti esperei, senhor!
Não serei eternamente confundido!
Ó maravilhoso poder da esperança!
A tristeza não permanece em sua presença.
Pode ressoar seu fragor,
Os inimigos podem assediar-me,
Nada temo,
Pois espero em ti, senhor!
Tu és a minha esperança,
Meu refúgio forte e inexpugnável,
Já penetrei dentro dele.
A esperança abriu-me suas portas.
Não penetrei temerariamente.
A esperança é minha escusa antecipada.
Ela me diz:
“Eis, ó homem, o teu refúgio,
Abre os olhos e vê:
Deus é teu único asilo.”
Somente ele pode libertar-te,
Somente ele te consola e te salva!
O coração dos homens está nas mãos de Deus.
Ele o guia segundo sua vontade.
- Considera minha bondade e meu amor.
Não seria amigo dos homens
Quem pelos homens se fez homem?
Quem pelos pecadores sofreu a morte?
Na verdade, ele é teu Pai.
Poderia um pai esquecer seu filho?
É ele quem nos diz,
Pela escritura,
“Já que o homem confiou em mim,
Eu o libertarei,
Tirá-lo-ei de suas tribulações”.
Ó imensa força da esperança,
Como ela se difunde pelo mundo inteiro!
Não serei eternamente confundido!
Poderei sê-lo na terra,
Não na eternidade!
Com teu braço forte,
Com teu julgamento equitativo,
Liberta-me, senhor!
Do livro As mais belas orações de todos os tempos, de Rose Marie Murado e Raimundo Cintra (orgs.).
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