QUERIA EU ESTAR NO LUGAR
DELE!
Não
pense que queria estar
No
lugar de Jesus, em sua crucificação.
Não!
Não! Aquele era o lugar dele se não
Eu
não teria hoje a certeza de minha salvação.
Mas,
queria eu e muito estar no lugar
Do
homem chamado José de Arimateia
Membro
do Sinédrio, o único que votou,
Com
isenção, pela absolvição
De
Jesus Cristo, por não julgar nos seus atos
Qualquer,
qualquer motivo de condenação!
(Que
os nossos membros dos sinédrios sejam assim: justos, éticos, corajosos,
corretos).
Queria
eu estar no lugar de José de Arimateia
Na
simplicidade de um homem rico
Que
não queria plateia,
Mas
corajoso tomou a posição
De
quem ama e em gratidão
Manteve-se
de pé, com fé, ao pé da cruz
Tão
diferente daqueles que fugiram de medo,
Negaram
ou dormiam enquanto sofria
Cristo
Jesus na noite fria.
José
de Arimateia sentiu de perto a dor
Do
Cristo, seu Senhor!
Após
a sua morte pediu a Pilatos autorização
Para
sepultar Jesus, seu Salvador.
Liberado,
retirou o corpo ferido, machucado,
Com
placas de sangue o lavou.
Abraçou
o corpo frio, talvez sozinho,
Aqueceu-o
com amor e carinho,
Envolveu-o
em pano limpo, de linho,
E
o levou lavado para seu túmulo de rico
Esculpido
na rocha, seguro, guardado
E
ali, em lágrimas, emocionado
Agradeceu
a dádiva de Deus que amou o mundo
De
tal maneira que o seu único filho deu!
Quisera
eu, quisera eu, e muito estar no lugar
Deste
homem sensível, corajoso,
Agradecido,
destemido, amoroso,
Para
também, naquele momento,
Prestar
meus sentimentos ao Cristo morto
Untá-lo
com bálsamo perfumoso
E
declarar meu amor incondicional
Pelo
que fez por mim e por todos afinal
Para
salvar-nos para sempre de todo o mal!
Quisera!
Queria! E como! Estar lá também
Para
ver o Cristo ressurreto, vitorioso,
E
que hoje vive para sempre em mim! Amém!
SENSIBILIDADE SOCIAL. ACORDEMOS!
Num
quarto de meu quarto de dormir,
Deitado,
ainda na madrugada que se fez longe,
Meus
olhos preguiçosos de acordar
Me
levam a um quadro pelo quadrado da janela,
A
uma pobre comunidade adormecida,
Iluminada
por luz pálida, amarelada,
Acolhida
no berço de uma montanha sem verde
Coberta
de nuvens negras, cinzas e brancas
Esperando
o alvorecer sem sol.
Não
consegui dormir mais
Ao
pensar no dia a dia daquela comunidade.
E
despertei-me deitado em berço macio acolchoado.
Entrei
com meus olhos de ver em suas casas humildes
E
vi gente dormindo sonhando com a esperança
Do
dia do amanhã ainda sem chegar.
Vi
outros, acordados, na angústia
Do
ontem que não aconteceu.
Vi
outros sonados que pareciam mortos
Sem
ânimo para despertar.
Outros
guerreiros dormiam de pé
Em
cochilos espasmados
Porque
sabiam que o dia de amanhã seria sempre noite
Se
não acordassem antes do despertar do sol.
E
naquele cenário ainda na escuridão
Ajoelhei-me
com a sensibilidade
De
ver com o coração
Aquele
perto dos meus olhos
Mas
longe do meu ver do dia...
Enquanto
durmo preciso ver o irmão
Em
vigília, em insônia, que não dorme.
Que
tem o direito de um amanhecer de luz.
Por
mais que ache que me vejo vendo o outro
É
apenas um pisca pisca de olhos que não veem
De
ouvidos que não ouvem
De
bocas que não falam,
De
braços que não abraçam.
SANTO
DE PAU OCO!
Ainda
sou um gigante adormecido
Que
não posso permanecer
Em
berço esplêndido
Eternamente
deitado
Vendo
o outro paisagem. Natureza morta!
Que
não possa eu dormir
Enquanto
o outro cansado
Nem
consiga deitar um pouco
No
seu direito, pelo menos, de repousar
E
num cochilo sonhar com o amanhã!
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