Quatro acrósticos de Albérico Camelo de Mendonça

 

GÊNESIS

 

Geme a terra na solidão cósmica.

Espírito no caos paira, aquece e cria:

Nascentes, flora, fauna, homem e mulher,

E o pecado penetra a forma anatômica.

Sobrevive a raça, na arca sem adereço.

Invade a terra, conquista e corrompe-a.

Salva-a José, governa e morre. É o começo.

 

 

CANTARES

 

Canta o amor, canta o tálamo,

A alegria das núpcias sagradas.

Na fragrância calada do cálamo,

Traz o antídoto voraz da vertigem,

Aquece o coração da virgem.

Recamo beija a volúpia,

Enobrece varão e virago.

Suga dos montes o aroma.

 

 

LAMENTAÇÕES

 

Lágrimas de fúnebres cantos,

Almas batizadas em sangue.

Mulheres sem berloque e joia

Entre hordas e gangues.

Na dor, o grito, a paranoia.

Tudo é cinza, é Guernica.

Atrás, o passado fica,

Comemora o inimigo a matança.

Ontem, a rebeldia e o deleite

E hoje sem dança, sem enfeite,

Sucumbe a flor da esperança.

 

 

APOCALIPSE

 

As sete igrejas da Ásia refletem

Perfil multifacetário de Cristo Jesus,

Os matizes da eterna glória celeste

Como visto na sala do trono de luz.

Anjos adoram e anunciam juízos,

Louvam-no pela derrocada maligna,

Impõem de Babilônia o ocaso sem risos.

Pujante, Cristo mostra-se como o Rei dos reis,

Senhor dos senhores e da História

E, com a Igreja, reinará para sempre.

Poemas extraídos do livro SACROS ACRÓSTICOS (Os Semeadores, 2021), que pode ser adquirido aqui: https://www.ossemeadores.com.br/ebook-sacros-acrosticos