POEMA DE NATAL NO GUETO
As barbas do pai Aarão não poderiam
destilar os óleos do bálsamo antigo. Nas bocas
já não cabiam salmos, nem gritos, o silêncio
era um tesouro contido, no gueto de Varsóvia.
No início ainda dobravam o azul
dos lençóis, faziam contas ao zloty
guardado sob as ripas do soalho.
Passavam pelas ruas porque havia
sempre alguém a vender alguma coisa
sem o brilho do passado, quando se podia
abrir a janela e cantar para a rua e
desenrolar os rolos da Torah em alta voz.
Não há uma estrela de natal, fria
com filamentos de lume por dentro, ninguém
festeja em torno de um presépio, outra metáfora
alimenta a fé, a Hanukkah, as luzes
e as sombras, caem em silêncio
pelas faces dos judeus.
PARA ENCONTRAR A CRIANÇA ENVOLTA EM PANOS
Deus pôs no céu a mão a guiar uma estrela
No meio de lugar nenhum
Que é o espaço indecifrável da noite
A luz era o único lugar visível, não se via
A mão que a guiava, foi com surpresa
Que a viram estacionar os anos-luz
Sobre um discreto estábulo de Belém.
No meio de lugar nenhum
Que é o espaço indecifrável da noite
A luz era o único lugar visível, não se via
A mão que a guiava, foi com surpresa
Que a viram estacionar os anos-luz
Sobre um discreto estábulo de Belém.
O ANÚNCIO DO ANJO A MARIA
“Quem és tu, ó moça, e que parte é esta que Deus
Em ti se reservou” - Paul Claudel
Nunca terás outro dia assim, não temas
aceitá-lo como a virgem que aceita
o toque profundo
da leveza da luz no útero, O divino a ser gerado.
Deus pode revelar assim o seu Amor
feito carne, sangue e ossos, no seu Filho.
NOCHEBUENA
Tenho de admitir que as minhas rótulas não suportam
senão penosamente as subidas, o peso da leveza do meu corpo
nas duas pernas já não se debruça facilmente
para apanhar o que os dedos não enlaçam, nem sobe
já aos bancos para colocar cristais na árvore de natal. A última
estrela que pus, perdeu-se no buraco negro dos tectos
das casas que habitei, mais uma
Noite de Natal com os netos por Continentes divididos.
senão penosamente as subidas, o peso da leveza do meu corpo
nas duas pernas já não se debruça facilmente
para apanhar o que os dedos não enlaçam, nem sobe
já aos bancos para colocar cristais na árvore de natal. A última
estrela que pus, perdeu-se no buraco negro dos tectos
das casas que habitei, mais uma
Noite de Natal com os netos por Continentes divididos.
Um comentário:
Poesias e temas interessantes, "Poema de natal no Gueto"
Desejo a vc amigo um Feliz Natal e um ano novo repleto de
bençãos do Senhor Jesus. Um abraço
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