EM TERRA ESTRANHA
Meus dias de menino não viram estes mares,
estes portos, estas frias naves
regidas por palavras de pedra.
Mas, desde os tempos submersos,
bem antes do tempo do homem,
a doce Mão passeia sobre todas as águas.
As jornadas de moço venciam as distâncias
em outros meridianos. Campinas mais vivas
sustentavam o amplo voo dos pássaros.
Mas, as pisadas do Senhor se multiplicam
em favor de todas as veredas humanas.
Os cânticos de minha igreja, de minha terra,
nascem de corações muito maiores!
Há mel e sorriso nos verbos de meu povo,
o calor dos abraços é um mar vastíssimo.
Mas, o Deus de todas as gentes habita
o sem-fim dos quadrantes, beijando-nos!
Existe um país acima das montanhas,
sobre todos os caminhos e vertentes.
Sobre todas as saudades e o peso da nostalgia.
Sobre todas as raças e o desamor das fronteiras.
Lá estarão os que colhem sementes
no sorriso estrangeiro onde suspiros se apagam,
no voo nascido da destra de Deus.
Lá estaremos, os de todas as terras da Terra,
revestidos pelo brilho do Altíssimo.
(Anaheim, EUA, 1990)
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