segunda-feira, maio 13, 2024

Três poemas de Charles Luciano

 


ORAÇÃO

 

Perfeito Criador do enorme sol,

anelo ver o brilho da tua luz mui superior.

Há segredos teus hermeticamente velados,

e outros que o teu querer me faz saber.

O tempo como rio escorre,

tu fizeste tanto um quanto o outro.

Tua voz posso ouvir em tudo,

até no silêncio dos inanimados.

Teu olhar muitas vezes é banhado

pela crônica surdez dos humanos.

Que perdurem as minhas observações,

que eu as ajunte para melhor te compreender,

e que os seres que maviosamente formaste,

atinem breve e seriamente para ti.

 

 

AQUÉM E ALÉM

 

Não há Deus? De modo algum? Nenhum?

Caso existisse, não o conheceríamos?

Se o conhecêssemos, não o comunicaríamos?

Isso é petulante ceticismo,

cismo só e não entendo,

como conseguiram tal conclusão?

Deleitar-se, engordando-se de prazeres?

Transgredir até esgotar-se?

O vício é bom, é realmente demais,

nele, porém, nosso espírito não se satisfaz,

mas alguém ainda diz: posso todas as coisas,

visto que é isso que me fortalece.

O que afinal rege o mundo?

Sob que égide ele está?

É a inconsciência coletiva que impera,

infidelidade, materialismo, hedonismo,

proliferação de mentores e pastoreados.

Dizem: fora as leis, “somos a medida

de todas as coisas!”

 


 

O PRIMEIRO E O ÚLTIMO

 

O justo e longânimo Criador do universo

é acertadamente considerado em seu Livro Sagrado,

como “O Alfa e O Ômega”, duas letras do alfabeto grego,

que significam que Ele é o primeiro e o último,

o princípio e o fim, o único possuidor da eternidade.

Somente a partir de outro prisma e de outra visão,

Ele será visto por intermédio desses termos,

por muitos indivíduos desprovidos de bom senso,

de forma equivocada e grandemente injusta.

Quem porventura se lembra de Deus em suas festas?

No Réveillon, no Carnaval ou no São João?

Quem se ajoelha em gratidão no seu dia natalício?

Ou mesmo nas comemorações ditas sagradas,

quem atina para o doador da vida e saúde?

Na Páscoa, Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, Natal?

De fato, Ele é o último, o esquecido, o lançado fora.

Compra-se bebidas, comidas, roupas novas,

tocam músicas, dançam e se alegram,

e Deus que é bom, nada, nada, nada.

Isso lamentavelmente se perpetuará até à velhice,

ou então até quando a triste enfermidade surgir.

Será apenas nessas condições que a maioria

atinará para a seriedade da sua existência,

e porá o Ser celestial como o primeiro, o princípio;

aliás, todos dizem que Deus é o seu Pai

e que não são e nunca enveredarão pelo Ateísmo,

mas quantos exatamente convivem com o mesmo?

Na realidade as pessoas vivem nesse mundo

como se Ele não existisse ou estivesse distante.

Há algum tempo atrás as aulas nas escolas

só eram iniciadas com uma doce oração.

Meus avós antes das principais refeições

rezavam em agradecimento pelo pão diário.

É isso o que vemos hoje nas instituições e em casa?

O Senhor é sempre o primeiro quando infelizes estamos,

e será sempre o último quando nos encontrarmos felizes.

Gastamos longe dele nosso vigor e recursos por completos,

e damos-lhe o resto, a sobra, o bagaço espremido;

isso é incorreto, irmãos, não deveríamos agir assim.

Deus deve ser em meu viver o princípio e o fim,

em todos os bons sentidos dessas palavras.


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