quinta-feira, janeiro 17, 2008

Um poema recente, de minha autoria


Há uns 5 anos, numa igrejinha em Itaboraí

Setembrino dia, severa manhã
O sol vem em seu crescente.
Um diácono abre janelas e portas
E inicia a oração.


Após vai aos fundos,
À casa de obreiros
Lá sete varões despertos
E sobre quatro camas, dois colchões
No chão deitados, no velho sofá
os restos de uma madrugada
Em orações despedaçada

Sete,
sete de pó
E quando há só arroz
Comem arroz
Se rara carne, carne

Sete de pó
Sete sem casa,
Abrigados na CASA única que existe,
A dAquele que é mais alto do que os altos.
Sete escapados do tráfico, da bebida,
Da vida escrava e inútil...

Sete de pó,
de monte, oração e jejum
Negros, sim, e dois deles
Deixaram o analfabetismo
Em cima de uma Bíblia
Invariavelmente doada, surrada...
(Mas blindada por aquele azul do amor de Cristo,
Que não me canso de citar)

Sete que o mundo não quis por soldados
Desertores, cães
Agregados para baixo da mesa do Sol da Justiça
E a quem Ele houve por bem
Patentear como Brigadeiros, Almirantes e Generais

Sete refugos do mundo
Singularmente sete,
15, 16, 16, 17, 25, 23, 18 anos
Generalíssimos

Sete do mais puro pó
Desempregados, de aparência desprezível
(oh quão desprezível!)
Sete a catar latinhas, serventes de obra,
Vivendo de biscate, sete a trilhar
O trigo no lagar, sem se importar
Com o que você irá pensar

Sete de pó, sete eles,

São só pó
Ou talvez não

Sete ignorantes de Agostinho, Erasmo, Bultmann
E de toda a multidão e compêndios desta nobre casta,
A dos teologais
Sete que jamais poderiam conceber
O horror das sedições de Pelágio, Ário, Maniqueu
Sete que nunca ouviram o som de um shofar
Sete incultos, mas que do dia
À noite falavam línguas desconhecidas,
Com a tranqüilidade da criança
Que sorri

Eram apenas sete,
Sete de pó
A esmigalhar os discursos do mundo,
A cada dia franqueando e abaixo pondo
As muralhas e os medos de uma nova Jericó

Sete cujo único moto,
Contínuo moto
Era louvar e dar plena execução
À Obra dAquele que preside desde a antiguidade

Sete cadáveres que um dia ancoraram na Rocha,
A Rocha das Ressurreições
Que os fez e faz
Pássaros para sempre.


Inspirado em fatos reais.
Dedicado ao meu amigo de infância, de hoje e de sempre, Wilson Apolinário.


Louvado e exaltado para sempre seja o Senhor dos Exércitos, o Deus da nossa salvação.

2 comentários:

Diogo França disse...

Meu,
achei muito loco o Blog.
e a Idéia também!
Poesias e tal.
Amo muito isso e Ja vou te add nos
Favoritos!
Que Deus continue Abençoeando!
Vou escrever mais poesias!!! rsrsrs

Abraço!

Douglas Gonçalves Martins disse...

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