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A Poesia vai além dos Cavalos
A poesia vai além dos Cavalos.
Como o oxigênio para os pulmões,
ela está para tudo o que existe.
A Poesia é mais forte
que o ímpeto dos Cavalos
que se sucedem no Fim
- os Cavalos apocalípticos
e seus fantásticos cavaleiros –
se bem que eles cavalgam
na ordem pré-traçada,
e suas cores dramáticas
são notável sinergia.
(As feras, as alimárias
obedecem prontamente,
até mesmo os Cavalos fantásticos,
e estes mais que os outros;
só o homem delonga
no pascer de si mesmo.)
A Poesia subsiste
- vai além dos Cavalos! –
explorada ou preterida,
deturpada ou arremetida
para gáudio dos justos,
para o escárnio dos cínicos.
Os Cavalos se empinam
e têm cores sinistras
quando soa-lhes a Hora;
e o mundo estremece
ao início da marcha,
mas depois se habitua
e acomoda ao destino.
Surge o Branco, O Cavalo
e o Homem do arco
com a coroa que vence.
Vem depois o Vermelho
com o seu “paladino”,
cuja espada faminta
tira a paz toda à Terra.
Logo avista-se o Preto
e o seu cavaleiro,
é o que pesa o minguante.
Se sucede o Amarelo
montaria da Morte
e o seu séquito é o Hades.
E mais tarde é o silêncio,
e as visões são bem altas.
A Poesia subsiste
- que ela é verbo e essência –
e com a outra Virtude
(porque a Fé e a Esperança
serão ambas extintas),
braços dados, se exaltam
musicando “Aleluia”
superior à de Haendel.
O Amor e a Poesia!
Que dueto afinado!
E penetram o Eterno.
Recomeça a inocência
Sem menção aos Cavalos.
Onde Acharei um Portento?
Onde acharei um Portento
que desprenda à Clara Fonte
toda a Canção desta alma?
Muitos dizem. Muito dizem.
Os olhos finos se afligem
não e nunca satisfeitos.
Cecília partiu em Noite.
Drumond em Noite enoitece.
Árvores altas madrugam
quase em vão; quem se convence?!
Há os pássaros no ramo.
Tagarelam tanto e nada
tão-nunca dizem da Água.
Onde acharei um Portento
que aflore, enfim, das raízes
a Canção Total à Fonte?
Que cante a Água que adoça
os olhos da triste fronte?!
Do livro Frutos para o meu Amado (CPAD, 1999).
2 comentários:
A Paz do Senhor Irmão,
Parabéns por seu belo trabalho.
Posto aqui uma poesia da Rosa Jurandir Braz, publicada na Revista A SEARA nº 124 - jan/fev/1975, intitulada DEISSÊNCIA
Sei, eu sou
surto das mãos que compuseram
estrelas,
pássaros,
pedras
e outros poemas.
Sou finita, eu sei
(até onde alcança a vista).
Mas minha essência
(o Amor)
é alta e finita.
Meu pensamento, longo;
ultrapassa o cognoscível.
E eu chego em Deus.
A Arte volta à Fonte
e se integra
e se espraia
e chove sobre a Terra.
Em Cristo
Elizama Barbosa
Amada irmã, muito obrigado pela grande contribuição, postando este poema aqui. Belíssimo.
Infelizmente é difícil ter acesso a publicações como A Seara, ou revistas Batistas antigas, que sempre divulgaram poesia. Por aqui, só mesmo na Biblioteca Nacional, e em muitos casos as coleções deles não estão completas. Já fiz o apelo para que os irmãos colaborem, enviando por e-mail ou mesmo xérox (é até melhor para mim), mas não obtive retorno.
Por isso, caso possua mais edições/poemas desta revista, de qualquer autor, pode me enviar, por e-mail ou por carta (meu endereço está no blog).
Mais uma vez obrigado minha irmã.
Um abraço fraterno do irmão Sammis
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