quinta-feira, abril 19, 2012

Três textos de Gladir Cabral



Publicamos aqui três singelos textos (um poema e duas canções) de Gladir Cabral. É magnífica a forma como a fronteira entre poesia e música, se ela existe mesmo, se dilui de maneira perene nos letras de Gladir.

Poeta é Deus
Eterno é Deus,
Tudo o mais é uma folha de alfazema
Que o vento leva no doce perfume da açucena,
Águas passadas nas longas braçadas do moinho,
Leve desenho na pena de um livre passarinho.
.
Eterno é Deus,
E o resto é a sombra de uma nuvem
Sobre a corrente das águas que de repente surgem
E prontamente se escoam na sequidão da terra,
Um pensamento, uma flecha do arqueiro, quando erra.
.
Poeta é Deus,
Sou apenas o verso de um poema.
Ele é palavra, eu sou o desejo de um fonema,
Verso branco, breve
À espera do seu tema.
.
Eterno é Deus,
Tudo o mais é uma gota de sereno
Que de manhã cobre a folha da grama no terreno.
Ao meio-dia é apenas lembrança pouca e vaga,
É trilha incerta, é uma estrada deserta e ensolarada.
.
Poeta é Deus,
Sou apenas poeira do caminho.
Ele é o rio que me leva assim, devagarinho,
Pela vida afora, nunca mais sozinho.


Santa Ceia
Este é o meu corpo
Que é repartido
Como um gesto de amor
Flor que vem do campo
Se transforma em trigo
Vivo pão que dá sabor
Sabor de sal, suor
E dor e riso e sol
Eternidade sobre a mesa
.
Este é o meu sangue
Que é derramado
Na aspereza de uma cruz
É o vinho novo
Aliança nova
Brilho intenso de uma luz
E a luz venceu
A mais profunda escuridão
E abriu os olhos da esperança


Casa Grande
A casa grande é branca e branda como a seda,
Acolchoada, fina e nobre como a renda,
Mas aqui fora reina a lei da reprimenda,
Da palmatória, nossa paga, nossa prenda.
Doutores, caros, fortes, ricos e senhores
Que suspirais pelas janelas dos amores,
Olhai por nós marcados por terríveis dores,
De vós vêm nossas esperanças e temores.
Os nossos corpos sendo mortos pouco a pouco,
Os nossos sonhos já desfeitos, todos loucos.
Na casa grande há uma cruz numa parede.
No coração de um negro há uma casa nova
Sem palmatória, sem corrente obrigatória,
Sem mais senhores, todos são de todo amigos
E nas paredes não há cristos esquecidos.
Nessa fazenda Deus é gente aproximada,
É tempo inteiro, tarde, noite e madrugada,
Motiva encontro, comunhão e caminhada,
Faz liberdade ser bem mais que uma palavra.
Os nossos corpos redimidos num momento
Bem mais veloz que a luz de todo o pensamento,
A nossa casa é muito mais que uma fazenda (1ª)
A nossa vida é bem mais que uma fazenda (2ª)

No blog do Gladir, além de poder ler dezenas de suas belíssimas letras, você poderá também ouvir online as canções. E ainda ler as histórias, conhecer as vivências, assistir videos e aprender com a ampla cultura cristã deste menestrel. Visite e desfrute: 
Blog: http://www.gladircabral.com.br/index.php
Site: http://www.gladircabral.com.br/site/

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimas linhas.

John L.S.

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