segunda-feira, dezembro 30, 2013

Dois poemas de Noélio Duarte



Cenário

A cena era indescritível:
Três homens – imagem terrível!
Três corpos – um em cada cruz.
Nas extremidades – dois ladrões;
Eram malfeitores - dois vilões;
E, bem mais no meio, estava Jesus...

A cena era bem dolorosa,
Não pela turba raivosa,
Nem pelos cravos perfurantes,
Nem pelo sangue vertido,
Nem pelo corpo moído,
Nem pela dor torturante...

A cena, vista por Jesus,
Ali pendurado na cruz,
Era triste, de grande decepção:
Ele fora lá abandonado,
Agora era o Mestre desprezado
- O Gólgota foi a confirmação...

Onde estava aquele João,
O discípulo do coração?
E o Pedro, tão impulsivo?
E Mateus, o sério coletor?
E Tiago, o irritado provocador?
E o Felipe ágil e interativo?

Onde estavam seus familiares?
E os abençoados, aos milhares?
E os alimentados?
E os curados?
E os abençoados?

E os admiradores,
Apreciadores,
Defensores?

E os aliviados,
Os libertados,
Os resgatados?

E os cegos, agora com visão?
E os surdos, agora com audição?
E os leprosos, agora sãos?

Onde, onde estavam os demais
Que não o abandonavam jamais?

A dor do meu Senhor Jesus
Não era provocada pela cruz
E sim pelo abandono cruel...
Mas Ele tinha uma missão:
Resgatar, curar, dar salvação
- E nisto Ele foi justo e fiel!

Ele fora no Calvário desprezado,
Mas o projeto do Deus amado
Era ter de volta a alma perdida.
E Jesus, como Filho obediente,
Cumpriu a promessa, consciente,
Ele fez a religação: deu-nos vida!
Para Jesus, naquele instante,
O mais grato e importante,
Era ser o Cordeiro Redentor...
Desprezado, ele pôde nos perdoar;
Rejeitado, ele quis nos resgatar...
A solidão da Cruz é a expressão do amor!


Celebração

Jesus Cristo veio
E vivo esteve entre nós!
Com sua alegria sem fim
Pudemos ouvir sua voz:
voz de adoção,
voz de valor,
voz de orientação,
voz de amor,
voz de dedicação,
voz de ajudador,
voz da salvação,
voz do resgatador!

E o que fizeram seus pares
Ao ouvir tanta vida?
- Fecharam-Lhe os lares,
- Negaram-Lhe acolhida,
- Difamaram-Lhe o Nome
com um furor que consome
E causaram-Lhe feridas...

Por fim, O crucificaram
Num gesto de abandono cruel,
Discípulos se ocultaram,
Amigos Lhe faltaram,
Negaram-Lhe ser fiel...
E a multidão que O aplaudiu
Friamente o desprezou, traiu
E agora Lhe davam o fel...

Mas Ele dissera com vigor:
- “Eu sou o Pão da Vida...”
E o Pão da Vida ressuscitou!
O Deus eterno, amoroso,
O Deus forte, Glorioso,
Seu amor manifestou!
Hoje temos garantida
A eterna e santa acolhida
Pela vida que nos doou!

Sim, o Sangue foi vertido:
Cristo se doou no Calvário,
Queria ter-nos no santuário
Como seu povo redimido...
Sangue que nos purificou,
Sangue que nos perdoou,
Sangue-Amor repartido!

E assim, reunidos em comunhão,
Façamos a Santa Celebração
Da morte e vida do Senhor
Mas com profunda gratidão!
Pão – alimento restaurador;
Vinho – sangue que nos dá vigor;
Ceia – Memorial, consagração...
Lembremos do sacrifício santo
Manifestemos com o nosso canto:
“Estamos redimidos da maldição!”

Comamos deste suave pão;
Bebamos do vinho, com ardor;
Lembremos que a salvação
- Esta maravilhosa doação –
Foi uma oferta de amor...
E que ao sairmos do templo
Para a vida lá fora viver,
Anunciemos com santo exemplo:
“Cristo é Vida, Ele é poder!”




Do livro A Rude Cruz – A vida, morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo e a gloriosa mensagem da cruz (Editorial Textus, 2011)

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