domingo, dezembro 08, 2019

INDIFERENÇA - Arma de ferir a Cristo



INDIFERENÇA

Não são os cravos frios,
nem o madeiro cruel, nem a coroa espinhada,
nem a lança aguda que o soldado ímpio
mergulha na carne em profunda ferida.

Não é o sol ardente
que abrasa o rosto e queima a pupila,
resseca o lábio doce e a cândida frente
qual terna flor que seu calor aniquila.

Não é a esponja amarga
Que da boca sedenta se aproxima,
a alegação angustiante da sede que lhe abrasa,
sede que nasce da alma e não é compreendida.

Tampouco é o esquecimento
do Pai, como parece que o Filho acredita,
deixando-o sozinho sofrer o martírio,
ausente de toda a misericórdia divina.

Não é o cravo frio,
não é o sol ardente,
nem o terrível esquecimento.
Não é o fel amargo
nem o espinho penetrante.
É a tua indiferença, é teu cruel desvio
quem o feriu inclemente com seu agudo fio.
E é a sede imensa de salvar tua alma,
que feroz queima suas ternas entranhas.

Autor desconhecido
Do livro 502 Ilustraciones Selectas, de José Luis Martínez
Tradução Sammis Reachers

Um comentário:

Miranda disse...

Bela poesia, sou a ante da poesia e arrisco vez por outras alguns rabisco.
Caso queira ler alguma souoarauto.blogspot.com

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