quarta-feira, dezembro 12, 2007

Dois poemas de J. T. Parreira


A Segunda Vinda (II)

À espera do Amado
como uma casa que espera
um ladrão gentil

que saltará
na casa
como um perfume

Ele verá esta
pálida
casa

Ele tomará
este bocado
de nada

Ele moverá meus pensamentos
dobrará as sombras
das coisas ignóbeis.


O HÓSPEDE

Depois da noite se instalar
ao redor do fogo, abrir
sobre a cama um espaço
para o corpo se atirar
e lençóis que ainda trazem
os perfumes da manhã
alguém chega, entrou
pela noite com olhos indecisos
e sonhos de distância
traz sono e estremece
à mais pequena folha
que cai na noite fresca
esse alguém onde o vedes
pode trazer um coração
lavado, uma metáfora
dissonante, molhos
de palavras, e partindo
o pão, abrir os nossos olhos.

15-10-2007

www.papeisnagaveta.blogspot.com

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