sexta-feira, julho 04, 2008
Dois poemas de Assis Cabral
À Porta
Não ouves? Eis que alguém te bate manso à porta,
Teu hóspede quer ser, vem te pedir pousada.
Alguém que vem de longa e extensa caminhada.
Alguém que vem dos céus e o mundo não suporta.
Bate. Quer avivar tua alma semi-morta,
Afastada de Deus, nas trevas extraviada.
Quer salvar-te, pois tem como missão sagrada
Restaurar o perdido. O custo? Que isso importa?
Esse alguém é Jesus, o Filho do Deus Vivo,
Que executou no mundo o plano redentivo,
Pra te livrar do inferno e outorgar-te perdão.
Bate. Não vens abrir? A mão do teu Jesus,
A mão que foi ferida em vergonhosa cruz,
É a mão que bate à porta do teu coração.
Bartimeu
Há treva misteriosa e densa escuridão.
Penúria. Mendicância. A vida é de infeliz.
À beira de uma estrada, a sorte não maldiz
O paciente judeu, sem casa e sem visão.
Mais eis que surge ao longe a grande multidão.
Vozerio. Tropel. E então alguém lhe diz:
É Jesus que aí vem, pra te fazer feliz,
O Cristo de Israel. O Deus da salvação.
Mestre, tem compaixão de mim, quero enxergar,
Tu tens todo o poder, não ouso duvidar,
Abre-me a vista, então, para que eu veja a luz.
E logo Bartimeu contempla, ao derredor
Da bela Jericó, as campinas em flor
E, sobretudo, vê o rosto de Jesus.
Do livro Álamos no Deserto (JUERP, 1972)
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A Voz de Deus!
No silêncio, ao susurrar do vento
Sentido em minha face a brisa fresca
No suave tocar da rosa pitoresca,
Seu aroma deixa-me grande alento!
Ah, que bom é está perto de um ser
Que nos dá o vigor da primavera
Como ao tocar de sua mão espera,
Filho te amo! ao esperar Ele dizer!
2
No íntimo de meu ser interior
No pulsar do meu coração percebo
Que instruções divinas eu recebo
Com meiga vóz, suave...do Senhor
O bom pastor guiando cuidadoso
A me dizer, te amo filho amado,
Minha vida por te dei, és resgatado,
Á escutar a vóz do Deus bondoso!
3
No ressoar do canto angelical
Ao romper da aurora, o belo sol
Encanta-nos com seu lindo arrebol
Sentindo a santa presença divinal,
Revelando-se atrvés da Natureza
Nosso Deus nos falando com clareza:
Sêde luz aqui na terra, qual faról
Esta é a meiga voz do Deus celestial!
Autor: Laerço dos Santos
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