segunda-feira, maio 05, 2014

Dois poemas de Claudio Tapajós



Incógnita

Recorrente equação,
Novamente eis o quiz:
Arguir seu coração,
Quando o mesmo não lhe diz
Tudo o que se quer saber,
e por certo sempre quis.

Querer, não dever, talvez poder.
Sentir, maldizer, por certo ter
Uma impressão, um antever do aborrecer.
Enquanto a alma desprender,
De tudo quanto entorpecer,
Sequer pensar retroceder.

Se o que me move é vaidade,
Nada há que me orgulhar.
Se em meu limite há liberdade,
Sou movido a sonhar.
E se não sonho, piedade!
Deus, dá-me graça, face à Verdade!

Da equação, tem-se o total:
O coração, quão desleal
tem no sentir, posto carnal,
visto abissal, torpe, fatal.
Portanto, se natural, vês decimal,
Se divinal, fundamental.
Por certo Cristo é o ideal,
De um coração imparcial.


Vide à vista

A Videira verdadeira é o que me alimenta.
Sou apenas um ramo, um enxerto.
Preciso da seiva, não passo de um galho desgarrado.
Distante da parreira, sou apenas um pedaço.
Nela entretanto, faço parte do todo.
Ligado à vide, vivo estou, cheio de folhas e frutos.
Quem nela me vê, não pode avistar-me,
Pois tudo o que vê, é a copa verdejante
Do grande arbusto de Cristo.

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