quinta-feira, agosto 09, 2007

Dois poemas de Brissos Lino



SALMO PRESENTE

Escuto. Mas o uivar dos lobos não me assusta.
Nem o rumor do vento
poque o meu olhar se me alonga
para os pastos verdejantes
e águas tranquilas.
O bardo onde vivo refrigera-me
(já nem sei o que sejam veredas errantes).
A lã de que sou vestido é branca,
e só de alegria o peito me salta
porque a mesa em que me sento é farta
e os meus inimigos se espantam comigo.


O céu de Auschwitz

Os gritos, o medo
a força da vida
nos barracões de Auschwitz
metralhadoras miram
corpos nús
homens e mulheres
velhos
crianças
quatro milhões de inocentes
no espanto da igualdade
russos, judeus e polacos
franceses e outros
metralha e “Zyclon B”
a besta nazi rumina
vinte mil mortes por dia
nas câmaras de Auschwitz
toneladas de cabelo
milhares de óculos
roupas
dentes postiços
brinquedos e chupetas
o stock ignominioso
da besta
satanás desmascarado
no carnaval carioca
da morte
…………………………………..
o céu é cinzento e húmido
hoje
em Auschwitz.

In “Salmo Presente”, IEC, Setúbal, 1996

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Sammis : passei pra visitar o seu blog mais uma vez.Como sempre vc sempre se esmera na escolha dos textos. Parabéns. Te desejo um ótimo fim de semana. Abraços do amigo touché

Anônimo disse...

Amigo Sammis : passei pra visitar o seu blog mais uma vez.Como sempre vc sempre se esmera na escolha dos textos. Parabéns. Te desejo um ótimo fim de semana. Abraços do amigo touché

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