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quarta-feira, agosto 01, 2012

Dois poemas de Dietrich Bonhoeffer



DE BONS PODERES

De bons poderes sinto-me cercado,
Bem protegido e de fato consolado:
Assim desejo eu passar os dias
E ter convosco um ano de alegrias.

Ainda o passado nos tortura,
De dias maus nos pesa a amargura:
Senhor, concede às almas espantadas
A salvação, para a qual são preparadas.

Estende-nos o cálice amargo da dor,
E o bebemos sem embaraço,
Porque nos vem das tuas boas e queridas mãos;
Até sofrer com gratidão tu nos ensinas.

Mas se quiseres dar-nos alegrias
Ainda sob o sol dos curtos dias
Do mundo, lembraremos o passado,
E entregamo-nos ao teu cuidado.

Deixa que estas velas que chamejam
Um bom sinal de Ti, nas trevas sejam:
Permite que mais uma vez nos encontremos
Pois Tua luz brilha à noite, bem sabemos.

E quando se fizer silêncio ao nosso redor,
Deixe-nos ouvir os seus sons aumentarem,
Do mundo invisível em crescente abundância,
E todas as crianças cantem hinos de louvor.

De bons poderes protegidos,
Aguardamos tranqüilos o que há de vir.
Deus está conosco à tarde e pela manhã,
E com certeza, a cada novo dia.


CRISTÃO E PAGÃOS

1
Homens na sua angústia se chegam a Deus,
imploram auxílio, felicidade e pão; que salve de 
doença, de culpa e de morte os seus. Assim 
fazem todos: Cristão e Pagão.

2
Homens se aproximam de Deus, quando Ele em 
dor, acham-no pobre, insultado, sem agasalho, 
sem pão. Vêem-no por nosso pecado vencido e 
morto, o Senhor: Cristãos permanecem com Deus na Paixão.

3
Deus está com todos em sua angústia e dor.
Ele dará de corpo e alma o eterno pão.
Morre por cristãos e pagãos como Salvador,
e a ambos perdoa em sua paixão.

Fonte: Sociedade Internacional Bonhoeffer - http://www.sociedadebonhoeffer.org.br

terça-feira, abril 17, 2007

Um poema de Dietrich Bonhoeffer



Wer Bin Ich? Quem Sou Eu?

Quem sou eu? Freqüentemente me dizem
Que saí da confinação da minha cela
De modo calmo, alegre, firme,
Como um cavalheiro da sua mansão.

Quem sou eu? Freqüentemente me dizem
Que falava com meus guardas
De modo livre, amistoso e claro
Como se fossem meus para comandar.
Quem sou eu? Dizem-me também
Que suportei os dias de infortúnio
De modo calmo, sorridente e alegre
Como quem está acostumado a vencer.

Sou, então, realmente tudo aquilo que os outros me dizem?
Ou sou apenas aquilo que sei acerca de mim mesmo?
Inquieto e saudoso e doente, como ave na gaiola,
Lutando pelo fôlego, como se houvesse mãos apertando minha garganta,
Ansiando por cores, por flores, pelas vozes das aves,
Sedento por palavras de bondade, de boa vizinhança
Conturbado na expectativa de grandes eventos,
Tremendo, impotente, por amigos a uma distância infinita,
Cansado e vazio ao orar, ao pensar, ao agir,
Desmaiando, e pronto para dizer adeus a tudo isto?

Quem sou eu? Este, ou o outro?
Sou uma pessoa hoje, e outra amanhã?
Sou as duas ao mesmo tempo? Um hipócrita diante dos outros,
E diante de mim, um fraco, desprezivelmente angustiado?
Ou há alguma coisa ainda em mim como exército derrotado,
Fugindo em debanda da vitória já alcançada?

Quem sou eu? Estas minhas perguntas zombam de mim na solidão.
Seja quem for eu, Tu sabes, ó Deus, que sou Teu!

Dietrich Bonhoeffer foi um grande teólogo protestante alemão, considerado um dos mais relevantes do século XX. Perseguido e aprisionado pelo nazismo, foi enviado a um campo de concentração, onde foi executado, já em fins da Segunda Guerra.
Para mais textos e informações sobre Bonhoeffer, visite:

http://www.sociedadebonhoeffer.org.br
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