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quarta-feira, março 15, 2023

Cinco poemas de Thiago Rocha, do livro Celebração da Vida

 


MÃOS VAZIAS

 

No dia em que da vida der adeus,

para o descanso na mansão futura,

irei me apresentar perante Deus,

para o juízo de toda criatura.

 

Quando soar meu nome lá nos céus,

na voz de meu Senhor, tão mansa e pura,

para julgar, solene, os atos meus,

como estarei, então, naquela altura?

 

Quando Jesus disser: “O que fizeste

dos talentos e dons que recebeste,

para servir aos outros, nos teus dias?”

 

ao estender as mãos, ao seu mandado,

e olhando as minhas obras, no passado,

como estarão as minhas mãos? Vazias?

 

 

SERVIR FAZ BEM

 

Deus concedeu a nós talento e dons,

para usá-los, conforme lhe convém,

a serviço de todos, maus ou bons.

Isso nos custa um pouco, mas faz bem.

 

Deus nos envia aonde lhe aprouver,

em campo junto a nós, ou muito além.

Cumpramos, com prazer, nosso mister,

que vai custar um pouco, mas faz bem.

 

Na profissão, no lar, em toda parte,

precisando de nós há sempre alguém,

a quem devemos dar a mão, com arte.

Vai nos custar um pouco, mas faz bem.

 

Muitos passam por nós, por Deus mandados,

para ouvir o evangelho, que contém

conselhos sábios, justos, abençoados.

Devemos transmiti-lo, pois faz bem.

 

Um toque humano em tudo que fazemos

dá um sabor cristão, que o crente tem.

Com mais humanidade nos portemos.

Quase nada nos custa, e faz tão bem.

 

 

 SOLUÇÃO PARA A CRISE

 

Para o mal do pecado, que há no mundo,

não adiantam leis, nem coação.

O seu problema está bem lá no fundo:

Procede do interior do coração.

 

É preciso descer ao mais profundo,

onde estão a violência e a corrupção.

Para acabar com o imoral, o imundo,

só há, apenas, uma solução.

 

Somente Cristo salva do pecado

o homem perdido nos caminhos seus.

Somente Cristo nos religa a Deus.

 

Só Ele foi pra isso separado.

Só Ele corrigiu nosso deslise.

Só Cristo é solução pra nossa crise.



FALTA AMOR!

 

O que falta neste mundo

corrompido e pecador,

moralmente moribundo?

O que falta? Falta amor.

 

O que falta ao empresário

que oprime ao trabalhador

e retém o seu salário?

O que falta? Falta amor.

 

O que falta ao Presidente,

Deputado e senador,

Pra servir melhor a gente?

O que falta? Falta amor.

 

O que falta entre as pessoas

Pra acabar com tanta dor

E fazer só coisas boas?

O que falta? Falta amor.

 

O que falta na família,

Para se dar mais calor

Tanto a pai, mãe, filho e filha?

O que falta? Falta amor.

 

O que falta em nossa Igreja

Para que ela sempre seja

O redil do Bom Pastor?

O que falta? Falta amor.

 

Sem amor não se faz nada

Que agrade a nosso Senhor.

Seria a Igreja exaltada,

Se houvesse em nós mais amor!

 

 

ACIMA DAS ESTRELAS

 

Não se contente em ser medíocre, meu irmão,

Faça o melhor que possa, em tudo, em sua lida.

Quer como cidadão, quer como bom cristão,

estorce-se por ser perfeito, nesta vida.

 

Cumprir o seu dever, ou sua obrigação,

faz parte da tarefa que lhe é requerida.

Se dos outros deseja consideração,

da mesma forma, use, então, de tal medida.

 

Se quer realizar, na vida, grandes obras,

aplique o seu maior empenho, sim, sem sobras,

e faça tudo, então, para que possa vê-las.

 

Se em sua vida você quer louvar a Deus,

caminhe sempre para a frente e para os céus,

pondo seu ideal acima das estrelas.


Do livro Celebração da Vida (2000).


quarta-feira, março 25, 2015

O Rolar dos Anos, poema de Thiago Rocha


O Rolar dos Anjos

Passa ligeira a vida como a flor,
que nasce de manhã, logo fenece;
e nossos dias correm qual vapor,
que, logo sobe ao céu, desaparece...

E vai-se a vida como um breve olor,
como o breve queixume de uma prece;
como a chama que perde o seu calor,
e como um pensamento que se esquece...

Os anos que ficaram para trás
não voltarão a nós, nunca, jamais;
portanto, nunca mais os lastimemos.

Se os nossos dias junto a Deus vivemos,
e se seguimos os divinos planos,
não lamentamos o rolar dos anos!

Do livro Águas de Descanso

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

NAS MÃOS DE DEUS, poema de Thiago Rocha


NAS MÃOS DE DEUS

Ajuda-me, ó meu Deus,  a compreender
aquilo que estiver ao meu alcance.
E dá-me paciência no viver,
para que de esperar eu nunca me canse.

Torna inda mais submisso o meu querer,
e sobre ti a culpa eu jamais lance,
por ser limitado o meu saber,
que além do misterioso nunca avance.

Ajuda-me a aceitar tua vontade,
sabendo que és o Pai da Eternidade
e fazes tudo com total razão.

Aceite minha mente limitada
que, neste mundo, coisa alguma, nada
foge ao controle da divina mão.

Do livro Arte de Viver

segunda-feira, setembro 23, 2013

BOM DIA (Oração da Manhã) - Thiago Rocha


BOM DIA
(Oração da Manhã)

Concede-me, Senhor, que, neste dia,
eu veja o mundo com os olhos teus.
Que eu note das crianças a alegria,
e veja a luz do sol brilhar nos céus.

Cada minuto, em tua companhia,
encha de amor todos caminhos meus.
E eu queira aos outros o que gostaria
de receber de ti, bondoso Deus.

Não busque o mal, mas sempre o bem persiga.
Estenda a todos minha mão amiga.
Sinta prazer em ver alguém contente.

E quando for, à noite, adormecer,
em oração a ti, possa dizer:

“Meu Pai, tive um bom dia realmente.”

Do livro Arte de Viver (1992)

sexta-feira, março 29, 2013

A Despedida de Cristo, poema de Thiago Rocha



A Despedida de Cristo

Na noite silente e fria,
naquela sala vazia,
a fraterna companhia
alegre se congregou.
O dia tinha passado
de trabalho carregado.
O grupo estava cansado,
e, assim, logo, se assentou.

Disposta a mesa para a pátria festa,
O Mestre, estando ali, sentou-se à testa.

Sabendo perto a batalha
que o levaria à mortalha,
o Senhor toma a toalha
e água deita na bacia.
E, pelos servos passando,
seus pés cansados lavando,
um a um vai enxugando
com o pano que o cingia.

Quer o Senhor deixar-lhes, neste gesto,
o ensino claro do viver modesto.

“Compreendeis o que vos fiz?
Mestre e Senhor, cada um diz
que eu sou – expressão feliz,
pois correta e verdadeira.
Se os vossos pés eu lavei,
assim vós também fazei,
pois exemplo vos deixei,
servindo dessa maneira.”

Voltando à mesa, disse o Salvador:
“Um de vós há de ser meu traidor”.

Como lança ao coração,
a triste revelação
de que havia traição
a todos surpreendeu.
E os servos que se espantaram,
perplexos, se entreolharam
e ao Salvador perguntaram:
“Porventura serei eu?”

Mas o Mestre querido os sossegou,
pois o malvado logo revelou.

Então, naquele momento,
trazendo o seu grupo atento,
deu-lhe novo mandamento,
o mandamento do amor:
“Deveis sempre vos amar
uns aos outros, e mostrar
o sentimento sem par
que por vós teve o Senhor”.

“Amai-vos uns aos outros, eis a lei,
amai-vos como sempre eu vos amei”.

Depois, o tempo correu,
e o grupo se entristeceu
co’a nova que recebeu
de Cristo e sua paixão.
E Jesus, compadecido
do seu colégio querido,
p’ra vê-lo fortalecido,
levou-lhe a consolação:

“Não fique o vosso coração assim,
credes em Deus, crede também em mim”.

“Na casa do Pai de Amor,
onde não há mal nem dor,
há moradas de valor,
que ninguém pode contar.
É verdade, eu vos repito,
se não fora tão bonito,
eu vo-lo teria dito.
Vou preparar-vos lugar”.

“Depois de o preparar, eu voltarei,
e para o eterno lar vos levarei”.

Na hora negra que passa,
quando se vê a desgraça,
envolvendo qual fumaça
o nosso mundo pequeno,
nada de melhor existe,
para o ser aflito e triste,
que saber que Deus o assiste,
e que Cristo diz, sereno:

“Não fique o vosso coração assim,
credes em Deus, crede também em mim”.

“Na casa do Pai de Amor,
onde não há mal nem dor,
há moradas de valor,
que ninguém pode contar.
É verdade, eu vos repito,
se não fora tão bonito,
eu vo-lo teria dito.
Vou preparar-vos lugar”.

“Depois de o preparar, eu voltarei,
e para o eterno lar vos levarei”.

Do livro Águas de Descanso (1969)

quinta-feira, outubro 25, 2012

Ouça poemas do Rev. Thiago Rocha, declamados pelo próprio


No site da Igreja Presbiteriana do Grajaú, da qual é Pastor Emérito, é possível ouvir algumas poesias do nosso grande poeta, o Rev. Thiago Rocha, bem como trechos de suas mensagens.

CLIQUE AQUI e ouça.

sexta-feira, outubro 05, 2012

O Dom Excelente, poema de Thiago Rocha


O Dom Excelente

Se ninguém enxuga o pranto
de quem sofre e chora tanto
suas dores e desgraças...
Se ninguém sequer se importa,
nem ao sofredor conforta,
sejas tu, irmão, que o faças.

Se ninguém tem compreensão,
na hora da agitação...
Se as discórdias e ameaças
agitarem o ambiente,
e compreender ninguém tente,
sejas tu, irmão, que o faças.

Se a ofensa, porventura,
cheia do fel que amargura,
vier do amigo que abraças.
Se ele não mais te procura,
por tristeza ou por loucura,
sejas tu, irmão, que o faças.

Se alguém, que vive ao teu lado,
cometeu algum pecado,
sentindo as forças escassas,
carece ajuda e perdão...
Se ninguém lhe dá a mão,
sejas tu, irmão, que o faças.

Se, ao redor de nós, o mundo
chafurda no lodo imundo,
imerso em trevas tão crassas.
Se não existe ninguém,
que procure fazer o bem,
sejas tu, irmão, que o faças.

Se os irmãos, ou companheiros,
não parecem verdadeiros
crentes fiéis, não reclames.
Se alguns se afastam ou falham,
e outros criticam e malham,
sejas tu, irmão, que ames.

Somente o amor edifica.
Somente o amor santifica.
Somente o amor enobrece.
Quem ama se eleva aos céus,
quem ama é filho de Deus,
e com seu Pai se parece.

Do livro Arte de Viver (1992)

sábado, maio 19, 2012

Dois poemas de Thiago Rocha



Minha Casa

Minha casa é pequena, simples, pobre,
Mas gosto dela e nela sinto paz...
Minha casa não tem brasão de nobre,
Pois a nobreza é o coração que faz...

Na minha casa um tosco pano cobre
A rude mesa e um velho banco, atrás,
Serve de assento, e, embora pouco sobre,
Há o bastante, que a todos satisfaz.

Minha casa não tem comodidade
Como os ricos palácios da cidade,
Mas foi um lar assim que eu sempre quis.

Lá, todos se amam, querem bem aos seus
Na minha casa pobre eu sou feliz.
Porque nela “buscamos sempre a Deus”.

in Vida Cristã


Fatal Negligência

Sonhei num sonho triste, impressionante,
Que um grande amigo me dizia adeus...
Havia dor expressa em seu semblante...
E lágrima a correr dos olhos seus...

O caminho! O caminho? Será distante?
Quem me pode guiar os passos meus?
Ó, meu amigo, parto neste instante,
Sem saber o caminho para Deus...

Foi um aviso, sim, eu bem senti
Que do Evangelho nunca lhe falara...
E ao telefone fui, correndo, para

Levá-lo à decisão por Cristo, ali:
“Onde está, por favor, o amigo meu?”
E do outro lado disse a voz: “Morreu!”

in Raio de Luz

sexta-feira, abril 08, 2011

Dois poemas do Rev. Thiago Rocha



LENÇO DE DEUS


"E Deus lhes enxugará dos olhos
toda lágrima". Ap 7.17


Toma o lenço de Deus e enxuga o pranto
seja qual for a dor que te entristece.
Se acaso pensas que sofreste tanto,
toma o lenço divino e o mal esquece.


Deus pode transformar o choro em canto,
se O procurares, porventura, em prece.
Ele te abriga no seu santo manto
e paz inexcedível te oferece.


Não te envergonhes, se preciso, chora,
tua tristeza, amigo, põe pra fora,
e conta tudo ao Pai em oração.


E sentirás alívio, finalmente,
tranquilizando o coração e a mente,
tendo o lenço de Deus em tua mão.




SER PROFESSOR


Ser professor é ter o dom do artista
Que faz da massa informe uma escultura.
Ser professor é como o pianista
Que, com as mãos, dá vida à partitura.


Ser professor é ter, como conquista,
A formação de cada criatura.
É fazer com que a mente se revista
Do manto do saber e da cultura.


Ser professor é mais do que informar.
É ter o intuito nobre de formar
Um caráter que espalhe amor e luz.


Ser professor é ser gratificado
Por aquilo que for realizado.
Ser professor é ser como Jesus.


"Até a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino".
Paulo - 1 Timóteo 4.13

quarta-feira, junho 23, 2010

Concurso de Poesias no Centro Cultural da Bíblia

*
Como parte das comemorações do 62º aniversário da SBB, o Centro Cultural da Bíblia (CCB), no centro do Rio de Janeiro (RJ), promoverá em 10 de setembro seu I Concurso de Poesias. O evento, além de ser oportunidade aos novos talentos poéticos para apresentarem suas composições, também homenageará o conhecido poeta e pastor presbiteriano, Thiago Rocha.
Sob o tema “A Bíblia e a Natureza – Falando de Deus com Arte”, o concurso terá uma mesa julgadora composta por integrantes da Academia Evangélica de Letras do Brasil. As poesias apresentadas serão avaliadas sob os seguintes critérios: objetividade, fidelidade ao tema, estética e clareza de linguagem. Os 20 melhores textos serão publicados numa edição especial, juntamente com as obras do poeta Thiago Rocha. Já as cinco poesias mais bem avaliadas terão premiação especial.

No site da SBB , saiba como participar. A inscrição é gratuita! 
 

terça-feira, abril 08, 2008

Dois textos em prosa poética de dois de nossos grandes poetas


GESTO HERÓICO

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Mário Barreto França

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A sineta bateu convocando o colégio, a sala estava cheia, o Diretor egrégio e antigo mestre entrou, ninguém o reparara. Falavam de uma falta grave! Alguém roubara da bolsa de um aluno a clássica merenda e o castigo era grande, uma surra tremenda, vinte varadas. Qual seria o desgraçado que iria suportar o braço desalmado do velho Diretor aplicando o castigo? Talvez fosse um aluno ou um bedel antigo. Havia tanta gente ali, humilde e pobre e a aparência final muita miséria encobre. Enorme burburinho enchia toda classe:

- Silêncio – Brada o mestre – Aqui ninguém mais fala!

- Houve uma falta grave, um roubo, e é oportuno que eu lhes diga claramente que esse tão mau aluno, que cometeu tal erro, há de pagar bem caro, bem caro estão me ouvindo? E o que eu mais reparo é ver que foi debalde o esforço de ensinar-lhes caminho do bem, da retidão, mostrar-vos que se deve vencer por força de vontade e que acima de qualquer febril necessidade se coloca o dever. Mas eu vejo que essas virtudes, não orientam mais as vossas atitudes.

O murmúrio aumentou, todos se entreolharam e numa singular atitude calaram, como para mostrar a força que os fazia, solidários na dor, na culpa ou na rebeldia.

Mas num canto da sala, humilde, magro e pálido, levantou um menino. O seu aspecto esquálido bem claro demonstrava a miséria sem nome que lhe vibrava no olhar, as convulsões da fome e num gesto de quem se vota a um sacrifício, como um santo a sorrir no instante do suplicio confessa:

- Diretor, tinha uma fome cega e por isso roubei o lanche do colega, fiz mal, ninguém tem culpa é verdade o que digo, estou pronto, portanto, a sofrer o castigo.

E seguiu cabisbaixo em direção do estrado em que todo faltoso era sentenciado e o rude diretor lê o código interno:

- O aluno que roubar um lanche ou um caderno, nas costas levará vinte fortes varadas.

E isso dizendo, despe as costas maceradas do pequeno réu, vibra o primeiro açoite, um gemido se ouviu como um grito na noite, outra pancada estala, as pernas do garoto começam a tremer dentro do calção roto e o seu olhar voltado ao azul da imensidade parecia implorar um pouco de piedade e uma onda de horror, de revolta e protesto, brilhava em cada olhar, vibrava em cada gesto.

Nisto um jovem robusto e com porte de rico, levanta-se resoluto e diz:

- Eu vos suplico que permitais senhor que eu sofra o seu castigo, a merenda era minha e ele foi sempre amigo, mas se é lei, que se cumpra a lei.

E sobranceiro seguiu para o lugar do pobre companheiro, tirou o paletó, curvou-se resignado e deixou que o castigo em si fosse aplicado.

Quando a ultima vasgarda estalou como um ai nas costas ensangüentadas do inesperado herói, o pequeno poupado abraçou seu protetor amado, beijou-o humildemente e disse-lhe baixinho, num gesto fraternal e cheio de carinho:

- Foste meu salvador, meu nobre e bom amigo, pois sofreste por mim as dores do castigo, que mereci bem sei, mas não agüentaria, dada a minha profunda e crítica anemia. Fui culpado de tudo e nunca o desejará, suplico-te perdoa a minha ação ignara, eu saberei ser grato ao bem que me fizeste, implorando ao Senhor a proteção celeste, sobre ti e o teu lar, na certeza em que o mundo será em tua vida um roseiral fecundo e onde eu me encontrar exaltarei o estóico e sublime esplendor desse teu gesto heróico. Nós somos neste mundo uns míseros culpados, criminosos, infiéis e cheios de pecado, roubamos nosso irmão, o próximo enganamos, perseguimos o justo e a trânsfuga exaltamos e tudo que é de mau fazemos sem piedade para satisfazer a nossa perversidade. Por isso, o Mestre amigo, que sofreste por mim as dores do castigo, recebe o meu afeto humilde, mas sincero e a minha gratidão profunda, pois te quero exaltar em meu ser e em toda minha vida, nessa consagração de uma alma agradecida, que vê no teu amor e em teu suplício estóico, a glorificação de um sacrifício heróico.



O meu Cristo!

Thiago Rocha

Neste mundo há muitos Cristos, de muitas formas, de várias cores e de vários tamanhos, Cristos inventados, Cristos moldados, Cristos tristes, Cristos desfigurados.
Há Cristos para cada gosto, cada objetivo, cada projeto.
Há o Cristo das belas artes, um motivo como tantos outros para expressar uma forma ou exibir uma escola, pelo próprio homem criada. É o Cristo só para se ver, analisar ou criticar, para exaltar o autor, o seu talento, sua invencionice.
Há o Cristo da literatura, da prosa, do verso, da fama, do estilo famoso, do bestseller. É o Cristo de pretexto, que serve de texto dentro de um contexto, que ajuda o seu autor a faturar mais, ser mais lido e procurado.
Há o Cristo das cantigas, deturpado, maltratado e irreverentemente tratado. Aparece na crista das ondas, estoura nas paradas. É cantado nos salões e circula aos milhões como mercadoria para enriquecer a muitos. É o Cristo de algibeira, fabricado como produto de consumo.
Há até o Cristo do cinema e do teatro, sucesso absoluto de bilheteria. É a expressão da arte moderna fazendo a caricatura do maior personagem da história. É o Cristo musicado, martirizado, encenado. É o Cristo para o espetáculo, para os olhos, para os ouvidos, para o lazer, para a higiene mental.
Há o Cristo do crucifixo, de pedra, de mármore, de madeira, de metal, de ouro e até mesmo de cristal. É o Cristo para a aparência, para o colo da mocinha, para o peito piloso do rapaz excêntrico. É apenas ornamento ou simples decoração, embora, alguns lhe prestem culto, ele não vê, não ouve e não entende.
Há, também, infelizmente, o Cristo de certos cristãos que ainda o tem no túmulo, e ainda conservado na tumba dura e fria. É o Cristo que não vive porque os seus adoradores ainda estão mortos, sem despertar para a vida nova, a vida do próprio Cristo, da qual, ainda, lamentavelmente, não se apossaram.
O meu Cristo não é nenhum desses! O meu Cristo é o Filho de Deus que nasceu, cresceu e sofreu, foi condenado à morte e sepultado por causa dos meus pecados. O meu Cristo não ficou preso na sepultura escura! Ele ressuscitou, subiu ao céu e reina à direita do Pai!
O meu Cristo é cultuado, admirado e adorado porque está vivo e bem vivo! Meu Cristo vive nas parábolas que proferiu! O meu Cristo vive nos ensinos que deixou! O meu Cristo vive nos atos que realizou! O meu Cristo vive nas almas que salvou!

O meu Cristo vive, não tenho dúvidas, porque o meu Cristo vive em mim!

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