Amados leitores, abaixo publicamos quatro poemas de quatro diferentes autores, que tem como tema a mesma passagem bíblica (Salmo 137), e o relato do cativeiro de Israel na Babilônia .
CATIVEIRO
à sombra do Salmo 137
As harpas nos salgueiros
estavam penduradas
e canto não existia
só lágrimas
só sonhos
repletos de alvoradas
esperança pelo Messias
Jerusalém!
eu choro saudades d’ Israel
oh! terra da Promessa
lugar de leite
e mel
o povo estava triste
junto aos rios da Babilónia
cativo
em terra estranha
e quando se assentava lembrando Sião
não podia cantar
qualquer canção
Jerusalém!
Eu choro saudades d’Israel
oh! terra da Promessa
lugar de leite
e mel.
Brissos Lino
O Salmo da Solidão
Junto às torrentes frescas assentados,
cativos, tristes, pobres e humilhados
e sem vislumbre de consolação,
na Babilônia, muita vez choramos
quando, cheios de angústia, nos lembramos
das glórias fascinantes de Sião.
Nossas harpas estavam desprezadas,
nos ramos dos salgueiros penduradas,
mudas, sem vibração, quietas e sós,
porque os soluços da tristeza infinda
e os dolorosos ais de certo ainda
enchiam de temor a nossa voz.
Aqueles que cativos nos levaram
e as nossas tendas logo derrubaram,
sem reparar a nossa humilhação,
para afligir-nos ainda mais, pediam
que cantássemos e eles ouviriam
os salmos e as cantigas de Sião.
Como, porém, podíamos, um dia,
mudar nossa tristeza em alegria
e transformar em riso a nossa dor?
Mas inda assim, exaustos e abatidos,
amamos nossos íntimos gemidos
e, humildes, bendizemos o Senhor.
Jonathas Braga
Do livro A Maravilhosa Luz
Saudade, Op. 137
Alguém nos exilou as liras.
Junto aos canais da Babilónia
trazia o vento familiares
cheiros do país fechado.
Pediam que fossemos ao fundo
dos objectos mais queridos
desarrumar a alegria,
aqueles que nos tinham oprimido
dos nossos soluços queriam
que o cântico de Sião
fosse inventado.
Mas alguém exilou as nossas harpas
desiludidas nos salgueiros,
como tirar das coisas deste mundo
um cântico ao Senhor?
Só o vento se inclinava
sobre as liras penduradas.
João Tomaz Parreira
Cânticos de Sião
Sentados na beira do rio
Da famosa Babilônia,
Os filhos de Israel choravam
Nas longas noites de insônia,
Pois se haviam afastado
Dos estatutos do Senhor,
Roubaram, foram injustos,
Seus corações sem amor!
Ah! As palavras dos profetas
Foram todas esquecidas,
Por isso agora são prisioneiros
Com mãos e almas feridas.
Diziam os babilônios:
“Cantem os cantos de Sião”
Ao vê-los tristonhos, saudosos,
A amassar barro no chão.
Se a sua dor é tão grande
E a saudade é verdadeira,
“Como cantar a canção
Do Eterno em terra estrangeira?”
Como esquecer poderiam
As glórias de Jerusalém
E o que edomitas fizeram
Para arrasá-la também?
Nos salgueiros pendurando
As suas harpas silenciosas
Não as podiam tocar
Com as suas mãos calosas!
A Deus pediam: queremos
Ver Babilônia destruída,
Pegar em cada criança
E dar fim à sua vida!
Hoje, escravos do pecado,
Querendo a libertação,
Temos no Filho de Deus
O caminho p’ra Sião!
Abigail Braga
do livro Cânticos de Sião Volume II
* Abigail Braga é irmã do nosso grande poeta Jonathas Braga