sábado, fevereiro 25, 2012

LIBERDADE PARA OS PÁSSAROS: 10 poemas contra o comércio e o encarceramento de pássaros



Reunindo 10 poemas de Antonio Costta, com edição e arte de Sammis Reachers, este breve opúsculo é uma pequena iniciativa para, através da poesia, estimular a reflexão, denunciando e combatendo o encarceramento de aves e também seu comércio ilegal. 


O encarceramento de aves é um dos poucos absurdos ainda de alguma maneira ‘aceitos’ por nossa sociedade. Culturalmente acostumados, ou melhor, anestesiados, muitos deixam de perceber que isto é algo terrivelmente cruel e sistematicamente desrespeitoso para com os direitos dos animais. É já a hora de proclamarmos um grande basta!

Aprisionar asas: poderia haver um crime maior?

Os poemas e as imagens, bem como esta seleta inteira, se com fins não-comerciais, podem ser livremente republicados e divulgados, sem a necessidade de prévia autorização dos autores.

Compartilhe, imprima, disponibilize a partir de seu blog ou site, presenteie crianças e adultos, utilize em sua escola, distribua para sua lista de e-mails...

Para baixar o e-book, CLIQUE AQUI.
Para ler online no Scribd, CLIQUE AQUI.

Abaixo, dois poemas da obra:


PASSARINHO TRISTE

Pássaro triste, tardo no trinado,
Sequer sem repetir seu repertório,
Por que o teu silêncio de velório,
Nessa gaiola tua, em tom dourado?


Estarás triste ou hás de estar cansado
De tanto canto por ninguém ouvido?
Ou, por tentar o vôo, estás ferido
Das grades onde estás aprisionado?


Quem das aves calou a voz mais bela?
A saudade? Só pode ser por ela,
Que vem do ninho por detrás da serra...


Mas em teus olhos a esperança é certa:
Quando esquecerem a gaiola aberta,
Hás de voar de volta à tua terra!




O HOMEM E O PÁSSARO NA MESMA GAIOLA

Coitado do homem da grande cidade,
Trancado em casa, entre a grade e o portão;
Tal qual passarinho, sem liberdade,
Quase vivendo em igual condição!

Os dois na prisão, cantando saudade,
O homem trancado na sua mansão;
Um por causa da humana crueldade,
E o outro com medo do astuto ladrão!

Coitado do homem, não se dá por conta,
Que a liberdade ele mesmo afronta,
Ao manter o pássaro na prisão...

Na realidade ele está mais preso
Do que o passarinho que vive a esmo,
Sem nunca saber o motivo, a razão!

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Carnaval, poema de J.T.Parreira




Carnaval


Caras para tudo
suportando as máscaras
caras de Entrudo
gastas
pouco a pouco
o siso
retomando as caras
e o tédio, perdido o riso.

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Dois poemas de Junior Della Mea



O Espelho
Mostre-me sua agenda
E lhe mostrarei onde está seu tesouro
Mostre-me suas ações
E lhe mostrarei suas verdades
Mostra-me sua perseverança
E lhe mostrarei seu futuro
Mostra-me suas palavras
E lhe mostrarei seu coração
Mostra-me sua ousadia
E lhe mostrarei seu alcance
Mostra-me seus medos
E lhe mostrarei seus caminhos
Mostra-me sua fé
E lhe mostrarei a grandeza de suas obras
Mostra-me seu amor
E lhe mostrarei o tamanho do seu Deus


Inquieto Clamor
Livra-me de mim mesmo
das correntes que me prendem
das fontes sujas
das palavras torpes
Livra-me das tentações que me ferem
dos traumas que regam minha mente
das feridas e das dores
que acompanham meu acordar
Livra-me de toda máscara
da  religiosidade
das prioridades invertidades
das redes sem peixe
Livra-me das más intenções
dos argumentos banais
das justificativas descabidas
das revelações frias
Livra-me da falta de amor
da falta de compromisso
da falta de sinceridade
da falta de verdade
Livra-me dos caminhos fáceis demais
do evangelho de barganha
dos caminhos sem graça
dos abraços sem calor
Livra-me da fofoca
do olhar julgativo
do coração endurecido
da falta de alegria
Livra-me das antigas acusações
dos versos frívolos
das entonações retundantes
dos falsos sorrisos
Livra-me das ilusões
dos sonhos inalcançáveis
da falta de objetivo
da falta de planos
Livra-me das vãs discussões
da falta de sensibilidade
da falta de liberdade
da falta de ser quem eu realmente sou.

Visite o blog do autor:  http://viverepensar.wordpress.com

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

O Carnaval, poema do Rev. Jerônimo Gueiros




O Carnaval


Carnaval! Empolgante Carnaval! 
Festa vibrante!Festa colossal! 

Festa de todos: de plebeus e nobres, 
Que iguala, nas paixões, ricos e pobres. 
Festa de esquecimento do passado, 
De térreo paraíso simulado... 

Falsa resposta à voz do coração 
De quem não frui de Deus comunhão, 
Festa da carne em gozo desbragado, 
Festa pagã de um povo batizado, 

Festa provinda de nações latinas 
Que se afastaram das lições divinas. 
Ressurreição das velhas bacanais, 
Das torpes lupercais, das saturnais 

Reino de Momo, de comédias cheio, 
De excessos em canções e revolteio, 
De esgares, de licença e hilaridade, 
De instintos animais em liberdade! 

Festa que encerra o culto sedutor 
De Vênus impúdica em seu fulgor. 
Festa malsã, de Cristo a negação, 
Do "Dia do Senhor" profanação. 

Carnaval!Estonteante Carnaval! 
Desenvoltura quase universal! 

Loucura coletiva e transitória, 
Deixa do prazer lembrança inglória, 
Festa querida, do caminho largo, 
De início doce, mas de fim amargo... 

Festa de baile e vinho capitoso, 
Que morde como ofídio venenoso, 
Que tira do homem sério o nobre porte, 
E gera o vício, o crime, a dor e a morte. 

Carnaval!Vitando Carnaval! 
Festa sem Deus!Repúdio da moral! 
Festa de intemperança e gasto insano! 
Trégua assombrosa do pudor humano, 

Que solta a humana besta no seu pasto: 
O sensualismo aberto mais nefasto! 
Festas que volve às danças do selvagem 
E do africano, em fúria, lembra a imagem, 

Que confunde licença e liberdade 
Nos aconchegos da promiscuidade 
Sem lei, sem norma, sem qualquer medida, 
Onde a incauta inocência é seduzida, 

Onde a mulher, às vezes, perde o siso 
E o cavalheiro austero o são juízo; 
Onde formosas damas, pela ruas, 
Exibem, saltitando, as formas suas, 

E no passo convulso e bamboleante, 
Em requebros de dança extravagante, 
Ouvem, no "frevo" , as chufas e os ditados 
Picantes, de homens quase alucinados, 

De foliões audazes, perigosos, 
Alguns embriagados, furiosos! 
Muitos, tirando a máscara, em tais dias, 
Revelam, nessas loucas alegrias, 

A vida que levaram mascarados 
Com a máscara dos homens recatados... 
Carnaval!Perigoso Carnaval! 
Que grande festa e que tremendo mal! 

Brasil gigante, atenção! Atenção! 
O Carnaval é festa de pagão! 
Repele-o! Que te traz só dor e morte! 
Repele-o! E inspira em Deus a tua sorte. 



Fonte: Blog O Temporas, O Mores!
via http://www.monergismo.com

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Entrevista para o Selmo Vasconcellos

Selmo Vasconcellos é escritor, poeta, antologista e ativista cultural. Ele mantém a página literária semanal intitulada LÍTERO CULTURAL no jornal Alto Madeira, de Porto Velho, RO,  desde 1991. Conheço o Selmo desde antes de minha conversão, quando mantinha correspondência literária com ele e vários outros promotores culturais por esse Brasil à fora. Selmo também mantém um blog dedicado a entrevistar escritores, poetas, editores, pintores e artistas em geral, a Antologia Poética Momento Lítero Cultural. Até o momento, já foram 387(!) entrevistados. Tive a honra e o privilégio de conceder uma entrevista ao amigo Selmo, entrevista esta que republico abaixo.


Sammis Reachers é poeta e antologista. Tem 33 anos (Niterói, 09/05/1978) e reside em São Gonçalo, RJ. 
Autor conhecido no meio alternativo brasileiro, começou a publicar na adolescência, em jornais culturais, fanzines e alternativos, quando editava o fanzine Cardio-Poesia. Possui poemas publicados em antologias e sites literários. Autor de três livros e organizador de seis antologias. Ganhou o Prêmio Capital Nacional (categoria Poeta), ofertado pelo jornal O Capital, de Ilma Fontes, no ano de 2005. No mesmo ano, a vida de Sammis sofreu uma reviravolta: o antes ateu e anarquista se converteu ao Evangelho. Hoje Sammis publica e promove a poesia cristã/evangélica, através de blogs, redes sociais e livros.

ENTREVISTA

SELMO VASCONCELLOS - Quais as suas outras atividades, além de escrever? 

Sou o que se poderia chamar de um editor, pois já organizei diversas antologias, e alguns livros, dentre os quais dois pequenos e-books com a poesia do grande poeta lusitano J.T.Parreira. Editor também pelos blogs, como o Poesia Evangélica, que existe desde 2006 e é dedicado a divulgar a produção dos autores evangélicos de ontem e de hoje. Nestes anos, já são mais de 280 autores ali publicados. Edito ainda os blogs Liricoletivo (um blog colaborativo de poetas evangélicos) e Mar Ocidental, este mais ‘secular’, onde divulgo alta poesia, traduções, ensaios, crítica, resenhas, etc. Escrevo no O Poema Sem Fim, que é um blog/projeto de obra em aberto, também um tanto experimental em sua proposta. Além dos blogs literários que edito, mantenho/colaboro em diversos outros blogs com o intuito de compartilhar boas informações, principalmente entre os cristãos evangélicos. Gosto também de fotografar, embora seja apenas um aprendiz de amador.


SELMO VASCONCELLOS – Como surgiu seu interesse literário?



Meu pai sempre teve uma certa quantidade de livros. Estavam-me sempre à mão, e em criança eu folheava aqueles volumes, aqueles títulos que eu não entendia, e me indagava sobre o que todos aqueles livros falavam. Aquilo era um ruído constante para minha paz... Com o tempo, passei a devorar as enciclopédias da casa, e a fome de saber detonou(-me). Em pouco tempo queria ler aqueles homens de quem falavam as enciclopédias de meu pai, queria ler as milhares de páginas de Proust, queria ser Alexander Von Humboldt... Queria descobrir coisas como Volta e queria ser um tal de Byron. Tudo era pretexto para a criança ler: querendo ser um arqueólogo como Indiana Jones, lia tudo de história que encontrava; querendo ser um cientista como os dos desenhos animados, lia tudo de ciência. O que não sabia, perguntava a meu pai. Até que chegou o dia em que ele começou a responder: ‘isso, filho, eu não sei’. E aí, após o primeiro susto (pois poderia existir algo que meu pai não soubesse?), eu vi que a biblioteca da casa ficara pequena, e eu precisaria de mais e mais livros, mais e mais informação para saber tudo que queria, para conhecer todos aqueles e aquilo de que as enciclopédias traçavam o breve retrato. E muita leitura acaba puxando a escrita...
Já escrevia na infância pequenos contos, ficções científicas.
Poesia comecei a escrever na adolescência, numa fase de revolta, depressão e mesmo algum niilismo, influenciado pelo veneno de Nietzsche e companhia, e audições de rock’n roll. Passei por grandes transformações, de ateu para cristão! Cheguei a pensar em parar de escrever. Pois isso tudo representou uma grande batalha mental, existencial, difícil até de verbalizar. Havia aprendido a desprezar o cristianismo, por não conhecê-lo em sua essência, em seu viés bíblico, verdadeiro. Minha busca por conhecimento era nada mais nada menos que a simples busca por Sentido. Mas um dia encontrei no Cristo que havia renegado o Sentido que buscava desesperadamente em livros e livros, em religiões de todo o globo, em filósofos de toda a monta... Na época não conhecia as maravilhosas apresentações do cristianismo feitas por autores como C.S.Lewis (de As Crônicas de Nárnia) e o recentemente falecido John Stott, além da apologia de um William Lane Craig (que já botou no bolso, ou pra correr, ninguém menos que Richard Dawkins), por exemplo (autores que recomendo a seus leitores). Mas enfim, continuei e continuo a escrever, e como dito acima, acabei me tornando um promotor da literatura, ofício que aprendi ainda jovem com pessoas como você, Eduardo Waack, Ilma Fontes, Rosemary Lopes Pereira, Touché...


SELMO VASCONCELLOS – Quantos e quais os seus livros publicados ? 



De minha autoria já publiquei (sempre em formato de e-book) A Blindagem Azul e Uma Abertura Na Noite (poesia). Selmo, depois de muitos anos estou retomando a velha veia experimental com o lançamento de meu mais novo livro, CONTÉM: ARMAS PESADAS - Ode à Alteridade.  Mas de que se trata, com título e subtítulo já tão (ou tão pouco) sutis? Esta é uma história de ação? Sim, um talvez épico sujo. Pois há muito de triller cinematográfico aqui, nesta ficção poética, belicosa história de amor, de perdições e redenções. O discurso poético praticado é experimental: fragmentário, interativo. É um livro para ser lido online, um exercício amplo de hipertexto ou hiperliteratura, um livro que entre as interatividades propostas chega a possuir capítulos secretos (como fases bônus num jogo de videogame). Mas quanto ao teor e o conteúdo total dos experimentalismos, você precisará ler o texto para descobrir. E há muito a ser descoberto. Vocês podem ler mais sobre o livro, e o livro em si, clicando AQUI.
Tenho em gestação ainda um volume reunindo inéditos e poemas esparsos publicados na internet, este para impressão, aguardando finalização na gaveta.
Organizei também diversas antologias: Antologia de Poesia Cristã em Língua Portuguesa (mais de 80 autores de Portugal, Brasil e África, de Camões até aqui); 3 Irmãos Antologia (com poemas de Joanyr de Oliveira, Gióia Júnior e J.T.Parreira); ÁGUAS VIVAS 1 e 2 (antologia de poetas evangélicos contemporâneos); Antologia de Poesia Missionária; e ainda SABEDORIA: Breve Manual do Usuário(uma antologia de frases e citações). Todos os livros citados estão disponíveis para download gratuito (basta clicar sobre os títulos). Disponibilizo tudo pois acredito na democratização maciça do Conhecimento, pois amei o conhecimento um dia, e sei bem o que é querer e não ter condições de acesso ao ser amado. Tudo o que escrevo, todo o meu trabalho está aí, gratuito. Graças a Deus por isso. Baixem, leiam, compartilhem!


SELMO VASCONCELLOS – Qual (is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir poesias ?



Escrevi em certo trecho de meu blog-poema O Poema Sem Fim, que ‘a Dor é o evento fundacional de toda a Poesia. As flores vieram depois’. E assim é. Portanto, escrevo não apenas, mas melhor, quando dói. Mas quanto ao tempo, a todo momento pode me sobrevir um verso, uma ideia: ando sempre com minha pequena caderneta, pois já perdi muita coisa no turbilhão mental, sem ter como registrar.


SELMO VASCONCELLOS – Quais os escritores que você admira ?



Admiro dezenas de poetas grandes e pequenos, não caberia citar tantos aqui. Gosto muito da poesia épica. Admiro a Literatura, como ente maior, como hipercriação coletiva humana. Filhote de enciclopédias, leio de tudo, e em tudo há algo que se pode salvar. Ou nos perder...
De todos os escritores, aprecio sobremaneira Jorge Luis Borges, pelo sonho, pelo amálgama literalmente alquímico que ele alcançou, de concisão, precisão, ilusão, pelos temas fantásticos, pela vertente de erudição que ele trilhou (transitando das Highlands escocesas à Pérsia, da Islândia ao Industão...). 


SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas?



A mesma mensagem que, imagino, a grande maioria de seus entrevistados deu, o conselho inescapável: leia, leia, leia. A internet revolucionou a cultura, ao levar praticamente toda a cultura humana, de um só golpe, a todo lugar. Acabei de ler a Divina Comédia somente pelo celular, nos momentos vagos no trabalho, nas ruas. E vou retomar O Paraíso Perdido, de Milton. Isso é apenas um exemplo. Se leio um texto de um erudito como Umberto Eco, posso consultar a todo momento a Wikipédia para saber quem são os nomes citados, posso ver em tempo real cada pintura, cada obra de arte citada, apenas com uma busca no Google. Há vinte anos isso era impensável. Isso é uma revolução assustadora, e muitos estão tão anestesiados por ela que nem a percebem mais. Posso avançar dez anos em menos de um. A faca e queijo estão 24 horas por dia em minhas mãos.
Leia os mestres, os mestres da poesia e também da prosa. Leia os clássicos. Leia os revolucionários, os experimentais. A Poesia que não se renova engorda e soçobra no lago estagnado das Letras. Não seja você um cadáver no fundo do lago. Saiba de filosofia, pois sem ideias e conceitos, a Poesia está fadada a falar de flores e de amores baratos. Consuma e seja consumido pelas artes plásticas; assista a bom cinema, a ‘filmes cabeça’, por mais insuportáveis que lhe pareçam no início. A poesia explodirá deles, diante de seus olhos, a qualquer inesperado momento.


POEMAS


Poietiké

Se a poesia é faca e é forca
a poesia também é mortalha
é a plúmbea bala que estraçalha
o coração sol-crispado de Lorca
é a flor que ofende e enfurece o canalha...

Ela incorporou o feio ao discurso,
a poesia é Lírica e também é Porca
linda deusa que hoje admite a falha

É algo inútil, é uma Vida, é um monte de tralha
é uma dose de palavras que na goela do papel
o poeta emborca

é banco de areia onde - cansado do oceano -
um desesperado encalha.


Carta aos Derrotados

Aos derrotados de todas as idades, tempos e lugares:
Jesus já venceu por nós

Aos que escrevem poemas de amor
na língua morta
de um país que já não existe:
Continuemos Poesia contra os muros,
Jesus já venceu por nós

Aos mutilados e deixados pra morrer
em Waterloo e Stalingrado,
Roraima e São Paulo, na próxima esquina,
nos porões das (in)direitas ditaduras
ou nas sibérias comunistas,
no miolo efervescente da multidão
ou nos últimos últimos últimos bancos
das Igrejas:
Olhemos para o alto,
Jesus já venceu por nós

Aos apunhalados enquanto dormiam
por um dos cem milhões
de Judas que Satanás
comissionou e infiltrou
nos mais improváveis meios, famílias e lugares:
Perdoemos,
Jesus já venceu por nós

Aos que sempre ou apenas
numa única hora errada
(apenas)
deram as costas:
Ele é o nosso Grande Perdão
pois Filho do único Onibenevolente;
Jesus já venceu por nós

Aos que nas malfadadas todas
as tantas e tantas e tantas vezes
roubaram e estupraram,
mentiram e abusaram,
traíram e assassinaram;
àqueles e àquelas prostituídos e travestidos,
aos viciados em substâncias, jogos ou pessoas,
aos cães de todas as estirpes,
aos extirpados, a todo aquele
que habita e palmeia
o fundo frio do poço:
Arrependamo-nos, arrependamo-nos, arrependamo-nos
e creiamos:

Em Cristo Jesus somos mais que vencedores.



Águia D'Aurora

A fumaça que sobe de minha choupana incendiada
Tece uma cicatriz na aurora
Me perdoe, mas incendeio baús de passados e amarras
Para voar livre para Ti, Amanhecer

A criança em mim (meu lastro e terna antítese)
apertou o Botão de Alarme
Da minha vida
E esse barulho, como um ranger de trilhos
É meu coração que explode

Meu tempo finda e
Eu aposto
todas as minhas fichas,
Todos os meus ossos
Em Ti

Escapei ainda ontem
Da vila de Maquiavel-dos-Mortos:
- Oh Cristo, eu vim
Em busca de tua Engenharia de Revolução

Diploma-me

Mata-me

Ressuscita-me
Ressuscita-me

Ressuscita-me


Uma Rosa para Kierkegaard

Eu trago uma rosa para Kierkegaard


Kierkegaard que não viu Hiroshima


Que, vista, 

Explodiria com ela


E deixaria um apócrifo

Contra a América cristã


Eu trago uma rosa em nome de Cristo e
Quero encontrar-te
Senhor Soren
Quero nomear meu filho assim, Soren

Teu semblante triste eu trago do berço,
Quero teu ímpeto libertário
Para denunciar nossas incongruências
Nossos nadas (trans)feitos doutrina, 
Adaptação e contentamento

Eu quero teus saltos
Pois tenho asas e um teto
Que me prende de usá-las
(e um mundo a alcançar para Cristo)

Ah, Soren, com o perdão da truculência
Quero dar uma banda
No coro dos contentes
E deitar todos de pernas
Para o ar

-Quem sabe, de um 
Outro ângulo,
Finalmente não enxergam 
Os não alcançados?


Trago uma rosa para ti, para mim
- Para a multidão de nós

e laços -

Oxalá a realize


Paz Verde

Criança amiga do sol,
sozinha no mato,
feita soldado do verde
sob as insígnias dos girassóis...

Corre, vigia, ri,
exulta
(seu corpo é
nau anil alada
por 7.000 asas)
nos campos criados por Cristo.

Sua avó lhe instruiu em todo o Evangelho
e sua imaginação hoje voa, só porque o pastor lhe disse:
"O melhor de Deus ainda está por vir."

Seu sorriso e inocência são uma afronta,
eles bradam ao mundo e seu Satã,
num silêncio de supereloquências:
"Consumam vocês suas ba(le)las e logros. 
EU NÃO ESTOU SOB O JUGO DO SEU JOGO."


Corre, criança verde de sol.

Atente e veja:
um fim
sempre tem lado avesso.
Ou seja:
um fim
nunca deixa de ser um começo.

Materializando

Um tropeço:
o que pro teu pé
é impedimento
pro resto da carcaça
é arremesso

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